Normalmente existe a ideia de que a depressão é algo oriundo do
exterior, porém a sua origem é interna. A depressão tem a sua origem no nosso
interior. A depressão é a nossa resposta pessoal às circunstâncias externas que
nos envolvem; é a forma como reagimos ao que nos rodeia.
Assim, o segredo para a vencer jaz em fortalecer o nosso interior, a
nossa alma - deixar que o Senhor, que já ali entrou, responda por nós às
solicitações externas que batem à porta do nosso ser. Só Ele é verdadeiramente
forte para dominar e vencer as ameaças que nos cercam e espreitam. E Ele fá-lo
mediante a Sua Palavra! É por isso que é importante aceitarmos e praticarmos
tudo o que Ele nos diz nela.
Por outras palavras, podemos afirmar que nada, nem ninguém nos pode
colocar sob depressão. Somos nós, se estivermos espiritualmente fracos, que nos
colocamos sob depressão. O nosso fortalecimento espiritual debela
infalivelmente toda e qualquer ameaça que nos vise deprimir.
Vivemos dias de muita angústia e amargura mental e emocional. O presente
aumento de desordens mentais e emocionais acontece numa altura em que cada vez
menos a Palavra de Deus exerce influencia sobre o íntimo das pessoas. A
psiquiatria é cada vez mais procurada, não pelo êxito de tem conseguido com a
sua acção, ou pelo altruísmo que revela nos seus serviços, mas porque a
necessidade e a procura que deles se faz sentir é enorme. Não nos esqueçamos
que os psiquiatras tratam com o homem interior. Como é que um descrente,
espiritualmente cego, pode ser competente para dar o melhor conselho a um
paciente que vive angustiado? Só o Senhor, através da Sua Palavra, pode
«penetrar até à divisão da alma e do espírito» e discernir «os pensamentos e
intenções (motivos) do coração» (Heb.4.12).
A depressão não é uma doença, mas uma necessidade enorme de nos fortalecermos
espiritualmente. O grande erro dos psiquiatras é pensarem que a depressão é uma
doença, tratando o efeito e não a causa do problema. A Palavra de Deus é o
melhor "remédio".
O Senhor Jesus foi um «Homem de dores e experimentado nos trabalhos» (Isa. 53),
contudo possuía uma alegria que ultrapassava tudo o que o mundo poderia
oferecer. Ao enfrentar a morte violenta e cruel no Calvário, Ele disse aos Seus
discípulos e a nós: «Tenho-vos dito isto para que O MEU GOZO PERMANEÇA EM VÓS,
E O VOSSO GOZO SEJA COMPLETO» (João 15.11). «Na presença do Senhor há
abundância de alegrias» (Sal. 16.11).
O Senhor deixou-nos um caminho para trilharmos sob o resplendor da alegria.
Temos que ter cuidado para que nada nem ninguém nos prive ou roube essa
alegria.
O tema da epístola aos Filipenses é a alegria. O apóstolo menciona nessa carta
pelos menos dezanove vezes as palavras gozo, regozijo, ou alegria. O que é
interessante de notar ali é que as circunstâncias que envolviam Paulo não eram
nada para se alegrar. Ele era prisioneiro, em condições sub-humanas, sujeito à
tortura e padecendo nudez e fome. Porém Paulo transbordava de alegria. Note o
segredo. O segredo reside numa outra palavra que ele repete várias vezes nessa
mesma epístola: a palavra mente. Ele usa esse termo 10 vezes e o termo pensar
cinco. O segredo da alegria do crente está no seu modo de pensar. «Como
pensamos assim somos» (Pro. 23.7). A Bíblia revela o tipo de mente que o crente
deve ter para poder experimentar a alegria num mundo cheio de problemas.
Repare agora quais são os "ladrões" que nos procuram roubar a
alegria, e o tipo de atitude que devemos ter a fim de os capturar e vencer:
1. As circunstâncias. Temos que confessar que quando
as coisas nos correm de feição sentimo-nos muito mais felizes. Já notou quão
poucas são as circunstâncias que estão de facto sob o nosso controle? Por
exemplo, nós não temos qualquer controle sobre as condições atmosféricas ou
sobre o trânsito numa estrada, ou mesmo sobre o que outras pessoas dizem e
fazem. A pessoa que fizer depender a sua felicidade as circunstâncias acabará
por passar a maior parte do tempo num estado miserável. É maravilhoso ver o
apóstolo Paulo sob as piores circunstâncias a escrever uma carta repleta de
alegria (Fil. 1.12,13).
