DEPARTAMENTO
DE PÓS GRADUAÇÃO E PESQUISA
PÓS-GRADUAÇÃO
LATO SENSU EM GESTÃO PÚBLICA
DESAFIOS
DA GESTÃO PÚBLICA EM RELAÇÃO A SEGURANÇA E O MEIO AMBIENTE NO ÂMBITO
EDUCACIONAL
DENIS MARQUES FERREIRA
SECRETARIA DARWIN
Taguatinga – Águas
Claras/DF, 2013
DENIS MARQUES FERREIRA
DESAFIOS
DA GESTÃO PÚBLICA EM RELAÇÃO A SEGURANÇA E O MEIO AMBIENTE NO ÂMBITO
EDUCACIONAL
Trabalho
de Conclusão de Curso – Artigo – submetido à avaliação da Coordenação do Curso
de Pós-Graduação da Faculdade de Tecnologia Equipe Darwin, como quesito parcial
para a obtenção do título de especialista em Gestão Pública, sob a orientação
do Professor Joenildo Fonseca Leite.
SECRETARIA DARWIN
Taguatinga – Águas
Claras/DF, 2013
FACULDADE
DE TECNOLOGIA EQUIPE DARWIN – FACTED
DEPARTAMENTO
DE PÓS GRADUAÇÃO E PESQUISA
PÓS-GRADUAÇÃO
LATO SENSU EM GESTÃO PÚBLICA
DENIS MARQUES FERREIRA
DESAFIOS
DA GESTÃO PÚBLICA EM RELAÇÃO A SEGURANÇA E O MEIO AMBIENTE NO ÂMBITO
EDUCACIONAL
Monografia apresentado
à Banca Examinadora e aprovada em ____/_____/_____.
Prof. Orientador
Joenildo Fonseca Leite
1° Avaliador
2° Avaliador
DESAFIOS DA GESTÃO PÚBLICA EM RELAÇÃO
A SEGURANÇA E O MEIO AMBIENTE NO ÂMBITO EDUCACIONAL
Denis Marques
Ferreira[1]
Joenildo
Fonseca Leite[2]
Apresentação
A proposta deste
artigo é analisar sobre os desafios que a gestão pública tem em relação a
segurança e meio ambiente.
Como foco de pesquisa,
abordaremos essa gestão no âmbito educacional na rede pública de ensino.
Quando se fala em
escola, imagina-se primeiramente um local cheio de crianças, que estão lá para
aprender ou até mesmo, para apenas se alimentar, funcionando como uma empresa
que visa objetivos, como tantas outras.
Mas a escola é uma
instituição milenar que se difere das demais em duas características peculiares:
a primeira, porque é formada de acordo com a faixa etária e a outra, que é a
transferência de conhecimentos às pessoas através de seus mestres.
É através desta
transferência de conhecimentos que é possível demonstrar o potencial de uma
instituição de ensino, não só perante os milhões de alunos que a frequentam por
todo o globo (somente no Brasil em 2005, foram mais de 50 milhões
de alunos), mas também aos próprios funcionários e
mestres, pois todas as pessoas
envolvidas em ambiente escolar devem ser
consideradas como alunas e educadoras.
Os alunos representam
a esperança de um mundo melhor, ao mesmo tempo em que, através das experiências
observadas e vividas de seus mestres, servirão de modelo e inspiração para
futuras ações, sejam elas corretas ou não.
Quanto aos
funcionários, que também têm um papel importante no processo educativo, o
conhecimento adquirido no dia-a-dia lhes servirá não só para o cotidiano do
trabalho, mas para aplicar e transmitir em seus lares e na sociedade em geral.
Portanto, mencionar as
responsabilidades no âmbito social de uma instituição
de ensino é muito mais amplo que compará-la à de
uma indústria automotiva, siderúrgica ou até mesmo de outros ramos de serviços,
pois uma das finalidades da
escola é justamente preparar o cidadão de amanhã
para o amanhã e não há como fazer isto sem lhe mostrar as responsabilidades
sociais em nosso mundo.
No entanto, ainda que
a questão da responsabilidade social esteja tão presente no dias de hoje em
diferentes contextos organizacionais, é muito incipiente o debate em torno de
garantir nas instituições de ensino brasileiras condições adequadas de saúde e
segurança no trabalho para todos os que frequentam este espaço. Além disso,
menor atenção ainda é dada a um entendimento mais apurado dos aspectos
ambientais e potenciais impactos relacionados ao dia-a-dia das instituições de
ensino.
