28 de jul. de 2020

Panorâmica acerca das Epístolas às Igrejas Cristãs

 Panorâmica acerca das Epístolas às Igrejas Cristãs

Joenildo Fonseca Leite

Após um estudo sistemático do livro de Atos chegamos às epístolas. Elas são em número de 22, se incluirmos o Livro de Apocalipse como uma epístola, e dividem-se em três grupos. Em primeiro lugar, temos as nove epístolas à Igreja Cristã (Romanos a 2 Tessalonicenses). A Seguir vêm as quatro Epístolas Pastorais e Pessoais (1 Timóteo a Filemon). Por último, encontram-se as nove Epístolas aos Cristãos Hebreus (Hebreus a Apocalipse). Neste módulo iremos enfocar as Epístolas Paulinas, ou seja, as cartas escritas aos Romanos até a carta escrita a Filemon.

Parte da correspondência entre os dois grupos de nove é digna de nota, no decorrer deste estudo. Cada grupo começa com um grande tratado doutrinário – no primeiro caso Romanos, no segundo Hebreus. Cada um termina com um “apocalipse” ou a revelação do futuro em relação à volta do Senhor Jesus – Tessalonicenses num grupo e Apocalipse no outro. As nove epístolas à “Igreja”, como o nome implica, foram escritas às igrejas cristãs. Essas nove são epístolas cristãs, mas seu aspecto e atmosfera são especialmente judaicos. Iremos considerá-las no devido curso; mas no momento nos ocuparemos com as nove epístolas às “Igrejas”.

 

Importância Especial para Nós.

Ficamos imaginando se poucos ou muitos cristãos atualmente compreendem a importância concentrada dessas nove epístolas “Igreja Cristã” e das quatro epístolas “pastorais e pessoais” para a presente era. Toda Escritura, de Gênesis a Apocalipse, foi escrita para nós, sendo proveitosa de várias formas; mas nem toda Escritura foi escrita sobre nós ou diretamente a nós como crentes em Cristo da presente dispensação. À parte da Bíblia escrita especificamente para nós e sobre nós, como membros do corpo místico e noiva de Cristo, é aquela que consiste das nove epístolas à “igreja cristã” e das quatro epístolas “pastorais”. Se há uma parte da Escritura que os crentes cristãos devem conhecer muito bem é esta.

Certos grupos de pregadores e teólogos de nossos dias falam muito sobre uma “volta” aos quatro evangelhos e à história de Jesus. Isto resulta em parte de um conceito completamente errado sobre a unidade e progresso da doutrina bíblica como um todo. Certamente não ousamos subestimar a importância fundamental dos quatro “evangelhos” – eles são a base histórica de todo o cristianismo; mas, se quisermos conhecer a interpretação divina, o significado doutrinário e as maravilhosas implicações espirituais desses registros históricos básicos, devemos examinar as epístolas. Existe hoje, entre as nossas igrejas, uma enorme deficiência quanto à compreensão da doutrina cristã, a qual é devida, em grande parte, a este excesso de ênfase sobre os evangelhos em detrimento das epístolas. Gostaríamos de dizer a todos os cristãos: procurem conhecer bem as epístolas às igrejas cristãs; elas constituem aquela parte das Escrituras que nos deve interessar especialmente, pela sua própria natureza.

 

Sua Peculiaridade e Propriedade.

O fato de tão grande parte de nosso Novo Testamento se na forma de cartas deve chamar nossa atenção. Nesse sentido, os documentos fundamentais do cristianismo são únicos entre as religiões do mundo. Mas, além disso, essas epístolas têm uma propriedade marcante no que diz respeito à missão que devem realizar. Qual o propósito divino por trás de sua composição e preservação?

Como vimos, durante o período de intervalo coberto por Atos dos Apóstolos, a volta do Senhor dependia da reação de Israel à nova oferta do Senhor como Messias-Salvador-Rei. Se tivesse havido uma resposta nacional, o Senhor teria voltado em glória soberana sem mais delongas (At 3.17-21); mas, à medida que a recusa de Israel tornou-se cada vez mais obstinada, a volta prometida mostrou-se irrealizável. Ao lado do fracasso de Israel, porém, foi gradualmente revelado que um novo movimento de Deus estava sendo moldado na história. Embora a nação de Israel como um todo tivesse recusado a oferta renovada do Messias-Salvador-Rei, surgiu, através do mundo romano, grupo ou “igrejas” de crentes, reconhecendo Jesus como Salvador Divino e vivendo na esperança da sua volta. Essa foi à primeira expressão na terra desse organismo espiritual, a Igreja, o corpo místico e a noiva do Deus Filho.

