Após
um estudo sistemático do livro de Atos chegamos às epístolas. Elas são em
número de 22, se incluirmos o Livro de Apocalipse como uma epístola, e
dividem-se em três grupos. Em primeiro lugar, temos as nove epístolas à Igreja
Cristã (Romanos a 2 Tessalonicenses). A Seguir vêm as quatro Epístolas
Pastorais e Pessoais (1 Timóteo a Filemon). Por último, encontram-se as nove
Epístolas aos Cristãos Hebreus (Hebreus a Apocalipse). Neste módulo iremos
enfocar as Epístolas Paulinas, ou seja, as cartas escritas aos Romanos até a carta
escrita a Filemon.
Parte
da correspondência entre os dois grupos de nove é digna de nota, no decorrer
deste estudo. Cada grupo começa com um grande tratado doutrinário – no primeiro
caso Romanos, no segundo Hebreus. Cada um termina com um “apocalipse” ou a
revelação do futuro em relação à volta do Senhor Jesus – Tessalonicenses num
grupo e Apocalipse no outro. As nove epístolas à “Igreja”, como o nome implica,
foram escritas às igrejas cristãs. Essas nove são epístolas cristãs, mas seu
aspecto e atmosfera são especialmente judaicos. Iremos considerá-las no devido
curso; mas no momento nos ocuparemos com as nove epístolas às “Igrejas”.
Importância Especial para Nós.
Ficamos
imaginando se poucos ou muitos cristãos atualmente compreendem a importância
concentrada dessas nove epístolas “Igreja Cristã” e das quatro epístolas
“pastorais e pessoais” para a presente era. Toda Escritura, de Gênesis a
Apocalipse, foi escrita para nós, sendo proveitosa de várias formas; mas nem
toda Escritura foi escrita sobre nós ou diretamente a nós como crentes em
Cristo da presente dispensação. À parte da Bíblia escrita especificamente para
nós e sobre nós, como membros do corpo místico e noiva de Cristo, é aquela que
consiste das nove epístolas à “igreja cristã” e das quatro epístolas
“pastorais”. Se há uma parte da Escritura que os crentes cristãos devem
conhecer muito bem é esta.
Certos
grupos de pregadores e teólogos de nossos dias falam muito sobre uma “volta”
aos quatro evangelhos e à história de Jesus. Isto resulta em parte de um
conceito completamente errado sobre a unidade e progresso da doutrina bíblica
como um todo. Certamente não ousamos subestimar a importância fundamental dos
quatro “evangelhos” – eles são a base histórica de todo o cristianismo; mas, se
quisermos conhecer a interpretação divina, o significado doutrinário e as
maravilhosas implicações espirituais desses registros históricos básicos,
devemos examinar as epístolas. Existe hoje, entre as nossas igrejas, uma enorme
deficiência quanto à compreensão da doutrina cristã, a qual é devida, em grande
parte, a este excesso de ênfase sobre os evangelhos em detrimento das
epístolas. Gostaríamos de dizer a todos os cristãos: procurem conhecer bem as
epístolas às igrejas cristãs; elas constituem aquela parte das Escrituras que
nos deve interessar especialmente, pela sua própria natureza.
Sua Peculiaridade e Propriedade.
O
fato de tão grande parte de nosso Novo Testamento se na forma de cartas deve
chamar nossa atenção. Nesse sentido, os documentos fundamentais do cristianismo
são únicos entre as religiões do mundo. Mas, além disso, essas epístolas têm
uma propriedade marcante no que diz respeito à missão que devem realizar. Qual
o propósito divino por trás de sua composição e preservação?
Como
vimos, durante o período de intervalo coberto por Atos dos Apóstolos, a volta
do Senhor dependia da reação de Israel à nova oferta do Senhor como
Messias-Salvador-Rei. Se tivesse havido uma resposta nacional, o Senhor teria
voltado em glória soberana sem mais delongas (At 3.17-21); mas, à medida que a
recusa de Israel tornou-se cada vez mais obstinada, a volta prometida
mostrou-se irrealizável. Ao lado do fracasso de Israel, porém, foi gradualmente
revelado que um novo movimento de Deus estava sendo moldado na história. Embora
a nação de Israel como um todo tivesse recusado a oferta renovada do
Messias-Salvador-Rei, surgiu, através do mundo romano, grupo ou “igrejas” de
crentes, reconhecendo Jesus como Salvador Divino e vivendo na esperança da sua
volta. Essa foi à primeira expressão na terra desse organismo espiritual, a
Igreja, o corpo místico e a noiva do Deus Filho.
Foi
necessário que essas comunidades recebessem instrução de forma mais permanente
do que simplesmente o ensino oral pelo qual, foram chamadas a existir. Elas
preservam de modo permanente os ensinos inspirados especialmente providenciados
para os cristãos da era presente. Paulo e seus co-escritores não podiam
imaginas que estivessem escrevendo para uma época a vinte e um séculos adiante
da sua! Mas o Espírito Santo sabia, e foram de tal modo guiados no que
escreveram que suas cartas se tornaram a doutrina da Igreja para todos os
tempos.
Existe
uma propriedade notável a respeito dessas cartas para o fim a que devem servir.
Podemos ficar perfeitamente gratos porque as verdades nelas apresentadas foram
entregues a nós na forma de cartas, em lugar de teses ou catecismos teológicos
sob medida! Chegando até nós na forma dessas cartas comoventes, elas contem
calor, paixão e energia, frescor e um toque pessoal que, de outro modo, jamais
poderiam ter.
Além
disso, esta forma de comunicar a verdade era peculiarmente apropriada a uma
natureza como a de Paulo. “Ela se adequava àquela impetuosidade de sentimentos,
àquela natureza emocional calorosa que o cinismo moderno teria depreciado como
‘emotivo’ ou ‘histérico’, que não poderia limitar-se à composição de tratados
formais. Ela permitia uma liberdade de expressão muito mais vigorosa e mais
natural ao apóstolo do que os silogismos regulares e os parágrafos em estilo
fluente de um livro formal”.
Seu Número e Ordem.
Apesar
de existirem nove epístolas á “igreja”, elas são dirigidas somente a sete
igrejas; visto que, em dois casos, duas cartas são dirigidas à mesma igreja.
Vale a pena notar, porém, que o Espírito Santo através de Paulo trata com o
mesmo número místico, como fez o Senhor Jesus quando, da glória, se dirigiu às
“sete igrejas”, conforme registrado em Apocalipse 2 e 3. o número sete nas
Escrituras dá idéia de plenitude. Nas
epístolas dirigidas pelo Espírito Santo através de Paulo, a essas sete igrejas
cristãs, tem o ensino global do Espírito Santo para os crentes em Cristo
durante a dispensação atual. Elas contêm “toda verdade” à qual seríamos guiados
pelo Espírito Santo, conforme o Senhor previamente anunciara.
A
ordem bíblica dessas epístolas à “igreja” é também de especial interesse para
nós. Em 2 Timóteo
Nas
epístolas às quatro igrejas, embora, de um ou outro modo, haja instrução ao
longo das mesmas, nenhum assunto predominante é exposto em forma de tratado.
São tratados epistolares não doutrinários. Nesse grupo acham-se as epístolas
aos Coríntios, Gálatas, Filipenses e Colossenses. Elas contêm, de maneira
distinta, “repreensão” e “correção”. Assim sendo, temos:
Romanos
(“Doutrina”), Coríntios (“Repreensão”), Gálatas (“Correção”), Efésios
(“Doutrina”), Filipenses (“Repreensão”), Colossenses (“Correção”),
Tessalonicenses (“Doutrina”).
Vejamos
essas três igrejas às quais foram dirigidos os tratados doutrinários – Romanos
Efésios e Tessalonicenses. As cartas a essas três são as normas sobre os
assuntos de que tratam: Justificação pela fé (Romanos), a doutrina da Igreja
(Efésios), a Segunda Vinda de Cristo (Tessalonicenses).
Quanto
a Coríntios e Gálatas, elas vêm após Romanos (a líder do quarteto) por evidenciarem
desvio de seu ensino especial e evocarem, respectivamente “repreensões”
referindo-se à conduta incorreta; e a “correção”, à doutrina errada.
Quanto
a Filipenses e Colossenses, vêm após Efésios (a primeira das três) porque,
igualmente, evidenciam desvio de seu ensino especial e evocam, respectivamente,
“Repreensão” e “correção” (Colossenses).
1
e 2 Tessalonicenses são os fechos destas sete “instruções” do Espírito Santo.
Em Romanos, o pecador arrependido é mostrado como morto para o pecado e
“ressuscitado em Cristo”. Em Efésios, ele se acha “sentado com Cristo nos
lugares celestiais” num sentido espiritual. Em Tessalonicenses, é “arrebatado”
para sempre na glória com o Senhor! E mesmo nas duas breves cartas aos
Tessalonicenses existe a mesma ordem (1) “doutrina”, (2) “repreensão”, (3)
“correção”. A primeira carta aos Tessalonicenses apresenta a verdadeira
“doutrina” e estabelece o padrão para a doutrina do segundo advento. A segunda
segue-se a ela com “repreensão” do comportamento errado em vista da volta
esperada e “correção” de ideias erradas.
As epístolas às “Igrejas” dividem-se em
três grupos:
1º) Romanos
até Gálatas; Cristo e a Cruz - evangélica.
2º) Efésios,
Filipenses, Colossenses; Cristo e a Igreja - mística.
3º) 1 e 2
Tessalonicenses; Cristo e a sua Vinda - escatológica.
Capítulo 1
Epístolas aos Romanos
Na
sua última visita a Corinto, Paulo encontrou ali uma irmã cristã, chamada Febe
que ia a Roma (Rm. 16.1,2). Aproveitou o ensejo para enviar, por meio dela, uma
carta a igreja naquele lugar, falando de sua futura visita e dando aos romanos
uma declaração das verdades que lhe tinham sido reveladas.
A epístola pode ser dividida nas
seguintes três divisões gerais:
1.
Doutrinária, desenvolve o argumento de Paulo da justificação pela fé (1-8).
2.