O meio ambiente e a
prevenção de acidentes não são temáticas tão difundidas entre os que
administram instituições de ensino.
O máximo que ocorre é
o estudo sobre meio ambiente no meio escolar e acadêmico, inserido em
disciplinas como Ciências e Biologia, acontecendo somente pelo lado pedagógico.
O fato é que os funcionários, principalmente os técnico-administrativos2 das mesmas instituições que veiculam as
disciplinas, ficam excluídos destes conhecimentos.
Em relação à prevenção
de acidentes, principalmente no que se refere à saúde e segurança do trabalhador,
a situação é praticamente inversa, pois elas parecem atender somente aos
funcionários (mesmo que seja o mínimo exigido por lei), enquanto que os alunos nem
sabem que existe esta preocupação.
Apesar dessa
inquietação elementar, os acidentes de trabalho na atividade econômica de
ensino corresponderam a 1,06% dos registros na Previdência Social no período de
2002 a 2004 no Brasil, ou seja, foram 4.876 acidentes, sendo: 3.578 típicos,
961 de trajeto e 337 devido a doenças. Somente em 2004 foram 14 óbitos de
profissionais da atividade de ensino. Todos estes
números são provenientes do Anuário Brasileiro de Proteção - 2006, da Revista
Proteção.
Comparando com outras
atividades econômicas, para um setor que educa e que deve servir de referência
para os futuros empresários e trabalhadores, no caso, os alunos, este valor é
muito alto. Também altos são os números de acidentes fatais envolvendo crianças
em pleno ambiente escolar onde, apesar de não haver estatísticas oficiais,
freqüentemente nos jornais é possível ler tais fatalidades, assim como pais
lamentando a displicência das escolas.
É importante salientar
que quando a temática for saúde e segurança do trabalho, trata-se de
funcionários, pois estes possuem algum tipo de vínculo com a instituição além
de legislações trabalhistas que lhes cobrem de direitos. Quando se trata de
prevenção de acidentes, pode-se tratar além dos funcionários, os próprios alunos
da instituição, que tem a obrigação de lhes dar segurança.
Além da questão de
segurança, uma escola pode impactar de diversas maneiras o meio ambiente,
através do alto consumo de papel; despejos irregulares de reagentes químicos na
rede de esgoto (provenientes de laboratórios de Ciências e de tintas nas aulas
de Educação Artística); descarte indiscriminado de resíduos de
ambulatório; consumo abusivo de água e de várias
outras situações de risco que podem atingir direta ou indiretamente o ser
humano, inclusive, em seu próprio ambiente de trabalho.
Além disto, todos que
trabalham em uma instituição de ensino, da zeladora ao diretor, do professor ao
terceirizado, são educadores, pois através de suas atitudes (corretas ou não)
estão dando um exemplo de comportamento, que poderá ser assimilado pelos
alunos, principalmente os mais novos.
A maioria das
instituições de ensino não possui políticas
nem estratégias sobre saúde e segurança do trabalho e de meio ambiente.
Em muitas escolas não há sequer um ambiente seguro para trabalhar e nem mesmo
para estudar, sendo isto negligenciado ou camuflado pela direção. Nas salas de
aula, há disciplinas e pesquisas sobre a preservação do meio ambiente: sobre a
água, a árvore, os pássaros e tantos outros cuidados a serem tomados "com
a ecologia", mas ao mesmo tempo em que são transmitidos estes
conhecimentos aos alunos, os resíduos gerados pela própria escola são
descartados sem nenhum tipo de triagem, encaminhados diretamente para os
aterros sanitários ou
lixões da cidade.
Parte do descaso que
há nos estabelecimentos de ensino referente às atitudes tomadas quanto ao meio
ambiente (o praticado pela escola e não o ensinado) e quanto à saúde e
segurança do trabalho (incluindo o aspecto físico da escola), é devido à falta
de preparo dos pais na identificação dos riscos existentes e na cobrança por
providências. As principais preocupações destes são a linha pedagógica adotada,
a localização e o valor da mensalidade (no caso das particulares), preocupações
imediatas legítimas na realidade em que vivemos.
Com isso, não devemos
também isentar de responsabilidade a instituição de ensino. Muitas instituições
de ensino não estão devidamente preparadas para lidar com a gestão de prevenção
de acidentes e de meio ambiente envolvendo ativamente os alunos, assim como também
não agem da mesma maneira quando educam os alunos nas questões de preservação
do meio ambiente.
