AS ESPIRITUALIDADES EM
ALGUMAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS
Espiritualidades
nas Tradições Indígenas
Nas
Tradições Religiosas Indígenas de modo geral, as espiritualidades são de cunho
ritualístico nas quais os mitos são revividos pela comunidade, os momentos importantes
da vida são celebrados com intensa emotividade de modo que os participantes
realizam uma profunda experiência de unicidade com a própria divindade suprema
ou com os espíritos da natureza invocados.
Geralmente,
as práticas religiosas indígenas são constituídas de ritos de defumação,
entoação de cantos acompanhados com instrumentos musicais, incorporação de
espíritos da natureza, transe e uso de bebidas (enteógenas) preparadas com
plantas consideradas sagradas.
As
espiritualidades indígenas vinculam-se ao respeito e consideração que eles têm
para com a Mãe Terra, para com toda a Natureza. Trata-se de uma relação de
caráter transcendental e não apenas físico.
Segundo
Eliane Potiguara essa relação “... vai muito mais além do que o sentido de
"ter" e sim, de "pertencer a um conjunto de princípios", de
"relacionar-se", de "envolver-se", de "comungar-se no
diálogo" entre Ser Humano e o Diamante Interno”. (Site
www.elianepotiguara.org.br acesso em 21 de setembro de 2007).
Lúcio
Paiva Flores, índio Terena, afirma que a “... religiosidade indígena é a
experiência do mergulho no sagrado sem estar sobrecarregado de culpas ou
enfrentando o olhar ameaçador de Deus”. (FLORES, p. 14, 2003). Nas palavras do
mesmo autor, para os indígenas o Grande Espírito está sempre solícito “... para
apoiar, desenvolver uma amizade, encorajar, torcer e até aplaudir; ou ainda
para sofrer, e, se necessário, chorar junto”. Essa comunhão, fusão ou mergulho
no sagrado da natureza aparece também nas diversas lendas e mitos como a lenda
da vitória-régia.
A
vitória-régia é uma planta aquática que faz parte da paisagem amazônica e está
ligada a uma curiosa lenda indígena.
“Era
uma vez, um grupo de jovens índias que eram tão fascinadas pela lua e pelas
estrelas que decidiram encontrar uma forma de tocá-las. Acreditavam que se
conseguissem fazer isso, poderiam se tornar uma delas. Assim, elas tentaram
subir por um morro, mas não deu certo. As jovens, persistentes, a cada noite
procuravam sempre os lugares mais altos, mas o céu continuava distante. Uma das
índias, a mais sonhadora delas, estava tão desiludida, que uma noite, ao ver a
lua refletida no lago, resolveu mergulhar ao seu encontro e desapareceu nas
águas profundas. A lua lá no céu, comovida com o gesto da jovem, decidiu
transformá-la numa grande e bela flor, que ficaria para sempre na superfície
das águas, como a refletir a imagem lunar: nascia a vitória-régia".
Uma
prece da tradição indígena
“Ó
Grande Espírito, transformador de todas as coisas: seres humanos, árvores,
ervas, frutos selvagens. Ajuda-nos. Sê cheio de bondade para conosco. Permita
que sejamos felizes na Terra. Permita que conduzamos nossos filhos pelos
caminhos retos até a idade venerável. A este povo, dá-lhe um espírito de amor,
para que nos amemos uns aos outros. Ó Grande Espírito, cumula-nos de tua
bondade. E então, nos reencontraremos de novo.
“Ó
Grande Espírito, é isso que te pedimos.” Prece dos índios Blackfoot, do Canadá.
Texto publicado pela CONIC na celebração “Construir a comunidade, um só corpo
em Cristo.” EP/1989.
Espiritualidades
nas tradições Afro-Brasileiras
Algumas
espiritualidades nas tradições Afro-Brasileiras são as oferendas, os cantos, os
banhos de cachoeira, as danças ao som de instrumentos (atabaques) cujas
vibrações sonoras e rítmicas produzem transes nos praticantes destes cultos. Os
sons dos atabaques são importantes no processo de contato com as entidades
espirituais ou Orixás.
