Aproveitamos esse momento onde discutiremos o modelo orgânico de gestão, a necessidade de reorganização nas instituições, o estímulo à criatividade e à inovação, que determinam o acompanhamento das organizações diante das mudanças rápidas.
Podemos considerar que a maior parte das organizações foi estruturada em um tempo de estabilidade e permanência. Porém, agora, estamos em um período de informatização e de globalização no qual a instabilidade ambiental coloca em cheque os modelos tradicionais de gestão.
Modelo orgânico de gestão
Segundo Chiavenato (2004), neste tempo de mudanças, no qual a instabilidade e a imprevisibilidade estão presentes, o modelo orgânico de gestão é o modelo mais indicado, é capaz de enfrentar um ambiente fluído e mutável. As principais características do modelo orgânico de gestão podem ser assim determinadas (CHIAVENATO, 2004):
Redução dos níveis hierárquicos;
Descentralização nas ações e tomadas de decisão;
Autocontrole e autodireção do desempenho das próprias pessoas;
Cargos mutáveis e constantemente redefinidos pelos próprios indivíduos atuantes na instituição;
Tarefas mais complexas e diferenciadas;
Ações realizadas em equipe e não mais individualizadas;
Interação constante para busca da eficácia.
Enfim, trata-se de um modelo dinâmico e inovador na busca de flexibilidade e adaptação ao mundo exterior.
Necessidade de reorganizações nas instituições de saúde
Diante deste modelo orgânico, as instituições de saúde passam pela necessidade de reorganização, na qual muitas ações e determinações tiveram que se readaptar.
A organização do trabalho teve que ser alterada, o profissional atuante na área deixou de ser o centro das atenções e passou a fazer parte de uma equipe multiprofissional na qual diferentes áreas do conhecimento se complementam entre si. Esta reorganização tornou o trabalho institucional mais flexível, inovador e ágil. Sob esta nova condição de trabalho, os profissionais deixaram de ser um recurso produtivo ou mero agente passivo, para se tornarem agentes ativos e proativos do processo de atenção à saúde nas instituições (CHIAVENATO, 2004).
O processo criativo e inovador
Também podemos considerar que o processo criativo e inovador faz parte deste novo modelo de gestão no qual a criatividade encontra-se na base de tudo. Drucker (2001) acrescenta que o processo de criatividade está diretamente relacionado ao processo de engenhosidade, à imaginação para proporcionar a nova ideia, à diferente abordagem ou uma nova solução para determinado problema.
Concordamos que o gestor deve possuir a habilidade de encorajar a criatividade das pessoas que trabalham nas instituições, e deve aprender a tolerar erros advindos desta criatividade. A inovação requer criatividade. Inovação é o processo de criar novas ideias e colocá-las em prática (CHIAVENATO, 2004). Podemos considerar que o processo inovador é capaz de gerar o seguinte impacto: A criatividade, que é a geração de ideias novas e criativas, antecede a inovação, que é a aplicação de novas ideias para criar. A inovação pode gerar inúmeras coisas, como por exemplo:
Uma nova empresa;
Um novo produto;
Um novo serviço;
Um novo processo;
Um novo método de trabalho.
Diante deste contexto, devemos lembrar que tudo o que estamos falando até aqui faz parte de uma complexidade de direcionamentos e ações que interligados e integrados constituem o processo de gestão ideal em saúde.
Gestão do tempo
A gestão do tempo é um aspecto essencial na área da saúde, pois impacta diretamente a eficiência do atendimento e a qualidade do serviço prestado aos pacientes. Gerenciar bem o tempo é fundamental para garantir que os pacientes recebam o cuidado necessário em tempo hábil e para ajudar a evitar o esgotamento dos profissionais de saúde. Vejamos algumas situações de exemplo em diferentes espaços da saúde:
Emergência: Em um departamento de emergência, os médicos e enfermeiros devem avaliar rapidamente a gravidade das condições dos pacientes e priorizar o atendimento com base nessa avaliação. Um gerenciamento de tempo eficiente nesse cenário é crucial para salvar vidas e garantir que os pacientes recebam o tratamento necessário o mais rápido possível.