Dispensacional (9-11). Nos capítulos
3.
Prática (12-16). Contém exortação relativa à vida cristã.
Usaremos o seguinte esboço como base do
nosso estudo:
1)
Condenação (1.1-3.20).
2)
Justificação (3.21-5.21).
3)
Santificação (6-8).
4)
Dispensação (9-11).
5) Exortação
(12-16).
1) CONDENAÇÃO:
O
versículo 16 contém, em resumo, o tema da epístola inteira: o evangelho é (1) o
poder de Deus para a salvação; (2) de todo aquele que crê, (3) primeiro do
judeu, e (4) também do grego.
Paulo
começa agora, o seu grande argumento da justificação pela fé expondo a sua
premissa maior, a saber, que o mundo inteiro é culpado perante deus e está sob
condenação. Ele prova que:
Os
pagãos estão sob condenação. (1.18-32). Eles receberam, no princípio, uma
revelação de Deus (vv.19,20), mas rejeitaram-na (v.21). A rejeição da luz levou
à ignorância espiritual ((v.22); a ignorância espiritual conduziu à idolatria
(vv.23-25), e a idolatria deu lugar a corrupção moral (vv.26-32).
O
judeu está sob condenação (cap.2). Em vez de humilhar-se pelo seu conhecimento
da Lei, como deveria ter feito, tornou-se crítico e presunçoso, e a sua
presunção cegou-o para não compreender que, aos olhos de Deus, não é melhor do
que os pagãos que não têm a Lei (2.1-16). O seu conhecimento da fé, muito pelo
contrário, aumenta ainda mais a sua condenação e torna-o ainda mais culpado do
que os pagãos que não possuem a luz (2.17-29).
Não
há diferença entre o judeu e o gentio. Ambos estão debaixo do pecado, sem esperança alguma de
serem justificados pelas obras da Lei ou por algum meio humano (3.1-20).
2) Justificação:
A
última seção termina com um quadro do mundo inteiro culpado perante Deus,
encerrado na prisão do pecado e aguardando a pena da Lei. Do lado humano, não
há nenhuma possibilidade de escape; a libertação terá de vir do lado divino. A
maneira de escapar é, agora, revelada – justificação pela fé. Por justificação,
queremos dizer o ato judicial de Deus, por meio do qual aqueles que põem a sua
fé em Cristo, são declarados justos ante os olhos dele, e livre de toda culpa e
castigo. Isto pode ser ilustrado pela absolvição do prisioneiro pelo juiz, que
o declara inocente.
Nos
capítulos
Até
aqui Paulo revelou o plano divino da salvação e chegou à conclusão de que a
salvação é pela fé em Cristo para todos os que crêem, sejam judeus, ou gentios.
Tem tratado da salvação em relação ao indivíduo, mas qual é a sua relação a
Israel com nação? Se eles foram rejeitados como nação, que será das promessas
de restauração nacional no Antigo Testamento? Se Israel é o povo escolhido de
Deus e que recebeu a sua palavra, as alianças e a Lei, por que rejeitou, como
nação, o seu Messias? Será Israel restaurado ainda? Qual será a atitude dos
cristãos para com ele? O tema de 9.30-10.21 é o seguinte: a rejeição de Israel
é inteiramente por sua própria culpa.
Como
a maioria das epístolas doutrinárias de Paulo, Romanos contém uma seção
prática. O apóstolo poderá conduzir os seus leitores às alturas mais elevadas
da doutrina cristã, mas nunca deixa de trazê-los de novo à terra, onde hão de
aplicar a doutrina à vida diária. A seção prática segue ao capítulo 8. os
capítulos 9 e 11 são parentéticos, isto é, são inseridos por causa da sua
grande importância, mas não são necessários para completar o sentido da
epístola. A epístola aos Romanos estaria completa – pelo menos na forma – sem
estes capítulos. O “pois” de 12.1, é o elo que une esta seção aos primeiros 8
capítulos. Devido ao que foi exposto nestes capítulos: justificação,
santificação e esperança de uma glorificação vindoura – os cristãos devem
consagrar-se a Deus, servir uns aos outros em amor, andar em sabedoria e
santidade diante do mundo. Resumiremos o conteúdo desta seção da seguinte
maneira:
1)
O dever do cristão como membro da igreja (12.1-21): consagração (vv.1,2),
serviço (vv.3-8), amor para com os irmãos (vv.9-21).
2)
O seu dever como membro do Estado (13.1-7): obediência às autoridades.
3)
Seu dever para com os outros membros do Estado (13.8-14): amor.
4)
Seu dever para com os irmãos mais fracos (14.1-15.13): paciência.
5)
Conclusão (15.14-16.27). O ministério de Paulo entre os gentios (vv.14-21); seu
propósito de visitá-los (vv.22-23); saudações (16.1-23); bênção (vv.24-27).
Capítulo 2
1ª Epístola aos Coríntios
A
primeira epístola aos Coríntios foi escrita com o propósito de corrigir
desordens que haviam surgido na igreja de Corinto e para estabelecer aos fiéis,
um modelo de conduta cristã. Assim sendo, podemos determinar o seu tema da
seguinte maneira: a conduta cristã na igreja, no lar e no mundo.
Paulo
visitou Corinto na sua segunda viagem missionária (compare com At.18). Enquanto
estava em Éfeso, ouviu falar de desordens cometidas na igreja de Corinto.
Crê-se que fez então uma visita apressada a Corinto. (Deduz-se esta visita da
declaração em 2 Coríntios
Para corrigir as seguintes desordens:
1) Divisões;
2)
Imoralidade;
3) Disputas
entre os crentes;
4) Desordens
durante a Ceia do Senhor;
5) Desordens
durante o culto.
Para responder às seguintes
perguntas:
1)
Concernente ao matrimônio;
2)
Concernente ao comer carne oferecida aos ídolos;
3)
Concernente aos dons do Espírito.
Esta carta foi escrita nos 3
anos de Paulo em Efésios, com o seguinte conteúdo:
1) Correção
de desordens morais e sociais (1-8);
2)
Autoridade apostólica (9);
3) Ordem na
igreja (10-14);
4) A
ressurreição (15);
5) Conclusão
(16).
Paulo
denuncia as divisões existentes entre os coríntios. O espírito de partidarismo
quase destruiu o amor cristão. Os coríntios, tomados de uma admiração indevida
para com a direção humana, colocavam-se sob diferentes ministros, que
procuravam levantar um contra outros como líderes rivais. Alguns admiravam o
zelo e o poder de Paulo; outros viam no eloquente e culto Apolo o pregador
ideal. Outros, pertencendo talvez ao partido judaizante, consideravam Pedro, o
apóstolo dos judeus, o líder modelo; outros ainda, evidentemente desanimados
por estas divisões, chamavam-se simplesmente seguidores de Cristo (1.12).
Paulo
dedica uma ampla seção à comparação da sabedoria de Deus com a sabedoria do
homem e à demonstração da incapacidade deste último para revelar as coisas de
Deus (1.17-2.1-16). A sua repreensão e recusa da sabedoria e filosofia
meramente humana se compreenderão quando levamos em consideração que os gregos
tinham uma profunda admiração pela educação e cultura, que havia o perigo de
eles reduzirem o Cristianismo a um sistema meramente intelectual, e de
transformarem-no numa das muitas escolas de filosofia que existiam em seu país.
Foi este amor para com a sabedoria humana, que levara a uma apreciação indevida
da liderança humana, a qual, por sua vez, resultou em divisões entre eles.
Nos
capítulos 3 e 4, Paulo ataca a raiz da questão demonstrando claramente a
relação do ministro para com Deus, para com o próximo e para com o povo. Apesar
de os coríntios vangloriarem-se da sua intelectualidade, estavam divididos
acerca da liderança, tolerando em seu meio a mais baixa imoralidade (5.1-2).
Paulo, usando plenamente a sua autoridade apostólica, corta da comunhão da
igreja o ofensor e entrega-o, por assim dizer à mão castigadora de Satanás
(compare com Jó
No
capítulo 7 Paulo responde a uma pergunta dos coríntios concernente ao
matrimônio. Ao estudar este capítulo, devemos recordar-nos de que nem todas
estas declarações são mandamentos (7.6), mas muitas são sugestões de um homem
guiado pelo Espírito, que considera o matrimônio com relação às condições
locais de Corinto (onde predominava a imoralidade, 7;1) e com relação às
futuras perseguições da Igreja (vv.26-29). Devemos lembrar também que este
capítulo não contém todas as doutrinas do Novo Testamento acerca do casamento.
2) Autoridade Apostólica:
Paulo
defende-se contra uma pequena seção da igreja que negava a sua autoridade como apóstolo
(6.18; 9.3). Uma das acusações contra ele era que não exigia sustento
financeiro porque lhe faltava à autoridade para pedi-lo. Paulo menciona como
prova de seu apostolado, o fato de ter visto o Senhor (v.1), e refere-se a
eles, como igreja, como fruto do seu ministério (v.2). Reclama autoridade igual
à dos outros apóstolos (vv.4-6). Ele prova que, como ministro do evangelho, tem
direito ao sustento financeiro, por meio de uma ilustração natural (v.7), por
uma citação da Lei (vv.9,10), e por uma ilustração do templo (v.13). Em
seguida, explica por que não faz uso desse direito: não desejava pôr
impedimento algum ao evangelho, transformando-o em um fardo para o povo; o fato
de pregar o evangelho sem remuneração, é sua recompensa (v.18); pregando o evangelho
considerava-se simplesmente um “servo inútil” (v.16) cumprindo apenas o seu
dever. Paulo está disposto a renunciar aos seus direitos e a acomodar-se a
todas as condições e classes de homens, para poder salvar algumas almas
(vv.19-23). Há uma boa razão para fazer estes sacrifícios. Como os atletas
gregos, durante o seu período de treino, se abstinham de muitos prazeres e
conforto e se sujeitavam as tarefas árduas para ganharem uma coroa de folhas,
assim ele estava disposto a fazer sacrifícios para ganhar uma coroa
incorruptível (24.27).