Existem
diversos grupos afro-brasileiros. Candomblé e Umbanda são os mais difundidos em
todo o Brasil.
Candomblé
As
práticas religiosas do Candomblé são realizadas ao ritmo de atabaques e cantos
em idioma iorubá ou nagô, que variam de acordo com o Orixá que está sendo
cultuado. Essas cerimônias são realizadas nas casas ou nos templos conhecidos
como "terreiros".
A
origem da denominação “terreiros” reporta-se ao passado quando os africanos
escravizados abriam clareiras na mata chamadas “terreiros” para poderem
realizar seus cultos aos Orixás. As práticas religiosas comunitárias são
dirigidas por um sacerdote (que tem o nome africano de babalorixá) ou uma
sacerdotisa (ialorixá).
As
divindades (Orixás) se manifestam por meio destes sacerdotes, também chamados
pais e mães de santo para expressar e doar a energia vital ou axé. Também são
feitas, pelos participantes do culto, consultas espirituais através do jogo de
búzios (um tipo de concha do mar que é usada como um oráculo para orientar e
fazer previsões).
Atualmente,
os terreiros de Candomblé com maior proximidade com o Candomblé original, estão
no Estado da Bahia.
Com
o tempo, o Candomblé foi adquirindo características próprias em diferentes
contextos e regiões do Brasil, surgindo diferentes formas de culto. Assim,
surgiu o Candomblé de Caboclo, por exemplo, que é um ritual que integra
elementos da cultura caipira e dos indígenas brasileiros.
Umbanda
No
início do século XX, algumas décadas depois da abolição da escravatura no
Brasil, teve origem na cidade do Rio de Janeiro, o culto afro-brasileiro
denominado de Umbanda. A Umbanda incorpora práticas do Candomblé, da Pajelança
Indígena, do Catolicismo, do Espiritismo e do Esoterismo.
É
uma religião tipicamente brasileira bastante popular. Os cantos ao som dos
atabaques são feitos no idioma português e não nas línguas ou dialetos
africanos. São recitadas fórmulas de preces, usa-se defumação com ervas e
incenso, são traçados pontos no chão do templo.
Os
pontos são desenhos simbólicos que representam o tipo de energia que se está
evocando para o pleno êxito dos trabalhos espirituais. Alguns centros de
Umbanda dão grande ênfase aos trabalhos espirituais de cura que são realizados
pelos médiuns. Nos templos ou centros existe geralmente um altar com imagens
católicas e imagens de entidades como índios, caboclos, baianos, entre outros.
Esse altar é adornado com flores, ervas e velas acesas.
Na
crença da Umbanda, o universo está povoado de entidades espirituais que podem
se comunicar através de uma pessoa iniciada e que possui o dom da mediunidade.
Essas entidades espirituais, também chamadas guias, se manifestam nos médiuns
como pomba-gira, caboclo, preto-velho, baiano, cigano, etc.
O
caboclo é a representação do índio brasileiro e o preto-velho representa o
negro no cativeiro que, mesmo em meio aos horrores da escravidão, manteve um
espírito de bondade e sabedoria, atingindo assim, um elevado estado de
iluminação espiritual.
Meditação
nas Tradições Orientais
Nas
tradições religiosas de matriz oriental como o Hinduísmo, o Budismo entre
outras, bem como as tradições místico-filosóficas dão grande ênfase à meditação
no processo do autoconhecimento e iluminação interior.