Por não agirem adequadamente,
devido em muitos casos às falhas nos procedimentos de trabalho, o ambiente de
trabalho e de estudo também, em alguns casos, torna-se inseguro para todos que
ali convivem. Este cenário se agrava, em função da significativa expansão das
instituições de ensino no país.
A necessidade deste
estudo, visando alcançar tais objetivos, é devido à destacada carência de
informações sobre os riscos a que os trabalhadores das instituições de ensino,
alunos e professores estão expostos assim como dos impactos ao meio ambiente
que estas mesmas instituições podem causar, pois tanto
o Estado (instituições públicas) como os
empresários (instituições particulares) evitam expor tais situações, pois
certamente a sociedade criticaria ferozmente estes
estabelecimentos.
O pouco de informação
existente, com relação à saúde destes trabalhadores, aplica-se principalmente
aos riscos que os professores estão sujeitos, relacionados ao stress e a
voz.
Também é escasso o
material que trata da gestão ambiental neste tipo de estabelecimento. Há
referências sobre Educação Ambiental e principalmente sobre o aspecto
pedagógico do
assunto.
Para compreender
melhor a linha de estudos das primeiras escolas no Brasil, é necessário
compreender que durante o período renascentista, houve uma grande preocupação com a educação, pois segundo Aranha (1993,
p.104) "Educar-se torna-se uma questão de moda e uma exigência dentro da
nova concepção do homem".
Neste mesmo período,
que é o apogeu do renascimento dos estudos clássicos, é que é fundada em 1534,
pelos jesuítas, a Companhia de Jesus, que terá
um papel decisivo na educação no Brasil. As
primeiras escolas no Brasil foram implantadas pelos jesuítas em 1549.
No período colonial
sua missão era catequizar os índios e preparar os jovens da pequena elite a
cursarem as universidades européias (LIBÂNEO, 2003, p.167).
Segundo Oliveira
(2003, p.21), "Durante 210 anos, os apóstolos da Companhia de Jesus foram
os únicos educadores que a Colônia conheceu". Isto mudou em 1759, quando
os jesuítas foram expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal. Embora o trabalho
dos clérigos fosse criticável, sua expulsão gerou uma situação caótica no ensino
e o abandono de uma rede composta por 25 residências; 36 missões e 17 colégios
e seminários (CERVI, 2005). Ainda segundo Cervi (2005, p.47), esta "lacuna",
aberta pela expulsão dos jesuítas, foi preenchida pelo,
(...) poder estatal [que] assumiu a
responsabilidade pelo problema educacional financiando-o em sua grande parte.
Faz-se, então, a transição de uma estrutura de monopólio clerical a uma pretensa
estrutura mista, estatal e particular. Escolas independentes e professores
particulares preenchem parte do vazio educacional que se instalou.
Estas escolas
independentes pertenciam a outras congregações como a dos carmelitas,
beneditinos e franciscanos. Apesar disto, o vazio educacional instalado se tornou
um grande desafio no período colonial, pois foram vários os fracassos de intervenções
na educação durante este espaço de tempo. Mesmo com a vinda da família
real para o Brasil, o ensino pouco mudou, com exceções louváveis, como a criação
da Biblioteca Nacional, de Liceus e de alguns cursos superiores, como o de Médicos-Cirúrgicos,
Economia e de Química.
Após a independência
do Brasil, surgem alguns cursos jurídicos. Há também a criação do mais
importante Liceu, o Colégio D. Pedro II no Rio de Janeiro, que funciona até
hoje.
Passados alguns anos,
o Brasil torna-se uma República e um forte sentimento nacionalista domina o
campo da educação, que, apesar disto, implementaria inúmeros projetos eivados
de contradições.
Esta situação persiste
até a década de 20, realçando o caráter elitista. É neste momento, que a
preocupação com a educação da população começa a tomar forma (LIBÂNEO, 2003).
A partir de 30, o país
começa a desenvolver a sua indústria,
fato este originado na quebra da Bolsa de Nova York
em 1929, que mergulhou o Brasil na crise do café. Nesta década, "(...) a
educação alcança níveis de atenção nunca antes atingidos, quer pelos movimentos
dos educadores, quer pelas iniciativas governamentais, ou pelos resultados
concretos" (ARANHA, 1993, p.244).