Clínicas e consultórios: Em clínicas e consultórios médicos, uma boa gestão do tempo pode reduzir a espera dos pacientes e melhorar a satisfação do atendimento. Isso envolve agendar consultas adequadamente, organizar prontuários e informações dos pacientes de forma eficiente e estar preparado para lidar com imprevistos, como cancelamentos ou atrasos.
Ambiente hospitalar: No contexto hospitalar, a gestão do tempo é essencial para coordenar o cuidado dos pacientes internados e garantir que os recursos, como leitos e equipamentos médicos, estejam disponíveis quando necessário. Isso inclui a comunicação eficiente entre os profissionais, a realização de procedimentos médicos de acordo com um cronograma e a organização de turnos e plantões para que os pacientes sempre tenham acesso a cuidados de qualidade.
Laboratórios e diagnóstico: Em laboratórios de análises clínicas e centros de diagnóstico por imagem, é importante que os profissionais gerenciem adequadamente seu tempo para processar e analisar os exames, garantindo que os resultados sejam entregues aos médicos e pacientes o mais rápido possível, sem comprometer a qualidade e a precisão.
Cuidados domiciliares: Os profissionais de saúde que prestam cuidados em domicílio também devem gerenciar seu tempo de forma eficiente, garantindo que consigam atender a todos os pacientes em suas casas, equilibrando as necessidades de cada um e evitando atrasos ou deslocamentos desnecessários.
Priorização de tarefas
A priorização de tarefas é um componente essencial na área da saúde, seja para profissionais que trabalham em equipe ou individualmente. A capacidade de identificar e focar nas tarefas mais importantes e urgentes garante que os recursos sejam alocados de forma eficiente e que os pacientes recebam a assistência adequada no tempo certo.
A importância de priorizar tarefas se manifesta de várias maneiras, incluindo:
Melhoria na qualidade do atendimento: Ao priorizar tarefas, os profissionais de saúde podem garantir que os pacientes recebam a atenção necessária em tempo hábil, melhorando o cuidado e reduzindo potenciais riscos à saúde.
Redução do estresse no ambiente de trabalho: Ao lidar com situações de alta pressão e emergências, a priorização permite que os profissionais de saúde se concentrem em resolver problemas críticos e evitem sentir-se sobrecarregados.
Uso eficiente de recursos: A priorização garante que os recursos, como leitos hospitalares, equipamentos e pessoal, sejam utilizados de forma eficiente e não sejam desperdiçados ou alocados inadequadamente.
Algumas estratégias para priorizar tarefas incluem:
Método Eisenhower: Esta abordagem envolve categorizar tarefas com base em sua urgência e importância. As tarefas são divididas em quatro categorias: importante e urgente, importante e não urgente, não importante e urgente e não importante e não urgente. Isso permite que os profissionais de saúde concentrem-se primeiro nas tarefas importantes e urgentes.
Técnica de priorização ABC: Nesta técnica, as tarefas são classificadas com base em sua importância. A categoria A inclui tarefas de alta prioridade, a categoria B inclui tarefas de média prioridade e a categoria C inclui tarefas de baixa prioridade. Isso permite que os profissionais de saúde se concentrem nas tarefas de alta prioridade antes de passar para tarefas de menor importância.
Estabelecer metas SMART: Criar metas específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e baseadas no tempo (SMART) pode ajudar os profissionais de saúde a identificar e priorizar tarefas com base em sua relevância e viabilidade.
Delegação de tarefas: Em uma equipe, é crucial que os líderes e membros deleguem tarefas de acordo com as habilidades e competências de cada profissional, garantindo que todos trabalhem de forma eficiente e contribuam para o atendimento adequado aos pacientes.
Segundo Drucker (2001), o conflito pode apresentar-se como um processo dinâmico, no qual as partes se influenciam mutuamente. As condições antecedentes criam as condições para a ocorrência dos conflitos. Uma das partes percebe que há possibilidade de conflito em potencial e passa a desenvolver sentimentos de conflito em relação à outra pessoa. Em seguida, a outra pessoa envolvida se engaja na situação de conflito. Uma das partes se engaja em uma forma de defesa, e a outra produz algum tipo de defesa, também. A partir das reações pode haver a resolução do conflito ou uma intensificação do mesmo. Em caso de intensificação, há necessidade de intervenção do gestor para que a situação não se agrave e não prejudique o andamento do trabalho.