A
prática do Yoga, que significa união com o Absoluto, é de fundamental
importância em diversas vertentes do Hinduísmo. Yoga é a ciência da meditação
ou do autoconhecimento. Meditar significa aquietar e acalmar o corpo, a mente e
as emoções. “O Yoga (pronuncie Yôga, com ô fechado) é uma antiga filosofia de
vida que se originou na Índia há mais de 5000 anos. Não obstante, ele figura
ainda hoje em todo o mundo como o mais antigo e holístico sistema para colocar
em forma o corpo e a mente. Literalmente, Yoga significa união, pois ele une e
integra o corpo, a mente e nossas emoções para que sejamos capazes de agir de
acordo com nossos pensamentos e com o que sentimos. Juntamente com o
fortalecimento do corpo físico e o desenvolvimento da flexibilidade, o Yoga nos
induz a um profundo relaxamento, tranquilidade mental, concentração, clareza de
pensamento e percepção interior”
(http://www.yogasite.com.br/ yogasite/yoga.htm
- Acesso em 22 de setembro de 2007).
Muitas
pessoas meditam para sintonizar-se com o seu Eu superior buscando o equilíbrio,
a harmonização e a serenidade. Outras meditam com o propósito de estabelecer
uma conexão com o sagrado presente no seu interior. Assim, a prática da
meditação pode ter ou não uma conotação de cunho religioso.
Existem
várias técnicas de meditação mas, basicamente, para meditar a pessoa é
orientada a sentar-se em uma postura confortável, coluna reta, olhos fechados e
a atenção concentrada no ato de inalar e expirar o ar. Poderá também fixar sua
atenção em algum objeto simbólico, uma flor, uma vela acesa, uma imagem sagrada
ou uma mandala.
O
que são mantras? “A palavra mantra deriva da raiz "man", que pode
significar mente. A ela se junta o sufixo tra, que quer dizer liberar. Assim,
mantra pode ser definido como instrumento para a liberação da mente. A
consciência deixa de se alocar em patamares da mente racionalista e lógica para
adentrar em níveis mais profundos, sutis e elevados e o mantra produz energia
para esta elevação.
De
outra maneira, pode ser dito que os mantras protegem nossas mentes de maus
pensamentos.
O
mantra é também utilizado para promover a cura, solucionar problemas, conseguir
proteção, direção espiritual e manifestar desejos. As repetições rítmicas e
contínuas produzem vibrações que despertam energias específicas. É utilizado,
também, para desintegrar os condicionamentos. Eles proporcionam estabilidade do
pensamento e a expansão da consciência.
Há
diversos tipos de mantras. O Kirtan é o mantra cantado, melódico. O japa é o
mantra repetido em tom de murmúrio. Para a prática do Japa, os yoguins utilizam
o mala, que é um cordão de contas - também chamado de cordão de energia. Ele
contém 108 contas.
Orar
repetidamente tem a finalidade de magnetizar as energias ou atributos de uma
determinada divindade ou arquétipo. Existe também, o mantra chamado Bija, que é
o mantra semente.
Cada
Chakra tem o seu Bija Mantra e pode ser estimulado pelo som deste mantra. A
idealização que acompanha a pronúncia do mantra - ou a idéia que ele representa
- é incorporada à mente do adepto. A cada estado de realização corresponde um
som determinado, que é a sua semente.
Por
exemplo, o mantra Om induz à identificação com a Alma Universal. O mantra Om
Namah Shivaya, à aproximação com o arquétipo de Shiva. Dessa forma, através das
diversas vibrações sonoras do universo, assimilam-se diretamente conhecimentos
e experiências essenciais para atingir os estados supraconscientes.
Os
mantras são representações sonoras das Divindades, assim como as imagens são
suas representações formais.
Segundo
vários textos clássicos, o Universo é formado por 50 vibrações-mães. Essas
vibrações formam o caminho dos sons cósmicos. Cada um dos mantras atua no
Universo interno ou externo. O mantra Om é o mais importante de todos os
mantras, pois ele é considerado a síntese de todos os sons que derivam dele”. (http://www1.uol.com.br/bemzen/ultnot
/autoconhecimento/ult486u109.htm - Acesso em 23 de setembro de 2007).
Espiritualidades
no Budismo
As
práticas espirituais budistas consistem em rituais de oferendas de flores,
velas, frutas e incenso, que são colocados em um altar em honra de Buda.