3) Ordem na Igreja:
Apesar
de terem participado os coríntios de grandes favores espirituais, sido
recebedores da graça de Deus, Paulo adverte-os da possibilidade de caírem de
sua elevada posição espiritual. Prova isto os comparando a Israel.
Paulo
pronuncia uma admoestação contra o cair nos laços da idolatria. Embora os
cristãos possam sentir-se livres para desfrutar alguma liberdade, devem
refletir se essas indulgências servem de edificação para a coletividade dos
crentes (10.24-29).
Os
versículos
Os
versículos restantes deste capítulo tratam das perturbações na Ceia do Senhor.
Parece que, antes de participarem da Ceia do Senhor, os crentes participavam de
uma refeição comum, geralmente conhecida como a festa do amor. Durante essa
festa, muitos dos coríntios tinham cedido à glutonaria e embriaguez, com o
resultado de não estarem mais em condições de participar da Ceia do Senhor.
Depois de explicar o caráter sagrado e o significado da Ceia do Senhor, Paulo
repreende os cristãos contra a participação indigna para que não caiam sob o
castigo divino.
Os
capítulos 12, 13 e 14, tratam dos dons espirituais. O capítulo 12 trata da
variedade e distribuição dos dons; o capítulo 13, do espírito que deve
caracterizar o seu uso; o capítulo 14 das regras que regularizam a sua
manifestação no culto.
4) A Ressurreição:
O
capítulo 15 é o grande capítulo da ressurreição na Bíblia. Paulo foi obrigado a
tratar da doutrina da ressurreição de uma maneira muito profunda porque havia
uma negação desta doutrina. Alguns, talvez interpretando mal as doutrinas de
Paulo concernentes à ressurreição espiritual do pecador, pensavam que esta
fosse à única ressurreição. Outros provavelmente os do partido dos “antinômios”
(crentes professos que, indo ao outro extremo do legalismo, declaravam-se
inteiramente livres da lei. Baseando-se em algumas declarações de Paulo,
segundo as quais os crentes não estavam sob a Lei, e não eram justificados por
nenhuma observância externa, estes hereges haviam concluído falsamente que
todos os atos exteriores não tinham nenhuma importância, e que o homem podia
até ser um criminoso sem afetar sua posição de crente.), não estavam
interessados em ver a ressurreição de um corpo corrompido pelos pecados da
impureza.
5) Conclusão:
Resumamos o conteúdo do capítulo 16, da seguinte maneira: concernente à coleta para os santos judeus pobres
(vv.1-4); concernente à futura visita de Paulo (vv.5-9); concernente à visita
de Timóteo (vv.10,11); concernente a Apolo (v.12) e exortações e saudações
(vv.13-24).
2ª Epístola aos Coríntios
De
todas as epístolas de Paulo, 2ª aos Coríntios é a mais pessoal. É uma revelação
de seu coração, de seus sentimentos mais íntimos e de seus motivos mais
profundos. Esta exposição de seu coração não foi uma tarefa fácil para o
apóstolo, mas, sim, uma tarefa bem desagradável. A presença de mestres falsos
em Corinto, que punham em dúvida sua autoridade, impugnando os seus motivos e
menosprezando a sua autoridade, tornou necessária uma defesa do seu ministério.
Ao fazer essa tarefa, foi obrigado a relatar experiências a respeito das quais
ele preferia ficar calado. Através da epístola, ele tem cuidado de informar aos
seus leitores este fato. Tendo em mente que 2ª Coríntios é a defesa pessoal do
ministério de Paulo, resumiremos o seu tema da seguinte maneira: o ministério
de Paulo, seus motivos, sacrifícios, responsabilidades e eficiência.
Depois
de escrever a primeira carta em Éfeso, Paulo foi a Trôade, onde esperou Tito
que devia trazer-lhe uma resposta de Corinto (2Co 2.13);
Desapontado
em sua expectativa, Paulo foi à Macedônia onde encontrou Tito que lhe deu as
novas de que a igreja na sua maioria tinha aceitado as suas exortações, mas que
havia uma pequena minoria, que recusara a sua autoridade.
Para
consolar e animar os primeiros, e admoestar os últimos, Paulo escreveu a sua
segunda carta, provavelmente em Filipos, durante a sua terceira viagem
missionária.
A
carta foi escrita para: 1. Consolar os membros arrependidos da igreja; 2.
Admoestar a minoria rebelde. 3. Admoestar contra os falsos mestres. 4. Resistir
aos ataques feitos contra o seu ministério por estes falsos mestres.
É
excessivamente difícil analisar o livro. Como diz certo escritor “É quase
impossível analisar esta carta, que é o menos sistemático dos escritos de
Paulo. Assemelha-se a um rio africano. Às vezes corre calmamente e espera-se
uma análise satisfatória, mas repentinamente aparece uma grande catarata e uma
agitação terrível, quando se fendem as grandes profundezas de seu coração.”
Dividiremos o livro em quatro seções, da seguinte maneira:
I.
Uma visão retrospectiva (1.1-2.13).
II.
A dignidade e eficiência do ministério de Paulo (2.14-7.1-16).
III.
A oferta para os judeus crentes (caps. 8,9).
IV.
A defesa que Paulo faz de seu apostolado (10.1-13.14).
I. Uma visão retrospectiva:
Deus
sustenta Paulo na tribulação para que ele por sua vez possa consolar os outros
(1.1-11); Os meus motivos são puros! (1.12-14). Por que retardou Paulo a sua
visita(1.15-2.11). A espera ansiosa de Paulo por notícias de Corinto (2.12,13).
II. A dignidade e Eficiência do
Ministério de Paulo:
Os triunfos de Paulo no seu
evangelho (2.14-17); Paulo defende-se contra os judaizantes e mostra que a Nova
Aliança é melhor do que a Antiga (3.1-4.6). Em enfermidade, perigo e
perseguição a força de Paulo vem do poder de Deus e a esperança da vida eterna
(4.7-5.10). O segredo da sinceridade de Paulo é o seu sentimento de
responsabilidade para com Cristo (5.11-21). Paulo defende a sua fidelidade em
pregar o evangelho (6.1-13). Separai-vos! (6.14-7.1). Paulo roga aos seus
convertidos que não dêem importância aos maliciosos e incertos informes acerca
dele (7.2-4). Por que Paulo esperou por Tito (7.5-16).
III. A oferta para os judeus crentes.
Lembrai-vos
do exemplo dos pobres macedônios e, sobretudo do exemplo de Jesus! (8.1-15).
Paulo louva os portadores das ofertas (8.16-24). Estai prontos para dar
liberalmente e assim colhei a bênção de Deus! (cap. 9).
IV. A Defesa que Paulo faz de seu
apostolado.
Paulo
faz uma comparação entre si e os falsos mestres (10.1-18). Tolerai a quem vos
ama! (11.1-6). Por que Paulo não pediu sustento (11.7-15). Sinais e visões
divinas, serviço fiel e sofrimentos, provam o direito de Paulo ao apostolado
(11.16-12.13). Rogo-vos que não me obrigueis a usar o meu poder para
disciplinar-vos! (12.14-13.10).
Conclusão (13.11-14).
Capítulo 4
Epístola aos Gálatas
A
questão se os gentios deviam guardar a Lei de Moisés foi resolvida no concílio
de Jerusalém. A decisão foi que os gentios eram justificados pela fé sem as
obras da Lei. Esta decisão, no entanto, não parecia satisfazer ao partido
judaizante, o qual insistia em que, apesar de serem salvos os gentios pela fé,
esta seria aperfeiçoada pela observância da Lei de Moisés. Ao pregar a mensagem
da mistura da Lei e da graça, faziam todo o possível para insurgir os seus
convertidos contra Paulo e contra a mensagem que pregava. Conseguiram seu
objetivo ao ponto de trazerem sob a observância da Lei toda a igreja dos
gálatas – uma igreja gentílica. Para restaurar esta igreja ao seu estado
anterior de graça, Paulo escreveu esta epístola, cujo tema é. a justificação e
a santificação, não pelas obras da Lei, mas, sim, pela fé.
Passando
pela Galácia na sua segunda viagem missionária, Paulo foi detido por causa de
enfermidade (At 16.6; Gl 4.13). Foi bem recebido pelos gálatas, e estabeleceu
uma igreja ali (Gl 1.6; 4.14). Enquanto estava na Grécia em sua terceira viagem
missionária (At 20.2), recebeu as notícias de que os gálatas haviam-se
sujeitado ao jugo da Lei. Isto o levou a escrever a sua epístola.
Esta
carta foi escrita para opor-se à influência dos mestres judaizantes que
procuravam destruir a autoridade de Paulo. Para refutar os seguintes erros, que
eles ensinavam: a) que a obediência à Lei misturada com a fé é necessária à
salvação; b) que o crente é aperfeiçoado guardando a Lei; Para restaurar os
gálatas que haviam caído da graça.
O
conteúdo desta epístola é assim apresentado:
I.
O apóstolo da liberdade (caps. 1,2).
II.
A doutrina da liberdade (caps. 3,4).
III.
A vida de liberdade (caps. 5,6).
I. O apóstolo da liberdade:
Nos
dois primeiros capítulos, Paulo defende-se contra as seguintes acusações dos
judaizantes: negavam que ele fosse um verdadeiro apóstolo de Cristo, porque não
tinha recebido, como os Doze, a sua missão pessoalmente do Senhor. 2. diziam
que era apenas um mestre enviado pelos apóstolos, de maneira que as suas
doutrinas só deveriam ser aceitas quando estivessem de acordo com as dos
outros. 3. acusavam-no de espalhar doutrinas não aprovadas pelo concílio de
Jerusalém.
