"mas, como está escrito: nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam." (1 Coríntios 2:9)
"Porque
desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos
se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera." (Isaías
64:4)
Referência: 1 CORÍNTIOS 2:1-16
INTRODUÇÃO: Corinto era um dos mais importantes centros
da filosofia grega. Eles davam grande importância aos grandes filósofos,
pensadores e oradores. Eles gostavam de ouvir belos e rebuscados discursos.
A cidade de Corinto era
também um dos maiores centros de vida licenciosa do primeiro século. Tanto a
prostituição como o homossexualismo era praticado abertamente na cidade em
ligação com a prática religiosa.
Além da influência
filosófica na religião, havia em Corinto também os falsos apóstolos que
tentavam corromper a mensagem (2 Coríntios 11:1-6).
A integridade do evangelho estava
sendo comprometida em Corinto. Como está sendo comprometida hoje:
1) Um evangelho misturado com
filosofia (liberalismo);
2) Um evangelho misturado com
ideologias políticas (teologia da libertação);
3) Um evangelho misturado com
experiencialismo heterodoxo (neo-pentecostalismo);
4) Um evangelho misturado com
pragmatismo (igreja mercado).
Paulo, então, para corrigir
esses problemas, expõe sobre os fundamentos básicos da mensagem do evangelho.
I. O EVANGELHO
CENTRALIZA-SE NA MORTE DE CRISTO – v. 1-5
1. Paulo relembra aos
coríntios o conteúdo do evangelho – v. 2
• Na capital da filosofia Paulo decide concentrar sua mensagem na cruz de Cristo. A morte de Cristo não é uma doutrina periférica, mas central no Cristianismo. A expiação, a morte substitutiva de Cristo é o ponto culminante do evangelho. A cruz aponta para a justiça de Deus e para o amor de Deus.
• A mesma cruz, que é
escândalo para os judeus e loucura para os gregos é a própria essência do
evangelho. Paulo não anuncia simplesmente a Jesus como o homem perfeito, o
modelo de uma nova ética, o supremo mestre da espiritualidade, mas fala de
Jesus crucificado. É no Cristo crucificado que se encarna a sabedoria de Deus.
• Temos visto hoje
alastrar-se no Brasil um evangelho humanista, pragmático, centrado no homem (cura,
prosperidade).
2. Paulo relembra aos
coríntios a sua resolução de se dedicar exclusivamente ao evangelho – v. 1-2,4
• Paulo não foi a Corinto criar um fã clube, buscando glória para si mesmo (v. 1).
• Paulo vai a Corinto não
expor ideias rebuscadas do pensamento humano, mas vai para anunciar o
testemunho de Deus, ou seja, o evangelho (v. 1).
• Paulo toma uma decisão
firme em seu ministério (v. 2). Ele não tem outro tema, outro assunto, outra
paixão a não ser Cristo. Cristo é tudo e em todos. Nem política, nem filosofia,
nem dinheiro – a vida para Paulo era anunciar Cristo.
• Muitos pregadores
engrandecem-se a si mesmos, os seus dons de tal forma que não podemos ver a
Jesus. Devemos nos gloriar apenas na cruz de Cristo (Gl 6:14).
3. Paulo relembra aos
coríntios a sua maneira de pregar o evangelho – v. 3-4
• Embora Paulo fosse um apóstolo, ele veio a Corinto sem presunção, sem autoconfiança, mas com humildade, sabendo da sublimidade do seu ministério e da grandeza da sua mensagem (Atos 18:9; 2 Coríntios 10:10).
• A maneira de pregar o
evangelho:
1) Negativamente = v. 4;
2) Positivamente = v. 3,4.
• Paulo dependia somente do
poder do Espírito. “Se não há poder do Espírito, não há pregação” (Martyn
Lloyd-Jones).
• Sua pregação não era uma
peça de oratória, mas em demonstração do Espírito e de poder = prova legal
apresentada diante de uma corte: vidas transformadas, milagres, a ação de Deus
no seu ministério e não performance.
• Paulo não está
desencorajando o preparo para pregar, mas sobre quem deve estar os holofotes.
4. Paulo relembra os coríntios do seu
propósito ao pregar o evangelho – v. 5.
• Paulo quer que eles confiem em Deus e não no mensageiro. O mais importante é a mensagem (o evangelho) e não o mensageiro. O vaso é de barro, mas o conteúdo é o tesouro. Quem é Paulo? Apenas servo!
II. O EVANGELHO É PARTE DO
PLANO ETERNO DE DEUS – v.6-9.
• O evangelho é a sabedoria
de Deus. Jesus Cristo crucificado é a sabedoria de Deus. A verdadeira sabedoria
(Sofia) não é a filosofia, mas o evangelho.
1. A origem da verdadeira
sabedoria – v. 7
• Ela não procede dos
homens, mas de Deus.
• Ela não é engendrada na
história, mas na eternidade. Nossa salvação foi planejada por Deus na
eternidade. Até a morte de Cristo estava nos planos de Deus (Atos 2:22-23; 1
Pedro 1:18-20). O evangelho não é uma ideia tardia, mas uma coisa planejada na
mente de Deus desde a eternidade.
• Ela não foi descoberta
pelo homem, mas revelada por Deus. Mistério é uma verdade que ficou encoberta
no tempo passado, mas agora essa verdade é revelada. O conhecimento de Deus não
é adquirido por investigação humana (filosofia), mas por revelação. “Só
conhecemos a Deus porque ele se revelou”.