Com uma preocupação
maior com a educação e com o número crescente de escolas, é criado em 1930, o
Ministério de Educação e Saúde, que teve uma ação mais objetiva, oferecendo uma
estrutura mais orgânica aos ensinos secundários, comercial e superior (LIBÂNEO,
2003). Com a industrialização, o país necessitava de um melhor preparo dos
trabalhadores. Segundo Aranha (1989) (apud LIBÂNEO, 2003, p.134): "Em 20
anos, as escolas primárias dobraram
em número e as secundárias quase
quadruplicaram. As escolas técnicas multiplicaram-se – de 1933 a 1945, passaram
de 133 para 1.368, e o número de matrículas, de 15 mil para 65 mil".
Com o Estado Novo há um revés nesta situação, pois o governo desobrigou-se
a manter e expandir o ensino público (CERVI, 2005). "Também, ratificou o
dualismo da escola brasileira, ao introduzir uma legislação que separava os que
podiam estudar daqueles que deveriam estudar menos e ingressar no mercado de
trabalho" (CERVI, 2005, p.57).
Já na segunda
república, acontecem debates nunca vistos, em torno do anteprojeto da Lei de
Diretrizes e Bases – LDB, pois os educadores desejavam a reorganização da
educação com a adoção de propostas, como a da descentralização do ensino;
incremento dos recursos financeiros; estabelecimento da continuidade do ensino
entre outras (CERVI, 2005). Enquanto isso, no início da década de 60, diversos
movimentos sociais sacodem o Brasil e são violentamente reprimidos pelo regime
militar (ARANHA, 1993).
A segunda república
chega ao fim com o golpe militar de 1964 e devido a este fato todas as decisões
educacionais voltam a serem centralizadas, apesar da Lei 5.692 de 11 de agosto
de 1971, que prescreve a passagem gradativa do ensino fundamental para os
municípios, mas ainda com forte dependência em relação à União. Além disto,
Libâneo (2003) cita Casassus (1995), "(...) o processo de descentralização
coincidiu com a universalização da cobertura escolar, isto é, iniciou-se quando
se passou da preocupação quantitativa para a busca da qualidade na
educação" (LIBÂNEO, 2003, p.137), resultando em uma rede de escolas
públicas com qualidade variável (LIBÂNEO, 2003).
Apesar disto e mesmo
com o final do regime militar no início da década de 80, ainda havia milhões de
alunos fora da escola por falta de vagas, resultando na procura, principalmente
das famílias de classe média, do ensino particular.
Depois de vários anos
em tramitação no Congresso Nacional, em dezembro de 1996 foi sancionada a nova
LDB. O texto desta nova Lei é "(...) contudo, mais sintético, mais aberto,
mais flexível, mais condizente com os novos tempos, (...)" (OLIVEIRA,
2003, p.35), apesar de apontarem contradições, em conceitos, inadequações
pedagógicas, resquícios de tradicionalismo, omissões e excessos (OLIVEIRA,
2003). Mesmo com inúmeras críticas e elogios à atual LDB, ela representa uma
maior possibilidade de ensinar de acordo com o ambiente em que se vive. Muito
ainda será discutido, mas foi um passo na evolução da qualidade de ensino no
Brasil.
Deve ser observado que
no período compreendido entre os anos de 2002 e 2005, houve uma redução de
quase 7.000 estabelecimentos de ensino básico, apesar do número de alunos ter
aumentado. Possivelmente, isso seja um reflexo do que as escolas particulares
têm passado nos últimos anos frente à inadimplência e às chamadas "crises
econômicas" que o país têm enfrentado.
Um outro possível
fator desta redução do número de escolas é a transferência dos filhos da classe
média para as escolas públicas devido às altas mensalidades cobradas nas
instituições particulares. Independente das causas, conclui-se que em 2002 havia
quase 256 alunos por escola e que em 2005, este número saltou para aproximadamente
273. Ou seja, as escolas estão mais cheias, aumentando a possibilidade de
ocorrência de acidentes devido ao ambiente escolar, mesmo que o número de
alunos por professor tenha caído de 22,61 para 21,80, lembrando, que atualmente
é muito comum o professor possuir vínculo com mais de uma instituição simultaneamente.
Como no ensino básico,
possivelmente há um grande número de professores universitários ministrando
aulas em mais de uma instituição, significando o aumento de sua carga horária
em sala e a diminuição do tempo dedicado à pesquisa.