Note
como Paulo respondeu a essas acusações: no primeiro versículo da epístola,
Paulo revela enfaticamente a sua missão divina como apóstolo. Em seguida,
cumprimenta os crentes (v.2-5). Note que há uma ausência de ações de graças que
caracterizam as suas outras epístolas, porque está escrevendo a uma igreja que
caiu da graça. Está admirado por eles terem-se afastado do verdadeiro evangelho
para aderirem ao que ele chama um evangelho diferente (vv.6,7). Sobre aqueles
que pregavam um evangelho diferente ele pronuncia uma maldição (vv.8,9). Nos
versículos
Quatorze
anos depois da sua conversão, Paulo foi a Jerusalém para assistir ao concílio e
aí defendeu a sua pregação da justificação dos gentios somente pela fé (2.1;
Atos 15.1,2). Em vez de ter sido censurado pelos Doze, como se alegava, Paulo
afirma ter censurado um deles (2.11-21). Depois da sua visão e sua experiência
na casa de Cornélio, Pedro livrou-se dos preconceitos judaicos, e entrou em
livre intercâmbio social com os gentios. Mas quando alguns dos judeus cristãos
ortodoxos vieram de Jerusalém e evidentemente com olhar de crítica, viram a sua
conduta (e a dos judeus que estavam com ele), ele separou-se dos gentios
(vv.11-13). Esta forma de agir Paulo condenou como contemporização covarde.
II. A doutrina da Liberdade:
Paulo
repreende os gálatas por terem-se afastado da verdade da justificação pela fé e
diz-lhes que a experiência espiritual deles não tinha nenhuma conexão com a sua
observação da Lei (3.1-5). Ele apresenta então o argumento de que a justificação
é pela fé, sem as obras da Lei. (3.6-4.7).
III. A vida de Liberdade:
Podemos
resumir esta seção com as seguintes exortações: permanecei firmes na liberdade
da graça, porque a Lei não vos pode salvar (5.1-6); afastai-vos dos falsos
mestres que perverteram o evangelho e vos fizeram escravos do legalismo
(5.7-12); embora estejais livres da Lei de Moisés, não estais livres para
pecar. Andai no amor e assim, cumprireis a Lei (5.13,14); sereis tentados,
contudo, pela natureza carnal, mas obedecei aos impulsos do Espírito e sereis
vitoriosos (5.16-26). Levai as cargas uns dos outros e sede pacientes com os
que cometem faltas (6.1-5); ajudai aos vossos pastores e assim recebereis a
bênção divina. (6.6-10).
Conclusão (6.11-18). Cuidado com os judaizantes. Sei muito bem que desejam
ganhar-vos simplesmente para obter uma reputação de zelo. Gloriai-vos somente
na cruz, na qual unicamente há salvação.
Capítulo 5
Epístola aos Efésios
Quanto
à profundidade e sublimidade da doutrina, Efésios supera todas as demais epístolas
de Paulo. Tem sido chamada a “epístola do terceiro céu” de Paulo, porque ele se
eleva das profundezas da ruína até as alturas da redenção – e os “Alpes do Novo
Testamento”, porque aqui nos ordena Deus que subamos passo a passo até
alcançarmos o ponto mais elevado possível para o homem alcançar, a própria
presença de Deus. A epístola aos Efésios é uma grande exposição de uma doutrina
fundamental da pregação de Paulo, a saber, a unidade de todo o universo em
Cristo, a unidade do judeu e gentio em seu corpo, a Igreja, e o propósito de
Deus nesse corpo para o tempo presente e para a eternidade. A epístola é
dividida em duas seções: doutrinária (caps.1-3) e prática (caps. 4-6). Na
primeira seção Paulo expõe a grandeza e glória da vocação cristã. Então ensina
que uma vocação santa exige uma conduta santa. Ele apela para os seus leitores
a fim de que se elevem à mais alta dignidade da sua missão. Fazendo assim,
apresenta o quadro da Igreja como um só corpo, predestinado desde a eternidade
a unir o judeu e o gentio. Esta Igreja pelos séculos vindouros irá exibir ante
o universo a plenitude da vida divina, vivendo a vida de Deus, imitando o
caráter de Deus, usando a armadura de Deus, lutando nas batalhas de Deus,
perdoando como Deus perdoa, educando como Deus educa, e tudo isto, para que se
cumpra a obra mais ampla pela qual Cristo há de ser o centro do universo.
Resumiremos
o tema da seguinte maneira: a Igreja é escolhida, redimida e unida em Cristo;
de sorte que a Igreja deve andar em unidade, em novidade de vida, na força do
Senhor e com a armadura de Deus.
Dois
perigos ameaçavam a Igreja em Éfeso: a tentação de descer ao nível pagão; e a
falta de unidade entre o judeu e o gentio. Para enfrentar o primeiro perigo,
Paulo contrasta a santidade da vocação cristã deles com a sua condição anterior
pecaminosa e pagã. Para guardar-se contra o segundo perigo, Paulo apresenta o
Senhor Jesus fazendo a paz entre o judeu e o gentio pelo sangue da cruz, e dos
dois criando um novo corpo.
Esta
epístola foi escrita durante a primeira prisão de Paulo em Roma, e foi enviada
por Tíquico que também levou cartas aos colossenses e a Filemon.
Seguindo
a sugestão do Dr. Riley em seu livro, “Efésios, a Tríplice Epístola”, veja as
divisões principais:
Seção Doutrinária: A Vocação da Igreja (caps. 1-3). A tríplice fonte da
nossa salvação (1.1-18). A tríplice manifestação do poder de Deus (1.19-2.22).
Uma declaração tríplice referente a Paulo (cap.3).
Seção Prática: A Conduta da Igreja (caps.4-6). Uma exortação
tríplice à Igreja (4.1-5.21). Uma exortação tríplice à família (5.22-6.9). Uma
expressão tríplice da vida espiritual (6.10-24).
Seção Doutrinária – A vocação da
Igreja:
I. A tríplice fonte da nossa Salvação: A nossa salvação, que é a soma de todas as bênçãos,
encontra a sua fonte, na predestinação do Pai, que nos escolheu antes da
fundação do mundo para sermos seus filhos, sem mancha nem defeitos (1.4-6); na
redenção do Filho, por meio do qual nos é dado o conhecimento do plano eterno
de Deus para o universo, e uma herança eterna (1.7-12); no selo do Espírito,
que é o penhor, o primeiro sinal, da redenção completa que será nossa no futuro
(1.13,14). Paulo ora para que os efésios tenham um conhecimento ainda mais
profundo e geral do privilégio e do poder de sua salvação (1.15-18).
II. A tríplice manifestação do poder de
Deus:
O
poder de Deus foi manifestado com relação a Cristo (1.19-23) de três maneiras:
Pela ressurreição; pela ascensão; pela exaltação.
O
seu poder foi manifestado com relação ao indivíduo das três seguintes maneiras:
Ressurreição espiritual (2.1-5); ascensão espiritual (v.6); poder para fazer
boas obras e demonstrar a graça de Deus durante a eternidade (vv.7-10).
O
seu poder foi manifestado com relação à humanidade inteira (2.11-22),
envolvendo três classes de pessoas: Os gentios (vv.11-13), os judeus
(vv.14-17), a Igreja de Deus (vv.19-22).
III. Uma declaração tríplice referente a
Paulo: O ministério de Paulo (vv.
5,6,9); a oração de Paulo, (vv.13-19); o louvor de Paulo (vv.20,21).
Seção Prática – A Conduta da Igreja:
I. Uma exortação tríplice à Igreja: Uma exortação à união (4.1-16); Exortação a uma vida
nova (4.17-32); Exortação a comportamento novo (5.1-20). O Dr. Riley aponte
três características da conduta do crente, sugeridas pela tríplice menção da
palavra “andar”: a) andar em amor (vv.1-7); b) andar na luz (vv.8-14); andar
com prudência (vv.15-20).
II. Uma exortação tríplice a família: Esposas e esposos (5.21-33); Filhos e pais (6.1-7);
Escravos e senhores (6.5-9).
III. Uma expressão tríplice da vida
espiritual: Poder (6.10-17); Oração
(6.18,19); Paz (6.20-24).
Capítulo 6
Epístola aos Filipenses
A
epístola aos Filipenses foi chamada “o mais doce dos escritos de Paulo” e a
“mais formosa de todas as cartas de Paulo em que expõe o seu próprio coração e
onde em cada sentença brilha um amor mais tenro do que o de uma mulher”. Por
toda a epístola respira-se o espírito do amor de Paulo para com os filipenses;
e a atitude deles para com ele prova que este amor era mútuo. Não se discutem
questões nem se apresentam controvérsias. Não há, da parte de Paulo, severas
repreensões nem um coração magoado devido a desordens sérias. Havia algumas
divisões, é verdade, mas não parece que fossem sérias. Ao tratar delas, o
apóstolo usa de muito tato e juízo. Em lugar de pronunciar severas denúncias
contra os partidos implicados, cria uma atmosfera de união e amor pelo uso
freqüente de palavras que sugerem comunhão e cooperação, tais como,
“colaboradores”, “companheiros nos combates”, e palavras semelhantes, sugerindo
a idéia de união e camaradagem. Cria uma atmosfera de fé e adoração pela
repetição do nome do Senhor, e faz que se esqueçam das suas diferenças
insignificantes ao apresentar-lhes um quadro admirável daquele que, embora
subsistisse em forma de Deus, esvaziou-se e humilhou-se para a salvação de
outros. Ao explorar o tema, seremos guiados pelo uso freqüente de certas
palavras. Um grande erudito disse que o resumo de Filipenses é: “Regozijo-me –
regozijai-vos”. A carta é cheia de alegria. Em cada capítulo, como o som de
campainhas de prata, soam as palavras “gozo”, “regozijo”, “alegria”. Apesar da
prisão e apesar do fato de se encontrar à sombra da cada falso, o apóstolo
sente alegria. Resumiremos o tema da seguinte maneira: a alegria da vida e do
serviço cristão, manifestada em todas as circunstâncias.
Epafrodito,
o mensageiro da igreja dos filipenses, ao qual foi confiada uma oferta para o
apóstolo, ficou doente, quando chegou a Roma. Restabelecido, voltou a Filipos e
Paulo aproveitou a sua volta para enviar uma carta de agradecimento e exortação
à igreja acerca de cujas condições Epafrodito tinha notificado a Paulo, isto
mais ou menos em
Conteúdo da Epístola:
I.
A situação e o trabalho de Paulo em Roma (cap. 1).
II.
Três exemplos de abnegação (cap.2).
III.