A
meditação ocupa o centro da prática espiritual dos budistas, podendo ser feita
individualmente ou em grupo. Usam também cordão de contas (mala) com 108
contas, um número considerado sagrado. O “rosário” serve para contar os
mantras, enquanto são entoados. Os mantras ajudam na concentração e acredita-se
que pronunciá-los ou entoá-los traz harmonia e paz de espírito.
Om
mani padme hum é um importante mantra entoado pelos budistas no mundo todo.
Acreditam que, por meio desta prática espiritual, é possível estabelecer
comunhão com milhões de seguidores budistas espalhados pelo mundo que também
entoam este mantra, contribuindo assim, para a expansão da consciência da paz e
da compaixão.
Om
– representa as dimensões do corpo, da fala, do espírito e da essência de toda
forma de esclarecimento. A entoação deste monossílabo promove a libertação dos
estados negativos da mente. Mani – seu significado relaciona-se ao estado de
amor e compaixão que todo budista deve almejar atingir.
Padme
– é a flor de lótus, flor que nasce na água do lodo e não se macula. Ao
desabrochar no pântano revela sua essência: beleza e perfume. Assim, o lótus
representa a realidade espiritual de cada ser humano que deve ser a expressão
da compaixão por todos os seres. A flor de lótus é a flor do conhecimento e da
sabedoria.
Hum
– representa o esclarecimento. Seu efeito é de estabilização e purificação do
espírito.
Uma
oração budista
“Que
todos os seres sejam felizes, Estejam onde estiverem, Sejam fracos ou fortes,
Altos, baixos ou medianos, Pequenos ou grandes. Que todos, sem exceção, sejam
felizes. Seres visíveis ou invisíveis, Aqueles que moram perto ou longe.
Aqueles que nasceram E aqueles que ainda estão por nascer. Que todos os seres
sejam felizes.”
(Prece
extraída do texto sagrado Sutra, é recitado para despertar a compaixão por
todos os seres).
O
que são mandalas? A mandala é um desenho em forma de círculo, também usado em
técnicas de meditação contemplativa. A pessoa permanece com o olhar fixo no
centro da mandala por algum tempo em postura meditativa.
O
objetivo é desenvolver a concentração e promover a expansão da consciência. Uma
mandala, entre outros significados, representa expansão da consciência, da
criatividade, da compaixão e do amor por todos os seres do universo.
A
mandala é tida como um círculo sagrado da unidade, cuja contemplação pode
favorecer um estado de elevação espiritual. A palavra mandala significa também
círculo mágico que pode revelar o Eu Superior; é considerada uma ponte para
dimensões superiores; serve para inspirar a pessoa que a contempla a ir ao
centro de sua própria Essência Divina. É considerada também como um canalizador
de energia de Luz e de Cura e uma representação da totalidade, da integração e
da harmonia.
“A
palavra MANDALA vem do sânscrito de origem hindu, e quer dizer círculo mágico”,
um círculo de energia.
A
Mandala é constituída por desenhos geométricos - basicamente círculos,
quadrados e triângulos - que se inscrevem uns aos outros formando ou se
entrelaçando a imagens simbólicas formando um grande círculo contendo várias
imagens significativas. A Mandala é a expressão visual do retorno à Unidade
pela delimitação de um espaço - o espaço dentro do círculo - símbolo do
"espaço sagrado". A circunferência que delimita a Mandala tem como
origem o próprio ponto central e limita esse espaço circular separando-o do
restante do Todo. Este espaço então é preenchido com várias imagens
representativas das mais variadas ligações simbólicas, resultando numa
representação gráfica da relação dinâmica entre o Homem e o Cosmo.
Desde
os tempos mais remotos até os dias de hoje, as Mandalas são usadas como focos
de meditação, para atrair abundância material e sorte nos negócios, para
amenizar as dificuldades, para captar energia, harmonizar o ambiente e
transformar vibrações negativas em positivas.