Embora tenha havido,
uma mudança de governo, teoricamente de base política diferente, a tendência de
incremento quantitativo no número de instituições do ensino superior não
conheceu mudança.
Apesar dos problemas
atuais de qualidade do ensino no país, este breve histórico mostra que nenhum
outro setor econômico tem a capacidade de influenciar um número tão grande de
cidadãos. São milhões de alunos, professores e funcionários interagindo
diariamente nas escolas brasileiras. Por isso é importante deixar claros alguns
dos principais objetivos da escola na sociedade contemporânea.
Segundo Libâneo, Scholé é um termo grego que significa "lazer,
tempo livre" (LIBÂNEO,2003, p.167) de onde origina no português a palavra
escola, significando "Estabelecimento público ou privado onde se ministra
sistematicamente ensino coletivo" (CUNHA, 1992, p.315). É no mínimo
irônico o caminho de transformação do significado da palavra.
Portanto, a educação ministrada na escola deve
ser compreendida como um processo de aprendizagem e de mudança que influenciará
diretamente o comportamento e a maneira de pensar do aluno, facilitando o
acesso ao patrimônio cultural que é o seu direito se apropriar. As experiências
por ele vivenciadas no ambiente, principalmente escolar, também são uma das
formas de aprendizagem, que, em algumas ocasiões, pode ser negligenciada pelas
próprias instituições de ensino. Feltrin (2004, p.90) cita Correia (2001):
Além de nos preocuparmos com os ambientes
acadêmicos propriamente ditos, mais orientados para as matérias escolares,
devemos nos preocupar também com os ambientes socioemocionais (atitudes dos
professores, atitudes dos pais, atitudes dos alunos, interações),
comportamentais (regras da escola, regras da classe) e físicos (condições
físicas da escola, barreiras horários, organização das salas de aula), uma vez que
nestas nossas preocupações pode residir a diferença entre respostas adequadas e
inadequadas para estes alunos.
A instituição de
ensino não pode ser confundida como um "negócio" com o objetivo de
apenas dar lucro. "A escola não é uma empresa. O aluno não é cliente da
escola, mas parte dela. (...) Escola não é fábrica, mas formação humana" (LIBÂNEO,
2003, p.117). Ela possui uma cultura própria, muito diferente de uma indústria
ou de outros prestadores de serviços, como Libâneo (2003, p.320) afirma ao
citar o sociólogo francês Forquin (1993),
A escola é, também, um mundo social, que tem suas
características de vida próprias, seus ritmos e seus ritos, sua linguagem, seu
imaginário, seus modos próprios de regulação e de transgressão, seu regime
próprio de produção e de gestão de símbolos.
Certamente, o universo
escolar constitui um espaço privilegiado para a disseminação do conhecimento na
área de prevenção de acidentes e de preservação do meio ambiente.
Pode-se observar que
historicamente, principalmente no Brasil, não há praticamente nenhuma
preocupação formal com a saúde e segurança do corpo docente e dos funcionários
técnico-administrativos, bem como dos alunos em um ambiente escolar. Muito
menos a preocupação com o impacto ambiental que uma instituição de ensino pode
provocar.
Possivelmente esta
ausência nas discussões sobre estratégias na gestão escolar não chame atenção
devido aos baixos índices de acidentes do trabalho no setor.
Mas em uma escola onde
se preparam pessoas para os desafios do futuro não há possibilidade de ficar
parado com relação a estes cuidados, baseados em estatísticas presentes ou em
lembranças do passado, quando não havia esta preocupação já que "nunca
acontecia nada".
Portanto, pensando no
futuro, a necessidade de uma gestão que integre as áreas de saúde e segurança
do trabalho com a de meio ambiente é imperativa, ou seja, é preciso que se
estudem as consequências e métodos para o cumprimento de seus respectivos
objetivos que nada mais são que a preservação do ser humano ou do meio ambiente,
pois há muito tempo que estas áreas caminham juntas. É praticamente impossível
não se relacionarem, quando em acidentes ou levantamentos ambientais.
Apesar disto, somente
nos últimos anos é que em algumas organizações a preocupação com estas áreas começou
a ser discutida em conjunto, como um mesmo tópico compartilhando
responsabilidades. Um dos motivos deste "atraso" era a "(...)
carência de pessoal, de pesquisa e de especialistas voltados para entender os
problemas da poluição, de saúde e de segurança nas organizações
industriais" (DEMAJOROVIC, 2003, p.60).