A atuação do gestor diante de um conflito
Diante da intensificação do conflito, o gestor pode utilizar três abordagens para administrá-lo:
Abordagem estrutural: o conflito surge pela percepção diferenciada de condições. O gestor pode reduzir a diferenciação entre os grupos, interferir com recursos compartilhados ou reduzir a interdependência;
Abordagem de processo: a intervenção acontece através da alteração do processo, isto é, uma intervenção no episódio que desencadeou o conflito. O gestor pode desativar o conflito, confrontando as partes conflitantes ou partindo para a colaboração, no qual as duas partes devem juntas encontrar a solução;
Abordagem mista: é a gestão do conflito tanto nos aspectos estruturais como no processo.
Efeitos do conflito
A tentativa de gerir o conflito e amenizá-lo está diretamente relacionada à prevenção dos efeitos destes conflitos. Os efeitos podem ser de ordem positiva ou negativa, quando forem positivas, o processo de atuação nas instituições não é afetado, muito pelo contrário, desperta a vontade de produção, criatividade e inovação por parte dos envolvidos.
Porém, se os efeitos forem negativos, o trabalho nas instituições fica prejudicado e isto implica no bloqueio tanto no desempenho das tarefas quanto na diminuição do bem-estar dos envolvidos.
Gestão de conflitos ou gestão de (grandes) egos?
Cada vez mais me convenço de que o mais difícil não é gerir os serviços, mas sim gerir as pessoas e os seus grandes egos. Incutir o valor do trabalho, a importância do trabalho em equipe, isso sim, é difícil. Fazê-los perceber que o seu trabalho só faz sentido quando inserido num todo maior que deve estar em sintonia com o trabalho dos outros colegas. Que todas as partes são essenciais para o bom funcionamento do todo, como qualquer organismo que só está bem quando todos os seus órgãos funcionam em harmonia.
Numa biblioteca passa-se exatamente o mesmo. O tratamento documental e o atendimento ao público são tão importantes quanto as atividades de animação da leitura, são partes de um mesmo todo. Isolados pouco valem, mas quando combinados adquirem outra força. A biblioteca não pode viver apenas centrada no seu fundo documental, tem de complementá-lo com outros serviços que deem resposta aos crescentes anseios dos seus utilizadores. Por sua vez, a animação não pode viver desligada do resto dos serviços da biblioteca, pois deverá servir para divulgar a coleção da biblioteca, atrair novos públicos e promover a leitura e a literacia. Se se limitar a existir por si só, desligada dos restantes serviços, perde a sua pertinência, a razão da sua existência.
O curioso é que, na maioria dos casos, as pessoas tendem a fechar-se no seu mundo, a centrarem-se apenas nas “suas” tarefas, sem se importarem em compreender e participar nas tarefas “dos outros”.
Os técnicos de biblioteca sentem-se menosprezados em relação aos animadores culturais, por considerarem que o seu trabalho não é tão visível; os animadores gostam de chamar a si os louros das atividades porque são eles que dão a cara durante as atividades, esquecendo-se que estas foram também preparadas pelos restantes colegas que contribuíram com muito trabalho de bastidores para o sucesso das mesmas. O dia da atividade é apenas o culminar do trabalho de toda uma equipe que deverá ver o seu esforço devidamente reconhecido, e não apenas o do animador.
Tento envolver e dar igual visibilidade a todos os funcionários, até para combater a tendência que algumas pessoas têm em querer chamar a si todo o protagonismo e apropriar-se do mérito do trabalho dos colegas. Mas é muito difícil, por vezes, até frustrante, quando mesmo os que se queixam de não estar a ver o seu trabalho reconhecido insistem em continuar na sombra e não se chegam à frente quando lhes é dada a oportunidade de darem a cara pela atividade que ajudaram a desenvolver. Assim é difícil! Como os conflitos são indesejados, mas comuns, o gestor deve ter a habilidade de contorná-los e solucioná-los para que sua gestão ocorra da forma planejada.
Negociação
Negociação é um processo de comunicação pelo qual duas ou mais partes tentam chegar a um acordo ou resolver diferenças, equilibrando os interesses e necessidades de cada um. A negociação é uma habilidade essencial para a resolução de conflitos e a tomada de decisões eficaz em todos os setores, incluindo a área da saúde.