Admoestações contra o erro (cap. 3).
IV.
Exortações finais (cap.4).
I. A situação e o trabalho de Paulo em
Roma:
A
sua prisão causou o progresso do evangelho. (vv.12-30). As novas da sua prisão
foram espalhadas por todas as instalações militares e daí a outras partes da
cidade. Os cristãos em Roma foram inspirados a um esforço evangelístico por sua
coragem.
Pouco
importa ao apóstolo viver ou morrer, porque em todo o caso, o seu desejo é
glorificar a Cristo. Seria melhor para ele morrer e estar com Cristo; contudo,
ele prefere viver para terminar a sua obra e ajudar a fé dos filipenses. Tem a
esperança de ser posto em liberdade e poder visitá-los. Mas seja qual for o seu
destino, ele deseja que andem de maneira digna do evangelho, proclamando a sua
mensagem apesar da perseguição.
II. Três exemplos de Abnegação:
Paulo
começa com uma exortação à união, que estava em perigo de ser destruída por
algumas diferenças insignificantes entre os crentes (vv.1,2). Esta união devia
ser levada a cabo por eles, mediante o espírito de humildade e abnegação. O
apóstolo em seguida menciona três exemplos daqueles cujo princípio de vida era
o sacrifício para outros. O exemplo de Cristo, (2.5-16); de Timóteo (2.17-24);
de Epafrodito.
III. Admoestações contra o erro:
Uma
admoestação contra o legalismo (3.1-14). Uma exortação à união na doutrina
(vv.15,16); Uma admoestação contra o antinomianismo (ilegalidade) (vv.17-19).
Uma exortação à santidade (vv.20,21).
IV. Exortações Finais:
Exortações:
à firmeza (v.1); à unanimidade (v.2); à cooperação com os obreiros cristãos
(v.3); ao regozijo (v.4); à tolerância e mansidão (v.5); à liberdade da
ansiedade (vv. 6,7); à manutenção de uma mente santa (v.8); à prática do
Cristianismo (v.9) e agradecimentos aos crentes pelas suas dádivas (vv.10-20).
Saudações e bênçãos (vv.21-23).
Capítulo 7
Epístola aos Colossenses
A
razão pela qual foi escrita a epístola ao Colossenses foi a introdução de
doutrinas errôneas na igreja. Parece que apareceu no seu meio um mestre que
propagou um sistema doutrinário que era uma mistura do legalismo judaico com a
filosofia pagã. Era o elemento pagão no sistema – conhecido depois do tempo de
Paulo como gnosticismo – que constituía o maior perigo para a fé da Igreja. Os
gnósticos vangloriavam-se de possuírem uma sabedoria muito mais profunda do que
aquela revelada nas Sagradas Escrituras, uma sabedoria que era propriedade de
alguns favorecidos. (“Gnósticos” vem de uma palavra grega que significa
“conhecimento”). Os gnósticos pensavam que a matéria em si fosse essencialmente
má, razão por que um Deus santo não a poderia ter criado. Os anjos, diziam
eles, eram os criadores da matéria. Um Deus puro não tinha comunicação direta
com o homem pecador, mas comunicava-se com ele por meio de uma cadeia de anjos
intermediários, que formavam quase uma escada da terra ao céu.
O
Dr. Jowett descreve da seguinte maneira uma forma da sua crença: “A carne é
essencialmente má, Deus é essencialmente santo e entre o essencialmente mau e o
essencialmente santo não pode haver comunhão. É impossível, diz a heresia, que
o essencialmente santo tenha contato com o essencialmente mau. Há um abismo
infinito entre os dois e um não pode ter intimidade nem contato com o outro. A
heresia então deve de inventar meios pelos quais este abismo fosse atravessado
e o Deus essencialmente santo pudesse entrar numa comunhão com o estado
essencialmente mau do homem. O que se podia fazer? A heresia diz que do Deus
essencialmente santo emanou um ser um pouco menos santo, e que deste segundo
ser santo emanou um terceiro ainda menos santo, e deste terceiro um quarto e
assim por diante, com um enfraquecimento cada vez maior, até que apareceu um
(Jesus) que estava tão despojado de divindade e tão semelhante ao homem, que
podia entrar em contato com ele”.
É
claro que esta heresia destruía a soberania, a divindade e o estado de mediador
de Jesus, colocando-o na classe de anjos mediadores. Paulo corrige este erro,
demonstrando que Jesus, em vez de ser apenas um anjo intermediário, é o Criador
do universo, e o Criador dos próprios anjos. Eleva o Senhor Jesus ao lugar
designado por Deus como cabeça do universo e o único mediador, reconciliador da
criação inteira com Deus.
Resumiremos
o tema da seguinte maneira: a preeminência de Cristo. Ele é o primeiro na
natureza, na Igreja, na ressurreição, na ascensão e na glorificação. Ele é o
único Mediador, Salvador e Fonte da Vida.
Os
colossenses, tendo ouvido falar da prisão de Paulo, enviaram Epafras, o seu
ministro, para informar ao apóstolo sobre a situação (1.7,8). Por meio de
Epafras, Paulo ficou sabendo que falsos mestres procuravam acrescentar à fé
cristã, uma doutrina que era mistura de Judaísmo e filosofia pagã. Para
combater este erro, Paulo escreveu a epístola. A epístola, enviada pelo mesmo mensageiro
que levou as epístolas aos Efésios e a Filemon – Tíquico – foi escrita mais ou
menos no mesmo tempo.
Note: Colosso era uma cidade da Frigia, província da Ásia
Menor.
O
Conteúdo da epístola será assim classificado:
I.
Prefácio e saudação (1.1-12).
II.
Explicação: a verdadeira doutrina declarada (1.13-2.3).
III.
Refutação: desmascarada a falsa doutrina (2.4-23).
IV.
Exortação: conduta santa requerida (3.1-4.6).
V.
Conclusão e saudações (4.7-18).
I. Prefácio e saudação:
A
saudação de Paulo, a sua gratidão. Agradece a Deus o amor e a união da igreja
colossenses, sobre que foi informado por Epafras, ministro e provavelmente,
fundador da igreja; sua oração.
II. Explicação: a verdadeira doutrina
declarada:
A
pessoa e a posição de Cristo, Ele: (1.14-19). Nos redime por seu sangue
redentor (vv.13,14). É a cabeça da criação natural – o universo – sendo o seu
Criador (vv.15-17)
é a cabeça
da criação espiritual – a Igreja – porque, sendo o ressuscitado, ele a criou
(v.18). É o preeminente, pois nele habita a plenitude dos poderes e atributos
divinos (v.19). A obra de Cristo – uma obra de reconciliação (1.2-2.3). O
âmbito total da reconciliação – o universo inteiro, tanto material, como
espiritual (v.20). Os sujeitos da reconciliação - aqueles que uma vez eram inimigos
de Deus (v.21). O propósito da reconciliação – apresentar os homens santos,
puros e irrepreensíveis na presença de Deus (v.22). A condição da plena
consumação da reconciliação – a constância na fé (v.23). O ministro da mensagem
de reconciliação – Paulo (1.24-2.3). Pelos seus sofrimentos está enchendo a
medida dos sofrimentos de Cristo (em certo sentido, Cristo sofre ainda através
dos membros perseguidos da sua Igreja, At 9.4). O seu ministério é revelar o
grande mistério dos séculos, isto é, que Cristo está neles, a esperança da
glória. Isto explica o seu interesse pelos colossenses apesar de não os ter
visto (2.1-3).
III. Refutação: desmascarada a falsa
doutrina:
Paulo
admoesta aos colossenses a que não sejam enganados pelos raciocínios falsos dos
filósofos (2.4-7), porque em Cristo têm a plenitude da revelação divina (2.3).
Previne-os contra os seguintes erros:
Gnosticismo
(vv.8-10): Os crentes devem ter
cautela com os argumentos da filosofia humana, que não passam do “A-B-C” (os
rudimentos) dos conhecimentos humanos. Eles não precisam de uma perfeição maior
pelos chamados conhecimentos dos gnósticos, porque, como cristãos, desfrutam da
plenitude daquele em quem habita toda a plenitude da Divindade em forma
corpórea e que é a cabeça de todos os poderes angelicais.
Legalismo
(vv.11-17): Paulo demonstra: a) A
relação do crente com o rito da circuncisão (vv.11,12); ele passou por uma
circuncisão espiritual que representa a morte aos pecados do corpo, morte essa
que se exprime externamente pela ordenança cristã do batismo; b) A sua relação
com a lei moral (vv.12-15). Mortos em delitos e pecados, estavam condenados
pela Lei, mas Cristo, por sua morte, pagou a pena da Lei e anulou a dívida
deles (Gal.3.13,14); c) A sua relação com a lei cerimonial (vv.15,16). As
festas, os dias santos e outras observâncias cerimoniais judaicas não passam de
símbolos e figuras que representam a Cristo. Agora, desde que Cristo veio e
cumpriu os símbolos, eles tornam-se desnecessários. Assim, o cristão não é
obrigado a observar festas ou dias santos dos judeus.
Um
falso misticismo (vv.18,19): O
misticismo é a doutrina segundo a qual por comunhão direta com Deus, pode-se
adquirir um conhecimento mais profundo das verdades divinas do que pelas
Escrituras. Os colossenses não devem deixar-se enganar por aqueles que ensinam
que os anjos devem ser adorados, e que baseiam a sua doutrina em revelações
imaginárias do outro mundo.
Ascetismo
(vv. 20-23): O ascetismo é a doutrina
que ensina que a mortificação do corpo e a renúncia aos confortos físicos são
necessárias para a santidade. As proibições contra certos alimentos e confortos
físicos, são simplesmente regras feitas por homens, para alcançar a santidade
(vv.21,22). Estas restrições, embora dando aparência de humildade e piedade
àqueles que as praticam, não podem, em si mesmas, mortificar os atos da carne
(v.23). O cristão não precisa destas proibições, porque morreu para o pecado e
vive uma nova vida com Cristo (v.20)
IV. Exortação: conduta santa requerida.
A
união do crente com Cristo e a sua conduta em vista deste fato (3.1-4). morte
do “homem velho” – destruição das concupiscências da natureza inferior
(vv.5-9). vestir-se do “homem novo” – a cultura das graças e virtudes da vida
nova em Cristo (vv.10-17). Admoestações à família (3.18-4.1). Exortações finais
(4.2-6).