Devido a este novo
cenário, algumas organizações (principalmente as ligadas à industria) estão
adotando a metodologia do Sistema Integrado de Gestão – SIG, que é a integração
das certificações ISO 9.001
(qualidade), ISO 14.001 (meio ambiente) e da BSI OHSAS 18.001
(saúde e segurança no trabalho).
Alguns de seus
objetivos são minimizar custos e ampliar a visão socioambiental de seus colaboradores.
A utilização de um SIG é possível, pois as normas se baseiam nos mesmos
conceitos, alterando apenas o foco, já que todas visam à melhoria contínua com
base no ciclo do PDCA (Planejar, Desenvolver, Checar e Analisar).
No caso de uma instituição
de ensino que adote a integração destas áreas, todo o planejamento referente a
obras, procedimentos e outras ações, deverá levar em consideração o aspecto de
preservação do meio ambiente e a prevenção de acidentes, não esquecendo neste
caso da segurança dos alunos no estabelecimento.
A escola precisa
mostrar atitude como uma "educadora ambiental" e, portanto, medidas
práticas devem ser tomadas, mais do que apenas ensinar encerrado em uma sala de
aula o que deve ser feito. Ações como a racionalização dos recursos com o
reaproveitamento e redução do consumo de água e luz; Plano de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos - PGRS; trabalhos de conscientização de consumo de máquinas
fotocopiadoras e consequentemente do uso de papel; programas para os descartes
de produtos de limpeza, de ambulatório e de laboratórios de Química e de
Biologia; instalação de Estação de Tratamento de Esgoto - ETE e muitas outras
medidas, quando implantadas, são visíveis aos olhos da maioria das pessoas.
Isto seria o exemplo prático de uma ação tomada em defesa do meio ambiente, por
parte de uma instituição que visa de fato à formação integral do indivíduo como
deve ser um estabelecimento de ensino.
Uma grande vantagem da
integração de estratégias em uma instituição de ensino refere-se à capacitação
dos profissionais envolvidos, pois neste caso, a presença de profissionais de
todas as áreas se dá, pois segundo Demajorovic (2003, p.30),
Formar e treinar pessoas nas organizações para essa
nova realidade depende de um aprendizado na integração de diversas áreas
organizacionais e do conhecimento. Equipes multidisciplinares envolvendo
especialistas de diferentes setores como pesquisa e desenvolvimento, produção,
manutenção, laboratórios, meio ambiente, saúde e segurança são essenciais para
reduzir a distância entre a geração do risco, seu entendimento e seu processo
de mitigação.
O ser humano necessita
da natureza para a sua sobrevivência, "Daí, a inserção desta nova
filosofia, vista pela ótica de salvaguardar o meio ambiente salvaguardando concomitantemente
a espécie humana" (ALMEIDA, 2004, p.193).
Independente de se
integrar ou não estas estratégias, ou até mesmo delas ainda não existirem, de
nada adiantará implementá-las se a direção ou um gestor não estiver
visualizando a sua real necessidade para a instituição. Portanto, a adoção e o
comprometimento com estes modelos de gestão devem ser originários da cúpula e
direcionando para todos os demais níveis organizacionais.
O papel do gestor não
é administrar as pessoas e, sim, administrar com as pessoas. Infelizmente
muitos gestores desconhecem a necessidade de políticas e de
estratégias de saúde e segurança do trabalho que
atendam aos empregados, assim como de medidas de preservação ambiental de sua
própria organização.
Muitas vezes ele discorda,
por falta de noção do assunto, das reivindicações dos responsáveis pelas
gestões. Portanto, a falta de ações adequadas devido à carência de informações
ou até mesmo por negligência pode ser literalmente fatal em uma organização.
Mas em muitos casos não
é negligência do gestor quando desconhece as verdadeiras condições de trabalho
em sua empresa. Ele as ignora porque não sabia que tinha de conhecê-las. Não
sabe para que servem os vários programas de prevenção, sobre a utilização de
EPI's, funcionamento da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA,
preservação ambiental, PGRS, entre outros tópicos,
pois são poucos os ensinamentos básicos sobre estas
áreas passados a estes profissionais, principalmente durante a sua formação
acadêmica.
Entretanto, o gestor
de uma instituição de ensino não é apenas o administrador dos recursos
existentes, mas também um educador com um papel chave na formação dos alunos,
exigindo e dando condições de segurança a seus funcionários no ambiente
existente.