A importância da negociação na área da saúde reside no fato de que os profissionais de saúde estão constantemente trabalhando em ambientes desafiadores, com alto estresse e pressão, onde a cooperação e a comunicação eficaz são cruciais. Negociações bem-sucedidas podem levar a melhores relações de trabalho, decisões clínicas mais eficazes e, em última análise, a melhores resultados para os pacientes.
Todos os profissionais da área da saúde, não apenas as chefias, devem saber negociar. Médicos, enfermeiros, técnicos e administradores, todos têm um papel importante na negociação de recursos, no estabelecimento de prioridades e na tomada de decisões que afetam o atendimento ao paciente e o funcionamento das instituições de saúde. Quando todos os membros da equipe são proficientes em negociação, eles são capazes de trabalhar juntos de forma mais eficiente e eficaz, minimizando conflitos e promovendo um ambiente de trabalho mais harmonioso e produtivo.
Resolução de conflitos
A resolução de conflitos é o processo pelo qual duas ou mais partes envolvidas em um desentendimento ou divergência trabalham em conjunto para encontrar uma solução mutuamente aceitável. Envolve a identificação do problema, comunicação aberta, empatia, negociação e compromisso. A resolução de conflitos é uma habilidade crucial em qualquer ambiente de trabalho, incluindo a área da saúde.
A importância da resolução de conflitos para o clima organizacional na área da saúde é significativa, já que o setor da saúde é caracterizado por alto estresse, pressão e dinâmicas complexas entre profissionais de diferentes especialidades e hierarquias. Um ambiente de trabalho onde os conflitos são tratados de maneira eficaz e rápida promove uma atmosfera mais harmoniosa e colaborativa. Isso, por sua vez, pode resultar em:
Maior satisfação e bem-estar dos funcionários: um clima organizacional saudável reduz o estresse e aumenta a satisfação no trabalho, o que pode levar a uma maior retenção de funcionários e melhor saúde mental dos profissionais.
Melhor comunicação e cooperação entre as equipes: a resolução eficaz de conflitos facilita a comunicação aberta e a cooperação entre os membros da equipe, o que é crucial para a coordenação e a prestação de cuidados de saúde de qualidade.
Mais eficiência e produtividade: um clima organizacional positivo e a resolução de conflitos bem-sucedida podem aumentar a produtividade, já que os funcionários se sentem mais motivados e engajados em seu trabalho.
Melhor atendimento ao paciente: quando os profissionais de saúde trabalham em um ambiente colaborativo e livre de conflitos, eles podem se concentrar melhor em fornecer cuidados de alta qualidade aos pacientes, o que pode resultar em melhores resultados de saúde e maior satisfação do paciente.
Cultura organizacional
Cultura organizacional é o conjunto de crenças, valores, normas, comportamentos, práticas e tradições compartilhadas pelos membros de uma organização. Essa cultura influencia a forma como os colaboradores interagem entre si, tomam decisões e abordam seu trabalho. É um aspecto fundamental na definição da identidade e do ambiente de trabalho de uma organização.
A importância da cultura organizacional na área da saúde é inegável, pois ela afeta diretamente a qualidade do atendimento, a satisfação dos pacientes e a eficiência dos processos. Algumas razões pelas quais a cultura organizacional é crucial na área da saúde incluem:
Comunicação eficiente: Uma cultura organizacional saudável promove a comunicação aberta e transparente entre os membros da equipe. Isso é vital na área da saúde, onde a troca de informações corretas e oportunas é essencial para garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes.
Trabalho em equipe: A cultura organizacional pode incentivar a colaboração e o trabalho em equipe entre os profissionais de saúde, o que é especialmente importante em um ambiente multidisciplinar. Equipes coesas e colaborativas são mais propensas a tomar decisões acertadas e proporcionar um atendimento de alta qualidade aos pacientes.
Retenção e engajamento de talentos: Uma cultura organizacional positiva e inclusiva ajuda a atrair e reter profissionais talentosos, que se sentem valorizados e motivados a contribuir para o sucesso da organização. Isso é particularmente importante na área da saúde, onde a demanda por profissionais qualificados é alta e a rotatividade pode afetar negativamente a qualidade do atendimento.
Adaptação a mudanças: A área da saúde está em constante evolução, com novas tecnologias, tratamentos e abordagens sendo desenvolvidas regularmente. Uma cultura organizacional que promova a inovação e a adaptação facilita a implementação dessas mudanças e ajuda a manter a organização na vanguarda dos avanços médicos.