2. As pessoas. Todos nós temos tendência para perder a alegria por causa das
pessoas: pelo que são, pelo que dizem e pelo que fazem. (Nós próprios também
contribuímos para tornar qualquer outra pessoa infeliz. Como é óbvio a coisa
funciona nos dois sentidos). A verdade é que nós temos que trabalhar e conviver
com pessoas. Paulo foi muito prejudicado por pessoas. Algumas, crentes
professos, chegaram a abandoná-lo e a prejudicá-lo. Ainda assim escreve cheio
de alegria (Fil. 1.15-18).
3. As coisas. Certa ocasião dois miúdos brigavam muito. Alguém perguntou ao pai
deles a que é que tal era devido. A resposta do pai foi: "Ao mesmo que
sucede a toda a gente. Tenho três rebuçados, e cada um deles quer dois". O
Senhor Jesus disse: «A vida de qualquer não consiste na abundância do que
possui» (Luc. 12.15). No entanto a maioria das pessoas pensa que a alegria vem
de se possuir coisas. De facto o que as coisas podem é roubar-nos a alegria. O
apóstolo viveu na penúria , e ainda assim escreve alegre, pois aprendera a
contentar-se com o que possuía (Fil 4. 11,12).
4. As preocupações. Talvez seja este o pior de todos os ladrões!
Quantas pessoas têm perdido a paz e a alegria devido às preocupações! De facto
as preocupações podem trazer mesmo consequências físicas, e embora os
medicamentos possam remover os sintomas não podem eliminar a causa. As
preocupações são algo interior. Numa farmácia pode-se comprar "sono",
mas não se pode comprar "descanso". Se havia alguém que tinha motivos
para viver sobressaltado com preocupações era Paulo, mas ele não se preocupa.
Pelo contrário, escreve uma carta cheia de alegria, mostrando-nos como podemos
deixar de nos preocupar - tendo a mente ocupada com as coisas de Deus e a Sua
obra.
O segredo da vitória está, pois, em cultivar o tipo correcto de mente.
Em Filipenses 1 Paulo revela que o segredo passa por se ter uma mente integral.
«O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos» (Tia. 1.8).
Ou, utilizando o velho ditado Latino, "Quando o piloto não sabe para que
porto seguir, nenhum vento sopra a favor". O problema jaz muitas vezes no
facto de não possuirmos uma mente integral. Paulo dizia, «Porque para mim o
viver é Cristo e o morrer é ganho» (1.21). Ele tinha uma mente integral. Ele
sabia o que queria. Ele era um homem com um propósito: «uma coisa faço» (3.13).
Ele não vê as circunstâncias em si mesmo, mas vê-as em relação ao Senhor Jesus
Cristo. Por exemplo, sendo prisioneiro, ele não diz que é prisioneiro de Roma,
mas de Jesus Cristo (Efé. 3.1). As cadeias que usa ele diz serem «as suas
prisões em Cristo» (Fil. 1.13). Apesar de réu, ele diz que estava ali como
advogado, não para defender a sua causa, mas o evangelho (1.16). Paulo não
olhava para Cristo através das circunstâncias, mas para as circunstâncias através
de Cristo - e isso mudava tudo. Quando possuímos uma mente integral as
circunstâncias actuam a nosso favor e não contra nós.
Em Filipenses 2 Paulo revela que o segredo passa por se ter uma mente submissa.
«... cada um considere os outros superiores (mais importantes) a si mesmo»
(2.3). No capítulo 1 Paulo põe Cristo em primeiro lugar na sua vida. No
capítulo 2 põe os outros em segundo lugar. Isto significa que ele coloca-se em
último lugar. A razão porque acontece que as pessoas nos ofendem tanto é porque
não estamos no lugar certo. Se nos pomos em primeiro lugar, e os outros fazem o
mesmo, vai haver guerra inevitável. O crente com uma mente submissa não fica à
espera que os outros o sirvam; é ele que serve. Considera o bem dos outros como
mais importante que o seu, e seus desejos e planos.
