"Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual,
somos seres espirituais vivendo uma experiência humana."Teilhard de Chardin
Muitas vezes somos indagados acerca do que pensamos, falamos e pensamos, de forma que somos compelidos a refletir diariamente sobre tudo, principalmente sobre nossas atitudes realizadas ou não.
O ser humano, como parte de um kosmos em perfeito desenvolvimento e evolução, traz em si como parte de sua essência, a racionalidade aliada a criatividade atrelada a uma esfera de espiritualidade, no entanto, por boa parte de sua existência deixa desconhecer todo o seu potencial espiritual e até mesmo o existencial, passando a estar sobre a terra nada mais nada menos como um mero ser, quase se igualando a um ser disforme com uma progressão evolutiva ínfima, sendo necessária a atuação de outros seres que o possam conduzir na jornada da evolução consciente.
Esse ser que muitas vezes se identifica como humano, mas que desconhece o processo de humanização, se rotula, se fragmenta, se ridiculariza, não se identifica, se mecaniza em ações contínuas, rotineiras, como se fosse apenas mais uma peça na engrenagem da industria da existência da espécie humanizadora.
Se torna um como muitos que passam pela história da vida sem fazer história, sem ter vida, e aquilo que afirmam ter não chega perto do que se pode afirmar como ZOE.
Infelizmente ou felizmente, acabam concebendo a ideia de que tudo está bem, tudo tem um propósito já pre definido e que não se pode alterar o rumo dessa pseudoexistencialidade, que tudo o que ocorre ou de ocorrer está sob o controle externo, não cabendo ao ser evoluir por se mesmo e sim materializar o que já lhe foi proposto antes do ex nihilo.
Portanto, cabe aqui uma reflexão:
Quem somos? ou o que somos?
Partindo do pressuposto que antes da matéria há uma essência eternizadora, que fundamenta a existência do kosmos, essência esta espiritual, atemporal, não causal, inteligível, a quem os homens denominam de diversas formas, conforme os seus modos de acreditar, de acordo com suas dogmáticas, suas ortodoxias e ortopraxias, ou seja, Aláh, Deus, Elohim, Elodumaré, Pai das Luzes, Grande Arquiteto do Universo, dentre outros, pode-se dizer que somos seres espirituais vivendo uma existência humana.
No entanto, o que cabe a esses seres espirituais que desenvolvem uma existência humana? evoluir, viver, repassar ritos, mitos, simbolos, icones? Dar continuidade a obra criadora como co-participantes da criação? O que leva a esses seres espirituais a vivenciar diversas formas de evolução, tais como, sofrimento, dor, perda, gozo, paz, realizações.
Ser um ser espiritual é algo ainda maior, é identificar-se com o espirito, com a espiritualidade, é elevar-se em colunas formando um templo perfeito, desviando-se de toda forma de vícios, até mesmo cavando masmorras para os mesmos, sepultando-os.
É buscar obter conhecimentos inúmeros de diversas formas, é experimentalizar a vida e ser experimentado pela mesma, é estar em harmonia com tudo o que é belo, perfeito.
Um ser espiritual, procura andar de acordo com a sabedoria Maior, utilizando de suas forças para promover o bem, a igualdade, a união entre todos e tudo, é capaz de enxergar o outro como ser espiritual e não como coisa, objeto, valores e desvalores.
Ser espiritual, denota responsabilidade aliada a liberdade, pois, para obter uma depende necessariamente da outra, e uma responsabilidade consciente, prudente, justa.
Já se observarmos o homem como um ser humano vivendo uma espiritualidade, logo perceberemos falhas, desacordos, compromissos rompidos, inverdades se materializando em verdades, ..., um verdadeiro caos, onde o oportunismo, o imediatismo, o egocentrismo, toma lugar no palco da vida, e a vida se torna um circo, onde as virtudes, os princípios morais passam a ser vistas como uma personagem a mais no picadeiro, ladeada de alegorias, fantasias, hipocrisias.
O homem que vive uma espiritualidade demonstra sua fraqueza, sua imperfeição, uma crença genérica, que a qualquer momento pode ser movida, alterada, adulterada em essência, esse ser acaba não tendo raízes profundas, e as que tem por poucas e fracas que sejam, são facilmente sufocadas, extintas.
Sabemos o quanto é cômodo ser um ser humano vivendo uma espiritualidade, pois, assim, ficamos em nossos casulos, longe de uma metamorfose racional, vivendo uma pantomina, e prontos em responder qualquer indagação com frases de efeito ou chavões, tais como: "foi a vontade de Deus", "Deus não quis assim", e outras mais, lançando sobre o Ser Criador toda a responsabilidade das irresponsabilidades humanas.
Já o ser espiritual vivendo uma experiência humana, exige sabedoria, reflexão antes de agir, ouvir, olhar, pensar, calar, ter perseverança onde muitos outros não tiveram, acreditar em momentos em que milhares já deixaram de crer, confiar até mesmo diante da desconfiança global.
Saber antes de tudo que a existência não finda aqui. Há muito mais a ser experimentado no futuro, além desta existência humana.
Joenildo Fonseca Leite
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