Satisfação do paciente: A cultura organizacional tem um impacto direto na experiência do paciente. Organizações com culturas positivas e centradas no paciente tendem a fornecer cuidados de maior qualidade, levando a melhores resultados e maior satisfação dos pacientes.
Gestão de mudança
A gestão de mudança é um processo estruturado que visa orientar e apoiar indivíduos, equipes e organizações na adaptação a novas situações, práticas ou tecnologias. Envolve o planejamento, a execução e o monitoramento das mudanças necessárias para alcançar os objetivos estabelecidos e garantir que os benefícios sejam sustentáveis a longo prazo.
Na área da saúde, a gestão de mudança é especialmente importante devido à natureza dinâmica e em constante evolução do setor. As mudanças podem ocorrer em várias frentes, como avanços tecnológicos, mudanças regulatórias, atualizações de protocolos e práticas, ou mesmo mudanças no ambiente organizacional e na força de trabalho. A gestão de mudança na saúde é essencial para garantir a segurança e a qualidade do atendimento aos pacientes, melhorar a eficiência operacional, promover a colaboração entre equipes multidisciplinares e manter a organização alinhada com as práticas e expectativas atuais.
Lidar com a gestão de mudança na área da saúde também significa apoiar os profissionais de saúde na adaptação a essas mudanças, proporcionando treinamento, recursos e suporte emocional necessários para enfrentar novos desafios e incertezas. Além disso, uma gestão eficaz da mudança garante que os profissionais de saúde estejam atualizados com as inovações e melhores práticas, melhorando a qualidade do atendimento ao paciente e a satisfação geral dos profissionais.
A gestão de recursos materiais e financeiros, próprios da atividade de gestão em saúde, são complexos e bastante específicos, portanto, o gestor deve agregar para sua equipe de trabalho, profissionais com conhecimento aprofundado para que sua gestão tenha a qualidade desejada.
Gestão de recursos materiais
O objetivo básico da administração de materiais consiste em colocar os recursos necessários ao processo produtivo com qualidade, em quantidades adequadas, no tempo correto e com o menor custo.
Materiais são produtos que podem ser armazenados ou que serão consumidos imediatamente após a sua chegada. Baseando-se nesse conceito, estão excluídos os materiais considerados permanentes, como equipamentos médico-hospitalares, mobiliário, veículos e semelhantes, e incluídos, portanto, os demais produtos, como medicamentos, alimentos, material de escritório, de limpeza, de conservação e reparos, de uso cirúrgico, de radiologia, de laboratório, reagentes químicos, vidraria e outros.
Para Vecina e Reinhardt (1998, p. 1) "os medicamentos, que costumam receber um tratamento diferenciado devido a sua importância estratégica para as ações de saúde, serão considerados como um grupo de materiais, uma vez que essa diferenciação não garante um gerenciamento satisfatório se comparado com os demais grupos de materiais".
Podemos considerar que a gestão de materiais tem por finalidade assegurar o contínuo abastecimento dos materiais necessários e capazes de atender à demanda, bem como cuidar de todos os problemas relacionados a materiais, fiscalizando, zelando e controlando no sentido de garantir quantidade no abastecimento e padrão no atendimento (FRANCISCHINI; GURGEL, 2002).
Diante disto, este processo passa por diversas etapas extremamente complexas, são elas:
Ciclo de compras;
Controle de distribuidores;
Controle de preços;
Qualidade em função do uso;
Compras centralizadas e profissionalizadas;
Burocracia necessária para compras;
Consignação/comodatos.
Gestão de recursos financeiros
Como qualquer empresa produtora de bens ou serviços, um prestador de serviços de saúde, público ou privado, pode ser visto como uma entidade transformadora de recursos: ela utiliza os recursos físicos, humanos e tecnológicos de que dispõe (ou que obtém) para produzir serviços de saúde que, por sua vez, são entregues à população, seja gratuitamente ou com pagamento.
A maioria dos serviços, os de saúde em particular, tem como peculiaridade o fato de que sua produção não pode ser dissociada do seu consumo: o serviço de saúde só se concretiza, só existe, no momento em que é entregue ao usuário ou cliente. Ao contrário de um bem físico, ele não pode ser estocado para venda ou consumo posterior.