A
função da MANDALA pode ser direcionada para o autoconhecimento e
desenvolvimento espiritual (mandalas direcionadas ou específicas), prosperidade
pessoal, para atrair relacionamentos harmoniosos (Mandala Pessoal), para
harmonização entre elementos humanos como casais, sócios, pais e filhos
(Mandala do Relacionamento), bem como para obter êxito material profissional
e/ou empresarial (Mandala da Prosperidade)” (http://annalu_frussa.sites.uol.com.br/oqueemandala.htm
- Acesso em 22 de setembro de 2007).
A
prática da mentalização
A
mentalização de pensamentos positivos é uma técnica ou espiritualidade
utilizada por muitas pessoas em diversos grupos filosóficos e religiosos. “O
homem é aquilo que ele pensa em seu coração” (Charles
Lucien de Liévre, p. 119, 2001).
Sendo
assim, é mediante o uso consciente do pensamento que o ser humano pode criar ou
recriar uma realidade de realização e felicidade em sua vida. Pensar
positivamente, portanto, significa ater-se conscientemente ao uso da força do
pensamento para construir uma vida de felicidade, harmonia, paz e prosperidade
em todos os sentidos. Isto requer pensar e agir com consciência, deixando-se
guiar pela intuição e pela razão de um modo equilibrado.
Algumas
filosofias de vida afirmam que a consciência em cada pessoa é algo divino e é
com o uso consciente do pensamento criador e positivo, que qualquer ser humano
pode transformar e engrandecer sua vida.
Exemplos
de afirmações para a mentalização
Sou
imensamente agradecido à Vida e ao Universo por tudo o que sou e o que tenho,
pelo privilégio de servir à Luz e promover a minha própria evolução espiritual.
Sou parte da Grande Vida do Universo. Eu sei e sinto que todas as forças do
Universo conspiram ao meu favor. Eu sou um ser magnífico, sábio, belo e
plenamente feliz. Neste momento, mentalizo e crio em minha vida uma realidade
plena de saúde, paz, prosperidade, harmonia, equilíbrio e perfeição. Recebo com
alegria e gratidão todo o bem que flui para minha vida das fontes infinitas do
Céu e da Terra. Irradio luz, amor e paz para todas as vidas do Universo.
Em algumas tradições religiosas e
místico-filosóficas como a Seicho-NoIe, o Círculo Esotérico da Comunhão do
Pensamento, entre outras, a prática da mentalização diária de pensamentos
positivos é bastante incentivada, constituindo-se em uma forma de
espiritualidade. Seicho-No-Ie (Lar do Progredir Infinito) é uma tradição
religiosa de origem japonesa presente no Brasil. Divulga e incentiva as pessoas
a serem agradecidas e a terem uma atitude positiva frente à vida.
Eis
um exemplo de técnica de mentalização da Seicho-No-Ie:
Em
postura correta, mãos justapostas, a pessoa é orientada a imaginar que uma Luz
Divina a envolve expandindo-se por toda parte a partir dela e então deve
pronunciar a seguinte afirmação: “Todo o meu ser é preenchido pela vida de
Deus! Eu sou a própria vida de Deus!
Não
sou uma coisa vulnerável aos micróbios ou ao clima! Sou eternamente um ser
espiritual perfeito e harmonioso! Eu sou saudável, exatamente como Deus me
criou... Uma vez que Deus me criou saudável, nada poderá tornar-me doentio. Eu
sou realmente saudável!”
(Watashi
wa Kooshite Inoru, p. 84).
Espiritualidades
na Tradição Cristã Católica
Rezar
significa recitar ou ler com introspecção, fórmulas ou textos de orações, mas
há também orações espontâneas nas práticas devocionais dos católicos.
O
Sinal da Cruz, o Pai Nosso, o Credo, a Ave Maria, o Glória, a Salve Rainha, o
Santo Anjo, são algumas das principais orações recitadas pelos católicos.