Capítulo 8
1ª Epístola aos Tessalonicenses
A
primeira leitura desta epístola revelará a existência de um tema que supera
todos os demais: a segunda vinda do Senhor. Verificar-se-á que cada capítulo
termina com uma referência a esse acontecimento. Paulo trata desta verdade mais
no aspecto prático do que doutrinário, aplicando-se diretamente à atitude e à
vida do crente. Assim, podemos resumir o tema desta epístola da seguinte
maneira: a vinda do Senhor com relação ao ânimo, consolo, vigilância e
santificação do crente.
A
epístola foi escrita com os seguintes propósitos: para consolar os crentes durante a perseguição
(3.1-5); para consolá-los acerca de alguns dos seus queridos que morreram na fé
(4.13). Os tessalonicenses temiam que aqueles que morriam, perderiam o prazer
de serem testemunhas da vinda do Senhor. Parece que alguns, na expectativa da
próxima vinda do Senhor, haviam caído no erro de supor que não fosse necessário
trabalhar (4.11,12).
Esta
epístola foi escrita em Corinto pouco depois de Paulo partir de Tessalônica, e
seu conteúdo segundo Roberto Lee, de Londres, sobre a vinda do Senhor é:
I.
Uma esperança
inspiradora para o recém-convertido (cap.1).
II.
Uma esperança
animadora para o servo fiel (cap. 2).
III.
Uma esperança purificadora
para o crente (3.1-4.12).
IV.
Uma esperança
consoladora para os enlutados (4.13-18).
V.
Uma esperança
despertadora para o cristão que dorme (cap. 5).
Com
verdadeira humildade e cortesia cristã, Paulo menciona os seus colaboradores,
colocando-os no mesmo nível que ele. Por que três coisas Paulo recomenda os
crentes? (V.3 compare com 1Co
Que
atitude de sua parte, com relação a Deus e ao pecado, assegurou a sua salvação?
(v.9). Qual era a sua atitude presente? (v.10).
A
que acontecimento se refere Paulo em 2.2? (At 16.19-40). O que se diz a
respeito dos seus motivos de pregar o evangelho? (vv.3-6). O que se diz
concernente à sua atitude para com estes crentes? (vv.7-12). Era lícito a
Paulo, como apóstolo, pedir ajuda financeira? (1Co 9.6,14). Por que não a
exigiu dos tessalonicenses? (2.6,9). Que testemunho deve ter todo verdadeiro
ministro do evangelho? (v.10). Como recebeu os tessalonicenses o evangelho?
(v.13). Com quem são comparados por
Paulo? (v.14). Qual era o pecado máximo da nação judaica, segundo Paulo?
(v.16); compare com Mt 23.13). Quais eram os desejos de Paulo quando estava em
Atenas? (v.18; compare com At 17.15). O que será uma fonte de regozijo para o
ministro do evangelho no céu? (v.19).
Quem
se uniu a Paulo em Atenas? (3.1,2; compare com At 17.15). Por que Paulo enviou
Timóteo dali aos tessalonicenses? (3.2,3). O que disse Paulo que tinham de
esperar? (v.4; compare com At 14.22). O que temia ele? (v.5). Que novas trouxe
Timóteo ao regressar? (v.6). O que era a própria vida para os apóstolos? (v.8).
Qual era o seu desejo sincero? (v.10) A sua oração? (vv.11,12). A oração no
versículo 12 era importante? (Jo 13.34,35; Rm 13.9; 1Co
Contra
qual pecado comum entre os gentios são advertidos por Paulo? (4.1-7). O que diz
Paulo acerca da sua autoridade? (v.8; compare com At 15.28) Qual verdade
evidente todo crente deve conhecer como filho de Deus? (v.9; compare com 1Jo
3.18). A que mandamento se refere Paulo no versículo 11? (2Ts 3.10). Quais são
as duas razões deste mandamento? (v.12). Onde aprendeu Paulo, as verdades
expostas nos versículos 13-18? (v.15).
Como
virá o dia do Senhor para o incrédulo? 95.1-3). Virá para o crente como um
ladrão de noite? (v.4). Apesar de não sabermos o tempo exato da vinda do
Senhor, saberemos quando estiver próxima? (Mt 24.32). Com que compara Paulo e
estado pecaminoso do mundo (v.7) Qual é a relação entre o versículo 9 e a
doutrina de que a Igreja passará pela tribulação? Qual deve ser a atitude do
crente para com os seus chefes? (vv.12,13). Que advertência é dada àqueles que
talvez sejam inclinados a suprimir as manifestações genuínas do Espírito?
(v.19). Que advertência é feita aos que exaltam as manifestações acima da
pregação da Palavra? (v.20) Qual deve ser a nossa atitude para com as mensagens
em línguas e profecias? (v.21) Qual é o plano perfeito de Deus para todos os
crentes? (v.23) Quando será terminada esta obra? (v.23; compare com Fl
Capítulo 9
1ª Epístola aos Tessalonicenses
A
segunda epístola aos Tessalonicenses expõe a segunda vinda do Senhor com
relação aos crentes perseguidos, aos pecadores que não se arrependeram e a uma
igreja apóstata.
A
epístola foi escrita com os seguintes propósitos: Para consolar os crentes durante um novo surto de
perseguições (1.4). Para corrigir uma falsa doutrina de que o dia do Senhor já
tinha vindo (2.1). As severas perseguições ocasionaram em alguns a idéia de já
ter começado a grande tribulação. Para censurar aqueles que se comportavam
desordenadamente (3.6).
A
epístola foi escrita pouco depois da primeira epístola de Paulo para a mesma
igreja, e seu conteúdo centraliza-se em redor da segunda vinda do Senhor com
relação a: os crentes perseguidos (1.1-7). Os que não se arrependeram (1.8-12).
A apostasia (2.1-12). O serviço (2.13-3.18).
Paulo
começa esta epístola com a saudação usual (1.1,2). Agradece a Deus o fato de
estarem os crentes crescendo na graça e no amor (v. 3) e louva-os pela
paciência nas perseguições (v.4). A sua paciência nas perseguições prova que
crêem na justiça de Deus que finalmente prevalecerá (v.5), quando os ímpios
sofrerão (v.6) e o descanso será dado aos justos (v.7). Isso sucederá depois de
Cristo ter levado o seu povo (v.10).
O
capítulo 2 é o coração da epístola. As palavras “dia do Senhor” se referem ao
período
1.
Apostasia da Igreja professante (v.3)
2.
O povo de Deus será arrebatado (v.7).
Isto não é declarado abertamente, mas compreende-se perfeitamente. “Aguarda
somente que seja afastado aquele que agora o detém”. Aqui se faz referência a
um poder que impede que o mistério da iniqüidade venha a consumar-se. A
referência direta é ao Espírito Santo; a referência indireta é à Igreja na qual
habita o Espírito. Nosso Senhor chamou os fiéis de sal da terra, quer dizer, o
elemento que preserva e que impede a corrupção (Mt 5.13). Uma vez removido o
elemento conservador, a iniquidade e a anarquia inundarão o mundo.
3.
A revelação do anticristo (vv.3,4).
Qual é o ensino geral das Escrituras concernente a este homem? (Dn 7.8, 11, 21,
25;
Capítulo 10
1ª Epístola a Timóteo
A
primeira epístola a Timóteo é a primeira das “Epístolas Pastorais” (as outras
são segunda a Timóteo e Tito), assim chamadas por serem dirigidas a ministros
com o propósito de instruí-los no governo da igreja. A epístola que agora
estamos estudando foi escrita a Timóteo, companheiro e discípulo fiel de Paulo.
Foi escrita depois do apóstolo ter sido posto em liberdade, após a sua primeira
prisão. Os seus movimentos depois deste acontecimento não podem ser traçados
com certeza.
Acredita-se
que visitou a Espanha (Rm. 15.24). Em seguida, foi a Mileto e veio a Colossos (Fl
2.2). Dali foi a Éfeso, onde deixou Timóteo encarregado da igreja que estava em
perigo por causa de falsos ensinos (1Tm 1.3). Indo ao norte, chegou a Trôade
onde embarcou rumo a Macedônia (1Tm 1.3). Da Macedônia escreveu a epístola para
instruir a Timóteo concernente aos seus deveres e também para animá-lo, porque
o jovem era de caráter sensível e retraído e, portanto, inclinado a deixar de
afirmar a sua autoridade. Resumiremos o tema da seguinte maneira: as qualidades
e deveres do ministro cristão, e a sua relação com a igreja, o lar e o mundo.
Esta
epístola foi escrita para instruir Timóteo nos deveres do seu cargo, para
animá-lo e para admoestá-lo contra os falsos mestres, escrita provavelmente na
Macedônia, durante o intervalo entre as duas prisões de Paulo, tendo o seu
conteúdo:
I.
A sã doutrina (cap.1).
II.
Oração pública (cap.2).
III.
Qualidades ministeriais (3.1-13).
IV.
Doutrina falsa (3.14-4.11).
V.
Instruções pastorais (4.12-6.2).
VI.
Exortações finais (6.3-21).
I. A sã doutrina:
1.
Saudação (1.1,2)
3.
O testemunho de Paulo (vv.12-17). O chefe dos pecadores tornou-se chefe dos
santos; o blasfemo chegou a ser o pregador; o destruidor da Igreja chegou a ser
o seu construtor. A ele, o maior dos pecadores, foi mostrado misericórdia, para
que pudesse ser um exemplo vivo da misericórdia de Deus.
4.
O mandamento a Timóteo (vv.18-20). Repete-se a exortação do versículo 5,
reforçada por dois fatos: a) a menção das profecias pronunciadas na ocasião de
sua ordenação (v.18; compare com Atos 13.1,2). b) a admoestação tirada do
“naufrágio” doutrinário de dois mestres que Paulo excomungou (vv.19,20).