Porém, à parte essa característica, os serviços de saúde podem ser vistos como qualquer outro serviço ou bem: são produzidos pela utilização de insumos (ou recursos ou “matérias-primas”) e entregues a um destinatário individual (o paciente) ou coletivo (a comunidade). Em outras palavras, no processo de produção de serviços de saúde “entram” insumos e “sai” um produto final, o serviço de saúde propriamente dito (COUTTOLENC; ZUCCHI, 1998).
A gestão de finanças garante a saúde financeira da clínica e evita surpresas desagradáveis ao fim do mês. A primeira dica sobre gestão financeira é separar as contas pessoais e as contas da clínica. A segunda é registrar todas as entradas e saídas no caixa, não apenas em dinheiro físico, mas também na conta. Se você fizer esse registro em um sistema de gestão ele gera automaticamente um fluxo de caixa, e você consegue analisar qual o dia do mês com mais contas a pagar e assim remanejar o caixa para não ficar no vermelho.
Refletir a respeito da gestão em saúde dentro dos aspectos de planejamento e política na atualidade, é um grande desafio. As diversas mudanças pelas quais esse setor tem passado, traduzem algumas lacunas encontradas no cotidiano, apesar dos grandes avanços.
O planejamento na gestão em saúde
Podemos entender que o processo de planejamento na área de saúde passou por diversas fases, desde o modelo mecanicista, centrado na reprodução de atividades, no qual o objetivo era a cura das enfermidades. Neste modelo, não podemos deixar de enfocar que os profissionais de saúde eram tratados como produtores de ações desvinculadas de um objetivo comum e coletivo (SOUTO, 1996).
A partir da década de 80, houve o início da reforma de gestão em saúde, quando se passou a refletir sobre o real papel dos serviços de saúde e quais os diferentes papéis dos profissionais que o compõem. Neste momento, acontece a ruptura do modelo mecanicista de gestão, e a criatividade, inovação e crítica passam a fazer parte do cotidiano dos profissionais em saúde.
Atualmente, este planejamento está marcado pela expansão da atenção básica de saúde, no qual se almeja a melhoria da qualidade de vida da população através da prevenção de agravos à saúde. Observa-se um modelo de planejamento construído coletivamente pelos profissionais envolvidos no processo de atenção em saúde (TEIXEIRA et al., 2000).
As políticas e a gestão em saúde
Quando abordamos o tema políticas de saúde, não podemos deixar de refletir sobre seu significado. Estas surgem com o intuito da definição do papel do Estado na atenção à saúde, quais suas prioridades, como deve ser realizada a atenção à saúde da população, quem será responsável pelo seu financiamento, entre outros.
Fazendo uma analogia sobre a evolução das políticas de saúde, sem dúvida, após a implantação do SUS (Lei n. 8.080/1990), a atenção à saúde deu um grande salto no que diz respeito à gestão, pois houve definições de papéis e funções, bem como a definição de estratégias para ampliação da atenção básica de saúde.
Dentro desta perspectiva de ampliação da atenção à saúde, podemos citar como as principais diretrizes para gestão no SUS (BRASIL, 2004):
Regionalização e hierarquização: os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade tecnológica crescente, dispostos em uma área geográfica delimitada e com a definição da população a ser atendida. Isto implica na capacidade dos serviços em oferecer a uma determinada população todas as modalidades de assistência, bem como o acesso a todo tipo de tecnologia disponível, possibilitando um ótimo grau de resolubilidade (solução de seus problemas);
Resolubilidade: é a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível da sua competência;
Descentralização: é entendida como uma redistribuição das responsabilidades quanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo, a partir da ideia de que quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. Assim, o que é abrangência de um município deve ser de responsabilidade do governo municipal; o que abrange um estado ou uma região estadual deve estar sob a responsabilidade do governo estadual, e o que for de abrangência nacional será de responsabilidade federal. Deverá haver uma profunda redefinição das atribuições dos vários níveis de governo com um nítido reforço do poder municipal sobre a saúde, é o que se chama municipalização da saúde;
Participação dos cidadãos: é a garantia constitucional de que a população, através de suas entidades representativas, participará do processo de formulação das políticas de saúde e do controle da sua execução em todos os níveis, desde o federal até o local.
