Ora, o fim do
mandamento é a caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma
fé não fingida." (1 Tm 1:5)
Quero aqui começar esta reflexão, pedindo licença do seu tempo tão
precioso para que possa acompanhar-me.
Sala de cirurgia cardiovascular. 85% de obstrução no coração. Risco
iminente.
Pois bem, foi diante desse quadro que no dia 12 de agosto de 2016, eu me
encontrava, deitado sobre uma maca fria e com pensamentos diversos.
Alguns dias antes, estava no trabalho, como sempre preocupado com
algumas coisas que estavam tirando o meu sono, diga-se de passagem que mesmo
conhecendo as Sagradas Escrituras, faltava muito ainda para poder compreender o
que de fato é lançar sobre Jesus toda a ansiedade, mesmo diante da promessa de
que Ele é quem cuida de nós.
Não fosse o suficiente as preocupações do ofício secular, ainda a minha
mente encontrava tempo para alguns indagações teológicas, alguns
questionamentos acerca de pragmáticas sacerdotais, como que se eu pudesse ser o
que tinha a solução para tantos dilemas sócio-político-econômico e espiritual.
Após sentir o meu corpo fraquejar, e com pouco conhecimento da área
médica, procurei o mais breve possível uma orientação profissional.
Sendo avaliado, e solicitado a realizar um exame cateterismo. Até aí
tudo bem.
Não sabia eu que algo mais profundo estava para acontecer.
Chegado o dia determinado, acompanhado pela minha esposa e pelo meu pai,
chegamos ao UMC.
Para espanto e temor, durante o exame e estando acompanhando de perto,
pude perceber que algo não estava bem. Quando o profissional da saúde,
solicitou a presença de outros clínicos à sala de exame, e ao notar o fluxo sanguíneo
com a presença do contraste pelas vias circulatórios, um temor foi tomando
conta de mim.
Quando o médico chegou e me relatou que não poderia dar continuidade ao
exame devido à gravidade do quadro clínico, pois segundo ele, se continuasse eu
morreria. Se eu descesse da maca, morreria, portanto, deveria ficar inerte,
pois já haviam contactado o cirurgião para a realização da cirurgia
cardiovascular.
Quantos pensamentos invadiram a minha mente, pensei na esposa, nos
filhos, nos meus pais, nos meus irmãos, pensei, nos familiares.
Aquela noite, foi densa, sombria, fria.
Levaram-me para a UTI para preparação e acompanhamento.
E lá, nas primeiras horas do dia, o texto de 1 Timóteo 1.5, sobressaiu
aos meus olhos. Como o Senhor nosso Deus falou comigo.
Senti que não estava só. E poucos minutos antes de adentrar o centro
cirúrgico senti a ministração do Senhor ao meu coração. Lembrei-me quando Paulo
escreveu a Timóteo falando sobre as doutrinas que cada cristão deveria ter, ele
declarou que o coração puro, a boa consciência e a fé não fingida devem
ser o maior princípio em nossas vidas, pois juntos levam ao maior dom e
mandamentos que Deus nos dá, o DOM DO AMOR ou o mandamento de AMAR A DEUS ACIMA
DE TODAS AS COISAS e de AMARMOS UNS AOS OUTROS COMO AMAMOS A NÓS MESMOS.
O coração puro reflete nossas emoções, paixões e sentimentos, a boa
consciência reflete nossas intenções e pensamentos, e a fé não fingida reflete
a verdadeira fé que devemos ter em Cristo, de crer que Ele ressuscitou para nos
dar vida e que através Dele alcançamos a vida eterna.
Ao refletir sobre esse versículo pude lembrar que devemos nos questionar
se estamos alcançando ou buscando alcançar o cumprimento desta ordenança. O
Senhor nos ensina que o pecado nasce primeiro no coração, não adianta nos
arrependermos de atos cometidos se não nos arrependermos da intenção que o
gerou. Deus olha no mais profundo do nosso ser, "E não há criatura
alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos
olhos daquele com quem temos de tratar." (Hebreus 4:13). Ele enxerga
em nós aquilo que nem nós mesmos enxergamos e nos prova, nos humilha, para que
possamos entender que a obediência principal é a que vem do coração. "E
te lembrarás de todo o caminho pelo qual o Senhor, TEU DEUS, te guiou no
deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te tentar, para saber o que
estava no teu coração, se guardarias os mandamentos ou não." (Deuteronômio
8:2).
Quantos hoje estão verdadeiramente dispostos a deixar de lado a sua
vontade para que a de Deus se cumpra? As intenções, emoções e desejos do homem
são vis, torpes e medíocres.
A inveja, o sentimento de vingança, a indiferença e o egoísmo são
características que o homem adquire desde tenra idade e que somente Deus pode
transformar. Para aqueles que amam o Senhor e que já compreenderam que não
somos nada sem Ele, essa transformação pode ser um pouco mais branda, mas, para
aqueles que ainda teimam em não se subjugar ao ensinamento de Deus para
satisfazer suas próprias vontades, essa transformação pode ser dura e difícil.
Aprendemos a colocar tudo em nossa vida nas mãos de Deus e deixá-lo
tomar à frente, aí então, começaremos a ver o poder de Deus e tudo de maravilhoso
que Ele tem a nos oferecer.
E foi isso que aconteceu, no centro
cirúrgico, entreguei de coração e alma minha vida nas mãos de Deus, apresentei
a minha família, esposa e filhos e disse que estava preparado para que se
cumprisse a vontade dEle na minha existência. Passei a ter uma nova chance de
viver, com três pontes de safena e duas mamárias.
Mas acima de tudo, louvando a Deus por
servi-Lo a cada dia, e de poder anunciar o Evangelho das Boas Novas de Salvação
como testemunho de tudo o que Deus tem revelado em nossas vidas.
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