O
ato de fazer a prece chama-se rezar, diferentemente dos evangélicos que usam o
termo orar. Uma das formas de espiritualidade entre os católicos muito
difundida é a reza do rosário, por meio do qual são meditados os mistérios ou
grandes acontecimentos da vida de Jesus. Uma das possíveis origens do rosário
está relacionada a recitação dos 150 salmos da Bíblia pelos monges,
substituídos pelas fórmulas de orações mais conhecidas pelo povo.
Espiritualidades
na Tradição Cristã Ortodoxa
As
tradições cristãs ortodoxas também conhecidas como igrejas do rito bizantino,
somam a maioria dos cristãos na Europa Oriental, mas também estão presentes em
diversos países por conta da imigração.
Nessas
igrejas, as espiritualidades se caracterizam pela veneração aos símbolos
sagrados, participação da Divina Liturgia, de procissões, uso de incenso e
velas, prostrações, recitação diária de diversas fórmulas de oração, cânticos
litúrgicos sem acompanhamento instrumental e melodia em estilo gregoriano.
Dentre
todas essas expressões de religiosidade destaca-se a veneração e uso de ícones
nas práticas meditativas. Os ícones representam a realidade transcendente dos
fatos e acontecimentos da vida de Jesus e dos santos. São como uma ponte ou
janela para Deus ou um ponto de referência para a prática da meditação contemplativa.
Os
Ícones são imagens de Jesus, Maria e de santos ou cenas bíblicas pintadas num
estilo onde as cores, as formas e os gestos retratados estão revestidos de
significados espirituais.
O
fiel ortodoxo acredita que Deus se revela de um modo especial por meio dos
ícones. Sendo assim, a veneração destas imagens sagradas constitui-se uma das
importantes expressões de espiritualidade dos cristãos ortodoxos.
“A
Tradição da Igreja não é expressa apenas através de palavras, ações e/ou gestos
usados na adoração, mas também através da arte dos Ícones Sagrados. Um ícone
não é apenas uma imagem religiosa, é uma das formas que faz com que Deus seja
revelado ao homem. Através dos ícones, o cristão ortodoxo recebe uma visão do
mundo espiritual. Sendo o ícone parte da Tradição, o pintor não tem a liberdade
de inovação e adaptação, já que o trabalho deve refletir o espírito da Santa
Igreja. Não se exclui a inspiração artística, ela é exercida dentro de regras
determinadas. O pintor deve ser um bom artista, viver a fé da igreja dentro de
sua tradição, ter suas tintas benzidas pelo padre e fazer um jejum de 3 dias” (www.ortodoxiabrasil.
com/img/saojoaoteologo.jpg - Acesso em 22 de setembro de 2007).
Espiritualidades
nas Tradições Cristãs Evangélicas
A oração espontânea, a
leitura devocional do texto sagrado - a Bíblia, e a entoação de hinos ou
cânticos espirituais, entre outras, constituem as práticas básicas nas
tradições evangélicas. A pessoa, durante a oração, deve permanecer de olhos
fechados para que a sua atenção se desligue das coisas exteriores e se volte
inteiramente a Deus. Os evangélicos não usam fórmulas lidas ou decoradas para
orar. Mas alguns grupos evangélicos recitam a oração do Pai Nosso, conforme o
texto que se encontra no Evangelho. Para os evangélicos, a oração é uma
conversa de um filho ou filha com seu Pai, um ato de fé para oferecer a Deus os
pedidos, as necessidades, agradecer e louvar pelas bênçãos recebidas. A oração
é feita diretamente a Deus, em nome de Jesus, porque acreditam que Jesus é o
único mediador entre Deus e os homens.
A
oração do Pai Nosso em algumas tradições cristãs
Na tradição católica Pai
Nosso, que estais nos céus. Santificado seja o vosso nome. Venha a nós o
vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no Céu. O pão
nosso de cada dia dai-nos hoje; e perdoai as nossas ofensas, assim como nós
perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas
livrainos do mal. Amém.
|
Na tradição ortodoxa Pai Nosso,
que estás nos céus; Santificado seja o Teu nome; Venha a nós o Teu reino,
seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso substancial
dá-nos hoje. E perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos
devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livra-nos do mal. Porque
Teu é o reino, o poder e a glória agora e para sempre e pelos séculos dos
séculos. Amém.
|
Na tradição evangélica Pai
Nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu reino,
seja feita a tua vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia
nos dá hoje. E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos
nossos devedores. E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal, porque
teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém. (Mateus 6: 9-13)
|
Espiritualidades
na Tradição Judaica
Na
tradição judaica, as preces da manhã, tarde e noite devem ser ditas em horários
fixos, em qualquer lugar.