Em Filipenses 3 Paulo revela que o segredo passa por se ter uma mente
espiritual. Paulo usa neste capítulo onze vezes a palavra coisas, salientando
que muitas pessoas «só pensam nas coisas terrenas» (ver. 19). Ele diz logo a
seguir que o crente que possui uma mente espiritual está interessado acima de
tudo nas coisas celestiais. «Mas a nossa cidade está nos céus, donde também
esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo» (ver. 20). A pessoa com mente
espiritual olha para as coisas deste mundo à luz do céu, sob o ponto de vista
do céu - e como isso faz uma enorme diferença! "Não é tolo nenhum aquele
que dá o que não pode conservar, para ganhar o que não pode perder."
Em Filipenses 4 Paulo revela que o segredo passa por se ter uma mente segura.
«E a paz de Deus que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e
os vossos sentimentos em Cristo Jesus» (4.7). A palavra guardará é um termo
militar que significa estar de guarda com forças militares. É bom notar que
isto é resultado de oração (ver. 6).
Peça ao Senhor que lhe dê uma mente integral, submissa, espiritual e segura.
Quando se aperceber que está a perder alegria durante o dia, faça uma
introspecção, perguntando a si mesmo: "Estarei a ter uma mente dobre?
Estarei a ser orgulhoso? Andarei obcecado por coisas? Estarei preocupado com
algo?" Se se achar culpado, confesse o seu pecado imediatamente ao Senhor,
e peça a Deus que restaure a sua mente ao que ela deve ser.
As Escrituras providenciam ajuda muito definida e clara para todo o tipo de
situações. Relativamente aos desencorajados, deprimidos, gostaria que prestasse
igualmente atenção ao seguinte que a Palavra de Deus diz:
1. Reconheça a providência de Deus. O primeiro passo para se vencer
uma depressão é reconhecer que Deus é Soberano. Nada acontece a ninguém por
acaso. Efésios 1.11 diz-nos que Deus opera, ou «faz todas as coisas, segundo o
conselho da Sua vontade». Isso revela que Ele sabe tudo a seu respeito - a sua
identidade, do que gosta, onde nasceu, a família e a raça a que pertence; tudo.
O leitor não teve possibilidade de escolha na determinação dessas
circunstâncias, mas o Senhor estava ciente disso tudo. Como Deus infinitamente
santo, sábio e cheio de amor, que é, Ele está a traçar um plano em que o
ouvinte ocupa um lugar especial. Há pessoas que, por exemplo, não estão
satisfeitas com a sua aparência, outras que estão desgostosas dos talentos e
capacidades que possuem. Talvez o ouvinte - não sei -, também não esteja
satisfeito com algo que lhe coube por sorte; porém lembre-se, tudo o que possui
foi-lhe dado por Deus. Não se esqueça: Ele fê-lo como é para o Seu bom
propósito.
O rei David, que experimentou tanto a alegria como a dor, o júbilo como a
depressão, revelou esta compreensão no Salmo 139, quando disse:
«Eu te louvarei, porque de um modo terrível, e tão maravilhoso fui formado;
maravilhosas são as Tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem» (Sal. 139.14).
Considere igualmente o exemplo do profeta Jeremias. Quando o Senhor o chamou para
ser eu porta-voz, disse-lhe:
«Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre te
santifiquei; às nações te dei por profeta» (Jer. 1.5).
Este homem que experimentou tanta dor durante a sua vida, sabia bem que o
Senhor, na Sua boa providência, lhe tinha dado esta responsabilidade mesmo
antes de ele ter visto a luz do dia. Por conseguinte ele continuou a pregar a
Israel, mesmo apesar das pessoas não escutarem a sua mensagem. Ele recusou
parar, mesmo quando zombaram dele, lhe bateram, feriram e o lançaram numa cova
funda. Note leitor, Ele sabia que Deus o tinha concebido para um propósito
definido, e que ele estava a cumprir esse objectivo.