II. Oração pública:
Por
que devemos orar? Os cristãos devem orar por todos os homens, especialmente
pelas pessoas que se encontram em posição de autoridade (vv.1-7).
A
atitude dos homens e mulheres na oração pública (vv.8-15).
Os
homens devem orar, levantando mãos santas e tendo o coração livre de ira e
animosidade (v.8).
As
mulheres devem vestir-se modestamente, adornando-se mais por obras do que por
vestidos custosos (vv.9,10). As mulheres devem observar a ordem instituída por
Deus para os sexos; o homem é a cabeça da mulher, e ele exerce a autoridade no
lar e na igreja (vv.11-14). Falando em sentido geral, a esfera de atividade da
mulher é mais no lar do que no ministério (v.15). Note que, para interpretar
bem o versículo 12, é necessário ter em mente os seguintes fatos: (1) A ênfase
do versículo 12 parece visar a mulher que usurpa autoridade sobre o homem, quer
dizer, que arroga a si uma autoridade que Deus não lhe deu. (2) Paulo está
falando em termos gerais e particularmente às mulheres casadas. Outros
versículos da Escritura demonstram claramente que Deus, em casos especiais,
concede um ministério à mulher (Ex
III. Qualidades Ministeriais:
As
qualidades necessárias aos bispos (vv.1,2). As igrejas locais do tempo de Paulo
eram administradas por um grupo de presbíteros ou bispos em vez de um pastor
(At
As
qualidades necessárias aos diáconos (vv.8-13). Os diáconos eram aqueles aos
quais eram confiados os assuntos temporais da igreja, como, por exemplo, a
administração de finanças, etc.
IV. Doutrina
falsa:
O
propósito das instruções de Paulo é mencionado nos versículos que formam a
chave da epístola (vv.14,15): Timóteo precisa saber como agir em todas as
questões referentes à casa de Deus que é a Igreja do Deus vivo, coluna e
firmeza da verdade.
O
ministério da piedade (v.16). O fundamento desta verdade, que é mantida pela
Igreja, é o ministério da piedade, que inclui os seguintes fundamentos do
evangelho:
a
encarnação de Cristo: “que foi manifestado na carne”.
A
ressurreição de Cristo: “justificado em Espírito” (compare com Rm 1.4). O
mundo, crucificando a Cristo, declarou-o injusto; Deus, levantando-o dos
mortos, declara-o justo.
A
manifestação de Cristo: “contemplado por anjos” (1 Co 15.5-8).
A
proclamação de Cristo: “pregado entre os gentios”.
A
aceitação de Cristo: “crido no mundo”
A
exaltação de Cristo: “recebido na glória”.
Em
contraste com o ministério da piedade, Paulo menciona o ministério da impiedade
(4.1-5). Nos últimos dias, haverá a apostasia da fé (v.1). Nos dias de Paulo
esta apostasia era representada pela heresia gnóstica. “O erro especial aqui
combatido é a heresia gnóstica. Sete características desta falsa doutrina são
aparentes nas epístolas pastorais: a pretensão de possuir conhecimentos,
esclarecimentos e elucidações superiores; uma religião falsa com especulações
inúteis e vãs; um estado de anarquia; cauterização da consciência com um ferro
aquecido; uma interpretação alegórica das Escrituras, fazendo desvanecer por
explicações, a ressurreição, etc.; uma forma vã de piedade na qual as palavras
ocupavam o lugar das obras; procuravam combinar o culto a Deus com o dinheiro,
reduzindo a piedade a uma questão de interesse mundano; uma pretensão de
santidade superior que permite até pecados flagrantes professando um motivo
puro.”
A
atitude de Timóteo para com as doutrinas errôneas (vv.6-11). Ele deve evitar
teorias religiosas e especulativas que ensinam um ascetismo estéril. Exercícios
físicos (no sentido religioso), como jejum e abstinência de certos alimentos,
têm apenas valor temporário e limitado; mas a piedade é proveitosa para tudo,
tanto nesta vida como na eternidade (vv.7-11).
V. Instruções Pastorais:
Instruções
relativas ao próprio Timóteo (4.12-16).
Instruções
referentes às diversas classes na igreja.
Homens
e mulheres, velhos e jovens (5.1,2).
Viúvas
(vv.3-16). Era costume a igreja primitiva sustentar as viúvas pobres (At 6.1).
Timóteo foi instruído a providenciar o sustento das viúvas necessitadas e de
caráter irrepreensível (vv.3-8). Muitos comentaristas acreditam que outra
classe de viúvas é mencionada nos versículos 9 e
Presbíteros
(vv.17-25). Os presbíteros que governavam bem e que ensinavam deviam receber
uma remuneração generosa (vv.17,18). Qualquer acusação contra eles que não
fosse provada por duas ou mais testemunhas, devia ser ignorada (v.19). quando
fosse provado que um presbítero cometeu um grande pecado, deveria ser repreendido
publicamente (v.20). Timóteo não deve se precipitar quanto à ordenação de
presbíteros (v.22). Impor as mãos sobre um homem significa identificar com os
seu pecados. Timóteo deve usar prudência em ordenar presbíteros: os pecados e
faltas são aparentes em alguns homens, e em outros manifestam-se apenas mais
tarde (vv.24,25).
Servos
(6.1,2). Os servos devem fazer os seus serviços conscientemente, sejam os seus
amos crentes ou não.
VI. Exortações finais:
Timóteo
é advertido a: Separar-se dos falsos
mestres que ensinam contra a doutrina de Paulo e que supõem que a finalidade da
religião seja o lucro material (vv.3-10); Fugir do amor ao dinheiro e seguir as
verdadeiras riquezas das virtudes cristãs (v.11); Lutar no combate glorioso pela fé e levar o
prêmio da vida eterna (v.12); Guardar a missão que Paulo lhe deixou, pura e
irrepreensível (vv.13-16); Ordenar aos ricos que não confiem nas suas riquezas,
mas em Deus, que é o proprietário de todas as coisas, e que usem o seu dinheiro
de tal maneira que dê juros para toda a eternidade (vv.17-19). Guardar a santa
missão, evitando as teorias filosóficas do gnosticismo (vv.20,21).
Capítulo 11
2ª Epístola a Timóteo
Depois
de ter deixado Tito em Creta, Paulo navegou rumo ao norte com a intenção de ir
a Nicópolis passando por Trôade e Macedônia (Tt 3.12). Trófimo, seu
companheiro, adoeceu durante a viagem e ficou em Mileto (2Tm 4.20). Navegando
para Trôade, o apóstolo permaneceu na casa de um homem chamado Carpo. Naquele
tempo se levantou a perseguição contra os cristãos, instigada pelo imperador
Nero, que os acusou de terem incendiado Roma. Paulo, o chefe reconhecido dos
cristãos, foi preso, provavelmente em Trôade e a sua prisão deve ter sido tão
repentina, que algumas coisas que lhe pertenciam, ficaram em casa de Carpo (2Tm
4.13). Ao chegar a Roma, o apóstolo foi encarcerado. Sabendo que o seu martírio
se aproximava, escreveu esta última carta a Timóteo, rogando a este que o
visitasse. Paulo necessitava muito do seu filho na fé, porque os da Ásia, que
deviam apoiá-lo, abandonaram-no. Por causa da sua recente perseguição, a
maioria dos cristãos temia mostrar-se amigo seu. Sabendo que a timidez de
Timóteo poderia fazer com que evitasse o risco da perseguição causada por uma
visita a Roma, Paulo aconselha-o a que não tema a perseguição, nem se
envergonhe dele, o apóstolo, mas que seja valente em seu testemunho, e que
sofra as dificuldades como fiel soldado de Jesus Cristo. Admoesta-o também a
respeito da sua atitude para com os falsos mestres e as suas doutrinas. O
seguinte tema foi sugerido para a epístola: lealdade ao Senhor e à verdade em
vista da perseguição e apostasia.
A
epístola foi escrita pouco antes do martírio de Paulo em Roma e pelas seguintes
razões: para pedir a presença de Timóteo em Roma; para admoestá-lo contra os
falsos mestres; para animá-lo em seus deveres; para fortalecê-lo contra as
perseguições vindouras. Seu conteúdo é formado por:
I.
Introdução
(1.1-5).
II.
Exortações em
vista dos sofrimentos e perseguições futuras (1.6-2.13).
III.
Exortações em
vista da apostasia atual (2.14-26).
IV.
Exortações em
vista da apostasia futura (3.1-4.8).
V.
Conclusão
(4.9-22).
I. Introdução:
A
vocação de Paulo. Um apóstolo chamado
pela vontade de Deus para proclamar a promessa da vida centralizada em Cristo
(v.1); a saudação de Paulo a Timóteo (v.2); as orações incessantes de Paulo por
ele (v.3); o desejo de Paulo de ver novamente a Timóteo, lembrando-se das suas
lágrimas por ocasião da sua última despedida (v.4); as memórias de Paulo. A
verdadeira fé de Timóteo, fé que primeiramente habitava no coração de sua mãe e
de sua avó (v.5).
II. Exortações
Paulo
aconselha a Timóteo que, a) desperte, acenda a chama viva do dom de Deus que
lhe foi dado na sua ordenação, e deixe o espírito de covardia uma vez que é
incoerente com o espírito desse dom (vv.6,7); b) seja valente em face da
perseguição (vv.9-11); c) guarde o que foi confiado, pelo poder do Espírito que
habita nele (vv.13-14); d) reconheça a atitude que os crentes estavam tomando
para com o apóstolo: alguns, como os da Ásia, o estavam abandonando (v.15);
outros, como Onesífero, o estavam apoiando (vv.16-18); e) seja forte no poder
da graça de Deus (2.1); f) esteja pronto para enfrentar dificuldades: como um
soldado que faz o seu serviço voluntariamente (vv.3,4); como atleta, que
observa as regras dos jogos (v.5); como um lavrador, que recebe a recompensa do
labor executado pacientemente (vv.6,7); g) recorde dois fatos: 1) o evangelho
de Cristo ressuscitado que torna possível a Paulo sofrer por amor aos
escolhidos (vv.8-10); 2) a palavra fiel – sofrer com Cristo é reinar com ele;
negá-lo, é ser negado por ele (vv.11-13).