São
obrigatórias para homens ortodoxos a partir dos 13 anos. As mulheres devem,
pela tradição, cuidar da casa e das crianças e não se espera que parem tudo
para rezar. Portanto, têm menos orações diárias.
Muitos
judeus progressistas dizem estas rezas apenas quando estão na sinagoga, no
Shabat ou nas festas. Na noite de sexta, pouco antes do pôr do sol, começa
Shabat, o dia do descanso, que dura até depois do escurecer, sábado à noite.
Muitos interrompem todas as suas atividades e preocupações da semana. Preparam
seus lares como para uma visita real e colocam suas melhores roupas. Acendem
velas e servem a melhor comida que podem oferecer em uma mesa decorada. As
pessoas são convidadas para compartilhar refeições, músicas, histórias, orações
e o estudo da Tanach. Uma ida à sinagoga, visitas aos amigos, caminhadas e
estudo completam o espírito do dia.
Espiritualidades
na Tradição Islâmica
No
Islamismo, as práticas das espiritualidades estão vinculadas aos pilares da fé
islâmica. “A Oração (Salat) - a ser feita cinco vezes por dia: ao amanhecer, ao
meio-dia, entre as três e as cinco, antes do pôrdo-sol e à noite. O rosto deve
se orientar na direção da Caaba, em Meca. A oração mais solene é a do meio-dia.
Não existe outra liturgia senão a da palavra; não existe um clero propriamente
dito, mas somente pregadores e encarregados de fazer a chamada para a oração
(almuadens) e de dirigi-la (imãs). Às sextas-feiras celebra-se a oração na
mesquita, precedida de um sermão de caráter moral, social ou político” (http://www.pime.
org.br/missaojovem/mjregislafontes.htm - Acesso em 23 de setembro de 2007)
Uma
oração muçulmana
“Louvado seja Alláh! Senhor
de todas as criaturas; o mais clemente, o soberano do dia do juízo. A Ti
adoramos e a Ti imploramos ajuda. Guia-nos à senda reta, à senda dos que
agraciaste, não à senda daqueles contra os quais Te encolerizaste, nem à dos
que se desencaminharam”.
(Extraído
do livro Unicidade, Objetiva. Jeffrey Moses, p.125).
REFERÊNCIAS
ASSINTEC.
Proposta Pedagógica para o Ensino Religioso. Curitiba: 2007. FINE, Dorren. O que
sabemos sobre o judaísmo. São Paulo: Callis, 1998.
FONAPER
– Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. Parâmetros Curriculares –
Ensino Religioso. 5ª ed. São Paulo: Ave Maria, 2001.
GANERI,
Anita. O que sabemos sobre o Budismo. São Paulo: Callis, 1999.
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São Paulo, Callis, 1998.
GHAI,
O P. Unidade na diversidade. Col. herança espiritual. Petrópolis: Vozes, 1990.
LIÉVRE,
Charles Lucien. Manual prático de desenvolvimento da memória. São Paulo:
Madras, 2001.
MOSES,
Jeffrey. Unicidade – Grandes princípios comuns a todas as religiões. Rio de
Janeiro: Objetiva, 1989.
________.
100 dicas para prosperar. São Paulo: Editora Escala, s/d.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Espiritualidade
http://www.yogasite.com.br/yogasite/yoga.htm
http://www1.uol.com.br/bemzen/ultnot/autoconhecimento/ult486u109.htm
http://annalu_frussa.sites.uol.com.br/oqueemandala.htm
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