Note que consigo passa-se exactamente o mesmo. O leitor não é quem é, nem está
onde está, como vítima da falta de sorte. Também não é produto do destino cego.
O leitor foi concebido pelo Senhor, e Ele tem um plano especial que quer ver
cumprir-se em si. Quaisquer que sejam as suas eventuais e possíveis limitações
- na personalidade, na inteligência, nas circunstâncias ou outra qualquer -
elas foram permitidas por Deus como parte do Seu sábio plano para si. Se
reconhecer e aceitar este facto, está no caminho da vida mais feliz e mais bem
sucedida que jamais imaginou.
2. Ajuste o seu pensamento. O segundo passo que deve dar
para vencer a depressão é ajustar o seu pensamento. Deve enfrentar o facto que
a sua visão das coisas - a visão que tem de si mesma, do mundo, e de Deus -
pode muito bem ser parte da razão porque se encontra deprimido. Se os seus
pensamentos forem negativos, ego-centrados, e hostis, faça algo com eles.
Admita que as suas atitudes estão erradas, e peça ao Senhor que a ajude a mudar
a sua forma de pensar.
3. Realinhe as suas prioridades. Coloque a si mesmo a seguinte
questão: "O que é que realmente interessa mais, o prazer temporário desta
terra ou as recompensas eternas do céu?" O próprio Senhor Jesus
estabeleceu as prioridades correctas em Mat. 16.26 e Mat. 6.33. Prezado leitor,
nós estamos apenas na fase inicial do cumprimento do plano de Deus para nós. O
melhor ainda está para vir. Leia Rom. 8.18.
4. Abunde no amor de Deus. Ame a Deus a cima de tudo o
mais. (Mat. 22.37-39). Verificará que o seu interesse e preocupação pelos
outros aumentará, ficando até sem tempo para pensar em si. Verificará que
ganhará um enorme gozo por viver uma vida altruísta.
5. Aplique os seus talentos. Não há nada como estar ocupado
a fazer alguma coisa. Faça o melhor que pode usando o que tem. Talvez não possa
fazer o que Paulo fez, mas pode fazer muito. É só uma questão de pensar um
pouco. Por exemplo, há alguns crentes que vivem isolados. Poderia escrever-lhes
uma carta revelando o seu amor por eles. Há tanta coisa ,que está habilitada a
poder fazer.
Medite agora nisto:
Olhei para a montanha.
"É difícil, Senhor," disse-Lhe; "não posso subir!"
"Toma a Minha mão," sussurrou-me Ele; "Eu serei a Tua
força."
Então vi o caminho.
"É muito longo, Senhor," insisti, "é acidentado e longo!"
"Toma o Meu amor," respondeu-me; "guardarei os teus pés de
tropeçarem."
Olhei para o céu.
"O sol desapareceu," disse; "a escuridão é enorme!"
"Toma a lanterna da Minha Palavra," sussurrou-me de novo; "a Sua
luz bastar-te-á."
Subimos.
O caminho era estreito e íngreme, mas a visibilidade era clara e luzente.
E quando os espinhos feriam,
ATINGIAM AS SUAS MÃOS ANTES DE TOCAREM AS MINHAS.
À medida que a minha senda se tornava mais agreste, apercebia-me que era o Seu
amor que me sustinha de pé.
Porém, mesmo assim, acabei por ficar extenuado.
"Não consigo prosseguir," disse-Lhe.
Ele respondeu: "A noite já passou. Olha para cima, Meu filho."
Olhei, e ... eis que alvorecia. Vales esverdejantes estendiam-se lá em baixo.
"Agora não posso continuar só," disse-Lhe ao ver-Lhe as marcas.
"Senhor, Tu estás ferido. As Tuas mãos estão a sangrar. Os Teus pés estão
pisados.
Isso foi por mim?"
Sussurrou-me novamente ao ouvido: "Fi-lo alegremente!"
Então caí aos Seus pés.
"Senhor, leva-me Contigo," clamei.
"Não há caminho que seja demasiado longo, nem vale demasiado fundo, quando
estás comigo. Quero andar sempre Contigo, e para todo o sempre."
«... não te deixarei, nem te desampararei» (Heb. 13.5).
Joenildo Fonseca Leite
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