III. Exortações
Timóteo
é exortado a: ordenar aos cristãos que evitem discussões (2.14); a ser um
verdadeiro mestre da Palavra de Deus, evitando os falatórios profanos dos
falsos mestres (vv.15-21); a fugir não só da doutrina errônea, mas também da
vida má; e seguir não só a verdadeira doutrina, mas também a verdadeira vida
(v.22); a evitar as especulações vãs e superficiais que causam contendas e que
impedem a obra do pregador (vv.24-26).
IV. Exortações
Timóteo
é exortado a: 1) evitar os falsos mestres, porque: no futuro, surgirá uma vã
profissão de religião, combinando a completa falta de poder com um nível baixo
de moralidade (3.1-5); os ministros desta religião caracterizar-se-ão por sua
falta de princípios e oposição à verdade (vv.6-9); 2) permanecer fiel às suas
convicções, recordando-se: da lição de que o sofrimento faz parte da vida do
cristão neste mundo, como é ilustrado pelo exemplo de Paulo (vv.11-13); das
lições aprendidas da vida santa de Paulo (vv.10,14); das lições que ele
aprendeu das Santas Escrituras (vv.16,17). 3) cumprir inteiramente o seu dever
como evangelista, pregando a Palavra com infatigável paciência, adaptando o seu
ensino a qualquer capacidade, pregando, exortando e reprovando, pareçam as
oportunidades favoráveis ou não (4.1,2). Deve fazer isto por dois motivos: a)
no futuro o povo tornar-se-á impaciente a respeito da doutrina sã e
rejeitá-la-á (vv.3,4); b) o ministério de Paulo está perto do fim e ele confia
V. Conclusão:
Um
pedido urgente (4.9,10). Como uma mensagem de um velho pai moribundo a seu
único filho, vem o rogo de Paulo a Timóteo. O apóstolo está sozinho. Demas
abandonou-o; os outros estão ausentes em diferentes missões, e só Lucas está
com ele.
Paulo
passa algumas instruções especiais a Timóteo: a) Timóteo devia trazer Marcos,
que se havia mostrado digno da confiança do apóstolo (v.11); b) Timóteo devia
trazer a capa, os livros e os pergaminhos de Paulo (v.13). Ele adverte Timóteo
contra Alexandre, talvez alguém que tinha testificado contra Paulo em juízo.
Capítulo 12
Epístola a Tito
Na
ordem de composição, a epístola a Tito segue a primeira a Timóteo. Depois de
ter escrito esta última, Paulo navegou com Tito para Creta, onde o deixou a fim
de por em ordem as igrejas não organizadas. Tito, um gentio (Gl 2.3), provavelmente
era um dos convertidos de Paulo (Tt 1.4). Esteve presente com o apóstolo no
concílio de Jerusalém (At.15), onde, apesar da insistência dos judaizantes,
Paulo recusou a circuncisão de Tito (Gl 2.4). O apóstolo tinha grande confiança
nele e confiava-lhe missões importantes (2Co 7.6,7,13-16; 8.16-24). Sabendo que
o caráter indigno e imoral dos cretenses e a presença de mestres falsos
tornariam difícil a sua tarefa, Paulo escreveu a Tito uma carta para o instruir
e animar em seus deveres. A epístola é curta, contendo apenas três capítulos,
mas reúne num espaço limitado grande quantidade de instruções, abrangendo
doutrina, moral e disciplina. Martinho Lutero disse dessa epístola: “Esta é uma
epístola curta, mas é um resumo da doutrina cristã, e, composta de tal maneira
que contém todo o necessário para o conhecimento e a vida cristã.” Resumiremos
o tema da seguinte maneira: a organização de uma verdadeira igreja de Cristo, e
um apelo à Igreja para ser fiel a Cristo.
A
epístola foi escrita pouco depois da primeira carta a Timóteo, provavelmente em
algum ponto da Ásia Menor, para instruir Tito acerca da organização da igreja
cretense e para dirigi-lo no método de tratar com o povo. Seu conteúdo é
composto por:
I.
A ordem e
doutrina da igreja (cap.1).
II.
A conduta da igreja
(caps. 2,3).
A
missão especial de Tito em Creta era pôr em ordem a igreja desorganizada (v.5);
as qualificações dos presbíteros (vv.6-9); a razão para empregar grande cuidado
na escolha de presbíteros e a presença de mestres falsos (vv.10-16). Referente
a estes mestres, note: a) o seu caráter: insubordinados, enganadores e
faladores (v.10); b) o seu motivo: ganância material V.12); c) o seu ensino:
tradições judaicas e lendas (v.14); por exemplo, mandamentos concernentes à
abstinência de certos alimentos (v.15; compare com Mc 7.1-23; Rm 14.14).; d) as
suas pretensões: professam serem verdadeiros mestres do evangelho, mas a sua
vida pecaminosa desmente a sua profissão (c.16). notemos que Paulo ao
desmascarar o caráter dos cretenses (vv.12,13), cita um poeta cretense,
Epimênides (
II. A conduta da Igreja:
A
conduta do crente nas relações mútuas (2.1-15).
A
conduta do crente com relação ao mundo exterior (3.1-8).
Assuntos
que devem ser evitados - discussões
concernentes às genealogias celestiais e minúcias da Lei de Moisés (v.9).
Pessoas
que devem ser evitadas – os hereges (vv.10,11).
Um
herege é a pessoa que causa divisões na igreja ensinando doutrinas não
escriturísticas. Nos dias de Paulo, a moral corrompida era muitas vezes a
companheira da doutrina corrompida. Instruções finas (vv.12-15).
Capítulo 13
Epístola a Filemon
A
epístola a Filemon é a única amostra da correspondência particular de Paulo que
nos foi preservada. Pela impressão de cortesia, prudência e técnica de estilo
que Paulo nos apresenta, ela tornou-se conhecida como a “epístola da cortesia”.
Não contém instrução alguma direta referente à doutrina ou conduta cristã. O
seu valor principal encontra-se no quadro que nos oferece do funcionamento
prático da doutrina cristã na vida diária e da relação do Cristianismo com os
problemas sociais.
Tiraremos
o tema da história contada pela epístola, que trata de um escravo fugitivo,
chamado Onésimo. Mais afortunado do que alguns de seus companheiros, tem por
amo um cristão, Filemon, convertido de Paulo. Por causas não mencionadas,
Onésimo fugiu de seu amo. Foi a Roma, onde se converteu sob a pregação de
Paulo. O apóstolo encontrou nele um convertido sincero e amigo devotado.
Onésimo
chegou a ser tão querido por Paulo, que este quis retê-lo para lhe ministrar na
prisão. Mas o apóstolo teve de abrir mão desse privilégio. Embora Onésimo
tenha-se arrependido de seu pecado, havia necessidade de restituição, o que
somente podia ser cumprido pelo regresso do escravo e a sua submissão ao amo.
Este dever implicava em sacrifício não somente de Paulo, mas em outro ainda
maior de Onésimo que, voltando ao seu amo, estaria exposto a severo castigo
- a crucificação, punição geralmente
aplicada aos escravos fugitivos.
O
senso de justiça requeria de Paulo que devolvesse o escravo, mas a força do
amor fê-lo intervir por ele e salvar-lhe a vida. Escreveu uma carta gentil e
delicada de súplica afetuosa, identificando-se com Onésimo.
Depois
de saudar Filemon e sua família (vv.1-3), Paulo elogia-o por seu amor, fé e
hospitalidade (vv.4-7). O apóstolo tem uma súplica a fazer. Como Paulo, o
apóstolo, ele poderia ordenar, mas como Paulo o velho, o prisioneiro do Senhor,
prefere rogar a Filemon (vv.8,9). A sua súplica é que ele recebe de novo
Onésimo, que antes lhe era inútil, mas agora se tornou útil; Onésimo, o próprio
filho na fé de Paulo (vv.10-12). Estimava tanto o escravo que o teria retido
como seu servo, mas sem o consentimento de Filemon não o faria (vv.13,14).
Talvez fosse da providência de Deus que Onésimo partisse por pouco tempo, para
voltar e ficar com o seu amo para sempre, não como escravo, mas como irmão
(vv.15,16). Paulo identifica-se com Onésimo; se este devesse alguma coisa, o
apóstolo pagá-la-ia. Mas Filemon deve recordar-se de que deve a Paulo, em certo
sentido, a sua salvação (v.19). era a confiança de Paulo que Filemon obedeceria
e faria ainda mais do que ele lhe pedia (v.21). A epístola termina com as
saudações usuais (vv.22-25).
Dos
versículos
Esta
epístola foi enviada por Tíquico com as cartas aos Colossenses e Efésios. Seu
conteúdo é assim descrito:
I.
Introdução:
saudações (vv;1-3).
II.
Elogio de Filemon
(vv.4-7).
III.
Intercessão por
Onésimo (vv.8-21).
IV.
Conclusão:
saudações (vv.22-25).
O
valor da Epístola: 1. o seu valor
pessoal encontra-se no fato de proporcionar conhecimento do caráter de Paulo,
revelando seu amor, humildade, cortesia, altruísmo e tato. 2. Seu valor
providencial. Aprendemos aqui que Deus pode estar presente nas circunstâncias
mais adversas (v.15). 3. Seu valor prático. Somos animados a buscar e redimir o
mais baixo e degradado.Onésimo não tinha nada que o recomendasse, porque era
escravo fugitivo, e pior ainda, um escravo da Frigia, uma região notória pelo
vício e estupidez de seus habitantes. Mas Paulo ganhou-o para Cristo. 4. Seu
valor social. A epístola demonstra a relação entre o Cristianismo e a
escravidão. Pode-se perguntar por que o Cristianismo não procurou destruir este
sistema?. Embora Paulo não tenha ordenado diretamente a Filemon a libertação de
Onésimo, as palavras dos versículos 16 e 21 implicam em tal desejo do apóstolo.
5. Seu valor espiritual. Proporciona-nos alguns símbolos notáveis da nossa
salvação.
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