O gestor deve conhecer,
aprender a lidar e minimizar ao máximo os riscos existentes em sua organização,
tanto com seus funcionários como com o processo de trabalho existente, pois sem
este conhecimento, decisões erradas podem ser tomadas eventualmente, causando
perdas de rentabilidade ou de investimentos, e pior ainda, a perda de vidas.
Portanto, o gestor
deve apoiar e colaborar com a elaboração e implantação de estratégias
prevencionistas e preservacionistas, como pode se confirmado pela citação de
Salgado e Cantarino (2006, p.266), "Sem o comprometimento da Direção, a
implantação de qualquer sistema de Gestão, seja ele da Qualidade, Ambiental ou de
Segurança e Saúde Ocupacional está fadado ao insucesso".
Considerações
Finais
Apesar de todos os
avanços na instituição de ensino em estratégias de saúde, segurança do trabalho
e meio ambiente ainda há muitos pontos pendentes como uma melhor abrangência do
SESMT nas atividades internas.
Há também aspectos
envolvendo a cultura organizacional que devem ser repensados, como a utilização
de EPI's pelos próprios funcionários, que por vezes subestimam os riscos existentes
no seu ambiente de trabalho.
Devido a isto, é
necessário um trabalho de conscientização entre todos o profissionais da
instituição, pois além de terem de agir corretamente para dar o exemplo, o
ambiente escolar deve ser funcional e seguro.
Este é possivelmente o
principal ponto a ser melhorado e também um dos mais complexos, pois envolve uma
característica de nossa sociedade, que é a de agir reativamente a algum fato, seja
ele prevencionista ou preservacionista. Infelizmente, age-se muito pouco preventivamente.
Com relação aos
treinamentos (independente se sobre saúde e segurança no trabalho ou sobre o
meio ambiente), observa-se a dificuldade de abranger a todos de um mesmo setor,
principalmente os de zeladoria e de inspetoria de alunos, devido à alta
rotatividade de funcionários nestas funções.
Portanto, há no âmbito educacional, apesar de
algumas dificuldades, o desenvolvimento de estratégias que estão sendo bem
sucedidas nas gestões de prevenção de acidentes e de preservação do meio
ambiente envolvendo tanto funcionários como alunos.
Este é um ponto que
pode diferenciar algumas escolas da rede pública da maioria das instituições de
ensino de que tivemos notícia, pois são poucas as que possuem este tipo de
preocupação, um pequeno avanço de mudança cultural nas futuras gerações de
trabalhadores e empresários.
Alguns dos resultados
destas estratégias só poderão ser revelados daqui a alguns anos, quando estes
alunos que hoje estão se espelhando em um comportamento para a formação de seus
próprios conceitos agirem corretamente quando as temáticas forem de segurança e
meio ambiente.
Faz-se necessário
também preparar melhor os funcionários, principalmente os professores, em
métodos de identificação de riscos aos quais os alunos podem ficar expostos e
dar uma atenção especial aos do ensino infantil, que são os mais inexperientes
com relação à segurança, como foi comprovado neste trabalho. Isto demonstra a
necessidade de um estudo profundo para conscientização de todos os profissionais
independente do cargo que ocupam e da escolaridade, transformando as gestões de
meio ambiente e de prevenção de acidentes em políticas da instituição. Deve-se
lembrar, além disso, que a mudança de comportamento não acontece somente com a
informação.
O gestor de uma escola
deve ter em mente, além dos conhecimentos pedagógicos e financeiros –
essenciais para este cargo, noções sobre saúde e segurança do trabalho e meio
ambiente, pois, como se pode verificar, há inúmeras variáveis que podem
ocasionar algum acidente dentro da instituição e, dependendo da gravidade
deste, ele pode significar o fim de um estabelecimento, principalmente pela
corrosão de sua imagem perante a sociedade.
REFERÊNCIAS
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[1] Aluno do Curso Lato Sensu em Gestão Pública, da Faculdade
de Tecnologia Equipe Darwin/Brasília-DF. Graduado em Gestão Pública/Centro
Universitário - UNINTER. Funcionário público/Fiscal de transportes. Secretaria
de Trânsito e Transporte do município de Uberlândia-MG.
[2] Professor Orientador da Faculdade de
Tecnologia Equipe Darwin/Brasília-DF. Especialista de Educação. Psicólogo
Clínico. Doutor em Teologia. Diretor da Consultoria SELF.
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