Como já enfocamos anteriormente, esta área encontra-se dentro de um processo dinâmico, e, diante disto, o profissional deve acompanhar estas mudanças rápidas através da atualização constante.
Ética
A ética na área da saúde é fundamental para garantir a confidencialidade, a privacidade e a dignidade dos pacientes. Profissionais de saúde e de apoio devem trabalhar em conjunto, seguindo padrões éticos estabelecidos e respeitando as normas de privacidade.
A ética médica inclui princípios como autonomia do paciente, beneficência, não maleficência e justiça. Esses princípios orientam o comportamento dos profissionais de saúde em relação aos pacientes, garantindo que suas decisões e ações sejam tomadas com responsabilidade e em prol do bem-estar do paciente.
Os profissionais de saúde devem proteger a privacidade das informações dos pacientes, como dados pessoais, histórico médico, diagnóstico e tratamento. Essa proteção se estende também aos membros da equipe de apoio, que devem manter a confidencialidade das informações a que têm acesso.
O respeito à ética na área da saúde é crucial para manter a confiança entre os pacientes e os profissionais, garantindo um ambiente seguro, eficiente e humanizado. A adesão aos princípios éticos e às leis de privacidade é essencial para o bom funcionamento das equipes de saúde e para o cuidado adequado aos pacientes.
Em uma pequena cidade, Maria trabalha como farmacêutica em uma farmácia local. Um dia, o Sr. Silva, um conhecido membro da comunidade, entra na farmácia com uma receita médica para um medicamento usado no tratamento do HIV. O Sr. Silva parece preocupado e envergonhado ao entregar a receita a Maria.
Maria, ciente da importância da confidencialidade e da ética profissional, rapidamente percebe que é seu dever garantir que as informações do Sr. Silva sejam tratadas com discrição. Ela processa a receita de forma profissional, oferecendo aconselhamento sobre o medicamento e garantindo que o Sr. Silva entenda as instruções de dosagem.
Naquela noite, Maria se encontra com amigos em um jantar e percebe que alguns deles estão especulando sobre a saúde do Sr. Silva. Embora Maria saiba a verdade sobre a condição do Sr. Silva, ela entende que divulgar essa informação seria uma violação da ética profissional. Em vez disso, ela muda de assunto e evita participar da conversa.
Ao agir assim, Maria demonstra seu compromisso com a ética na área da saúde, preservando a privacidade e a dignidade do Sr. Silva, mesmo fora do ambiente hospitalar.
Responsabilidade profissional
A responsabilidade profissional na gestão de saúde envolve o compromisso dos profissionais de saúde e gestores em cumprir com os padrões éticos, legais e regulatórios, garantindo a qualidade e a segurança dos serviços de saúde prestados aos pacientes. A gestão de saúde desempenha um papel crucial na promoção de uma cultura de responsabilidade e compromisso entre os membros da equipe.
As principais áreas de responsabilidade profissional na gestão de saúde incluem:
Ética: Aderir aos princípios éticos, como confidencialidade, respeito, justiça e beneficência, é essencial para manter a confiança entre os pacientes, profissionais e a comunidade.
Competência: Os gestores de saúde devem garantir que os profissionais de saúde sejam capacitados e competentes, mantendo-se atualizados sobre as melhores práticas e desenvolvimentos na área da saúde.
Comunicação: A comunicação efetiva entre os membros da equipe, bem como com os pacientes e suas famílias, é fundamental para evitar mal-entendidos e garantir a prestação de cuidados de qualidade.
Segurança do paciente: A gestão de saúde deve priorizar a segurança dos pacientes, implementando práticas e protocolos adequados para prevenir erros médicos e minimizar riscos.
Qualidade e melhoria contínua: Os gestores de saúde são responsáveis por monitorar e avaliar a qualidade dos serviços prestados, identificando áreas de melhoria e implementando mudanças necessárias.
Conformidade legal e regulatória: Os gestores devem garantir que a instituição de saúde cumpra todas as leis, regulamentos e normas aplicáveis, incluindo questões relacionadas à privacidade, segurança de dados e relatórios obrigatórios.
Gestão de recursos: Os gestores de saúde têm a responsabilidade de gerenciar recursos de forma eficiente e eficaz, garantindo a sustentabilidade financeira da organização e alocando recursos de maneira justa.