• O propósito dessa
sabedoria não apenas a glória de Deus, mas também a glória dos remidos – O
plano de Deus sempre objetiva a plena glória de Deus (Efésios 1:6,12,14), mas
também culminará em nossa glória, a nossa completa redenção (João 17:22-24;
Romanos 8:28-30).
2. O conhecimento da
verdadeira sabedoria – v. 8.
• Essa sabedoria está
escondida das pessoas não regeneradas.
• Os governantes de Roma e
as autoridades judaicas não sabiam de fato quem era Jesus (a sabedoria de
Deus). Os sábios deste mundo são ignorantes espirituais. Se eles soubessem quem
era Jesus, jamais o teriam crucificado.
• Jesus orou ao Pai: “Pai,
perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
• A ignorância espiritual:
a causa de imenso mal e a ocasião de um imenso bem (2:8-9) =
1) A causa de um imenso mal =
“Crucificaram o Senhor da glória”:
a) A mais terrível injustiça: ele era
inocente;
b) A mais profunda ingratidão: ele só
fez o bem;
c) A mais terrível crueldade:
crucificaram-no;
d) A mais perversa impiedade:
crucificaram o Senhor da glória.
2) A ocasião para um imenso bem =
(2:9) – Porque Jesus foi crucificado em nosso lugar, Deus preparou para nós o
que nenhum olhou viu, nem ouvido ouviu nem coração sentiu.
3. Os dons da verdadeira
sabedoria – v. 9
• O que a percepção humana
não pode alcançar (olhos, ouvidos, sentimento), Deus no-lo revelou pelo seu
Espírito. Deus preparou essas coisas maravilhosas para a nossa glória (v.7).
Essa sabedoria só foi descoberta através da revelação de Deus e não da
investigação humana.
• O céu, as
bem-aventuranças eternas, está para além da percepção e descrição humana. Elas
foram preparadas por Deus para aqueles que o amam.
III. O EVANGELHO É REVELADO
PELO ESPÍRITO SANTO ATRAVÉS DA PALAVRA – V. 10-16.
• Nossa salvação envolve a
Trindade: Ninguém pode ser salvo a não ser pela graça eletiva de Deus (v. 7),
pela morte substitutiva de Cristo (v.2) e pela ação regeneradora do Espírito
Santo (v. 12).
• Paulo destaca quatro
importantes ministérios do Espírito Santo neste capítulo:
1. O Espírito Santo habita nos crentes
– v. 12
• No momento que você crê
em Cristo, o Espírito Santo entra no seu corpo e faz dele um templo da sua habitação
(6:19-20). Ele batiza você no corpo de Cristo (12:13). Ele sela você (Efésios
1:13,14) e ele permanecerá em você (João 14:16).
• Não recebemos o espírito
do mundo (2:12) – sabedoria deste século. Não recebemos o espírito de
escravidão (Romanos 8:15). Não recebemos o espírito de medo (2 Timóteo 1:7).
2. O Espírito Santo sonda
os crentes e as coisas profundas de Deus – v. 10-11
• Eu não posso saber o que
vai dentro do seu coração, mas o seu espírito sabe. Assim, eu não posso
conhecer as coisas profundas de Deus (2:9) = (sua vida, seus atributos, seus
propósitos, seus dons), sem ter o Espírito Santo. Ninguém pode saber realmente
o que se passa no interior de um homem – ninguém, exceto o espírito desse mesmo
homem. De fora, os outros homens podem apenas fazer conjecturas. Mas o espírito
do homem não faz conjecturas. Ele sabe. De igual maneira, raciocina Paulo,
ninguém de fora de Deus pode saber o que acontece dentro de Deus. Só o Espírito
Santo que é Deus conhece a Deus plenamente e revela Deus para nós através da
Sua Palavra.
• Deus quer que conheçamos
agora todas as bênçãos da graça que ele preparou para nós.
3. O Espírito Santo ensina os crentes
– v. 12b,13
• Jesus prometeu que o
Espírito Santo nos ensinaria (João 14:26), nos guiaria (João 16:13). Ele nos
ensina através da Palavra (João 17:8).
• O Espírito nos ensina,
levando-nos a comparar coisas espirituais com espirituais – A Bíblia interpreta
a Bíblia (2:13).
• É de suprema importância
que os crentes tenham tempo para ler e meditar na Palavra.
4. O Espírito Santo leva os
crentes à maturidade espiritual – v. 14-16
• O não crente não entende
(mente) nem aceita (vontade) as coisas de Deus. Não entende porque elas se
discernem espiritualmente e ele não o Espírito. Não aceita porque o evangelho
parece loucura para ele.
• O homem natural, que o
homem sábio segundo este mundo (1:19,20; 2:4-6) não entende nem aceita as
coisas de Deus. Na verdade o que o mundo aplaude, o Reino de Deus rejeita.
• O crente julga (discerne) todas as
coisas (a vida espiritual e a sabedoria humana), mas o homem não regenerado não
discerne a vida do crente (2:15). O homem espiritual entende as coisas do homem
e as coisas de Deus. Ele julga tanto as coisas humanas como as coisas divinas.
Ele tem a mente de Cristo, pois ele discerne as coisas de Deus.
• Rejeitar o evangelho é
rejeitar a sabedoria de Deus, a mente de Cristo e nós temos a mente de Cristo,
pois aceitamos e proclamamos a sabedoria de Deus, a cruz de Cristo.
CONCLUSÃO:
1. A mensagem da cruz não é
deste mundo – v.1-6.
2. A mensagem da cruz foi ordenada
antes deste mundo – v. 7-8.
3. A mensagem da cruz traz nos bênçãos
para além deste mundo – 9-16.
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