Liderança e desenvolvimento de equipe: Os gestores de saúde devem demonstrar liderança efetiva, promovendo um ambiente de trabalho positivo, colaborativo e inclusivo, e investindo no desenvolvimento profissional de seus colaboradores.
Tomada de decisão
A tomada de decisão baseada em evidências é um processo fundamental no contexto da saúde, pois envolve a utilização de informações e pesquisas científicas atualizadas e comprovadas para embasar decisões clínicas e administrativas. A prática da tomada de decisão baseada em evidências pode melhorar a qualidade, a eficácia e a eficiência dos cuidados de saúde, levando a melhores resultados para os pacientes e a utilização mais efetiva dos recursos.
No ambiente da saúde, a tomada de decisão baseada em evidências pode ser aplicada de várias maneiras, incluindo:
Decisões clínicas: Médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde devem basear suas decisões de tratamento em pesquisas e diretrizes clínicas atualizadas. Isso inclui a escolha de medicamentos, procedimentos cirúrgicos e outras intervenções, bem como a implementação de medidas preventivas e de controle de infecção.
Planejamento e gestão de serviços: Administradores e gestores de saúde podem utilizar a tomada de decisão baseada em evidências para planejar e gerir os serviços de saúde de forma eficiente e eficaz. Isso pode envolver a identificação das melhores práticas, a seleção de tecnologias e equipamentos, e a implementação de políticas e procedimentos baseados em evidências.
Educação e treinamento: A formação de profissionais de saúde deve ser fundamentada em pesquisas e práticas baseadas em evidências. Isso garante que os profissionais estejam atualizados sobre as melhores práticas e possam aplicá-las em seu trabalho.
Políticas de saúde pública: As políticas de saúde pública devem ser informadas por evidências científicas para garantir a eficácia das intervenções e o uso eficiente dos recursos. Isso pode incluir a implementação de programas de promoção da saúde, vacinação e prevenção de doenças.
A tomada de decisão baseada em evidências no ambiente da saúde requer o acesso a informações atualizadas e confiáveis, bem como habilidades analíticas e de pensamento crítico. Além disso, é importante que os profissionais de saúde estejam abertos à mudança e estejam dispostos a adaptar suas práticas em resposta às novas evidências. A colaboração entre diferentes profissionais e a partilha de conhecimentos também são fundamentais para promover uma cultura de tomada de decisão baseada em evidências na área da saúde.
Qualidade do atendimento
A qualidade do atendimento é um aspecto crítico na área da saúde, pois está diretamente relacionada à satisfação dos pacientes, aos resultados clínicos obtidos e à eficiência do sistema de saúde como um todo. Investir na melhoria da qualidade do atendimento é fundamental para garantir que os pacientes recebam os melhores cuidados possíveis e para assegurar a sustentabilidade do sistema de saúde.
Existem várias dimensões que compõem a qualidade do atendimento em saúde, entre elas:
Segurança: Assegurar que os pacientes estejam protegidos de danos causados por erros, eventos adversos e infecções relacionadas ao cuidado. Isso envolve a implementação de protocolos e diretrizes para prevenir incidentes e promover práticas seguras.
Eficácia: Fornecer cuidados baseados em evidências e seguir diretrizes clínicas atualizadas para garantir que os pacientes recebam o tratamento correto e apropriado para suas condições.
Eficiência: Otimizar o uso de recursos e minimizar desperdícios, garantindo que os cuidados de saúde sejam prestados de forma econômica e sustentável.
Acessibilidade: Assegurar que todos os pacientes, independentemente de sua localização geográfica, condição socioeconômica ou background cultural, tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade.
Equidade: Garantir que os cuidados de saúde sejam justos e não discriminatórios, levando em consideração as necessidades e preferências individuais dos pacientes.
Centrado no paciente: Focar nos pacientes e suas necessidades, respeitando suas preferências, valores e expectativas. Isso inclui uma comunicação efetiva, envolvimento do paciente na tomada de decisões e respeito à sua autonomia e privacidade.
Continuidade do cuidado: Garantir a coordenação e a integração dos cuidados entre diferentes níveis e prestadores de serviços, facilitando a transição entre os diferentes pontos de atenção à saúde e a continuidade do tratamento.
Referências:
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CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: e o novo papel dos Recursos Humanos nas Organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
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