Foi necessário que essas comunidades recebessem instrução de forma mais permanente do que simplesmente o ensino oral pelo qual, foram chamadas a existir. Elas preservam de modo permanente os ensinos inspirados especialmente providenciados para os cristãos da era presente. Paulo e seus co-escritores não podiam imaginas que estivessem escrevendo para uma época a vinte e um séculos adiante da sua! Mas o Espírito Santo sabia, e foram de tal modo guiados no que escreveram que suas cartas se tornaram a doutrina da Igreja para todos os tempos.

Existe uma propriedade notável a respeito dessas cartas para o fim a que devem servir. Podemos ficar perfeitamente gratos porque as verdades nelas apresentadas foram entregues a nós na forma de cartas, em lugar de teses ou catecismos teológicos sob medida! Chegando até nós na forma dessas cartas comoventes, elas contem calor, paixão e energia, frescor e um toque pessoal que, de outro modo, jamais poderiam ter.

Além disso, esta forma de comunicar a verdade era peculiarmente apropriada a uma natureza como a de Paulo. “Ela se adequava àquela impetuosidade de sentimentos, àquela natureza emocional calorosa que o cinismo moderno teria depreciado como ‘emotivo’ ou ‘histérico’, que não poderia limitar-se à composição de tratados formais. Ela permitia uma liberdade de expressão muito mais vigorosa e mais natural ao apóstolo do que os silogismos regulares e os parágrafos em estilo fluente de um livro formal”.

 

Seu Número e Ordem.

Apesar de existirem nove epístolas á “igreja”, elas são dirigidas somente a sete igrejas; visto que, em dois casos, duas cartas são dirigidas à mesma igreja. Vale a pena notar, porém, que o Espírito Santo através de Paulo trata com o mesmo número místico, como fez o Senhor Jesus quando, da glória, se dirigiu às “sete igrejas”, conforme registrado em Apocalipse 2 e 3. o número sete nas Escrituras dá  idéia de plenitude. Nas epístolas dirigidas pelo Espírito Santo através de Paulo, a essas sete igrejas cristãs, tem o ensino global do Espírito Santo para os crentes em Cristo durante a dispensação atual. Elas contêm “toda verdade” à qual seríamos guiados pelo Espírito Santo, conforme o Senhor previamente anunciara.

A ordem bíblica dessas epístolas à “igreja” é também de especial interesse para nós. Em 2 Timóteo 3.16, Paulo escreve: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção”. Ao que parece, o Espírito Santo, ao dirigir-se a essas sete igrejas por intermédio de Paulo, dividiu-as em três e quatro, correspondendo às palavras do apóstolo recém-mencionadas. Verificamos que as cartas enviadas a três dessas igrejas representam, de certa maneira, uma elaboração doutrinária, cada ligada a um tema principal. São as Epístolas aos Romanos, Efésios e Tessalonicenses, abrangendo especialmente doutrina.

Nas epístolas às quatro igrejas, embora, de um ou outro modo, haja instrução ao longo das mesmas, nenhum assunto predominante é exposto em forma de tratado. São tratados epistolares não doutrinários. Nesse grupo acham-se as epístolas aos Coríntios, Gálatas, Filipenses e Colossenses. Elas contêm, de maneira distinta, “repreensão” e “correção”. Assim sendo, temos:

Romanos (“Doutrina”), Coríntios (“Repreensão”), Gálatas (“Correção”), Efésios (“Doutrina”), Filipenses (“Repreensão”), Colossenses (“Correção”), Tessalonicenses (“Doutrina”).

Vejamos essas três igrejas às quais foram dirigidos os tratados doutrinários – Romanos Efésios e Tessalonicenses. As cartas a essas três são as normas sobre os assuntos de que tratam: Justificação pela fé (Romanos), a doutrina da Igreja (Efésios), a Segunda Vinda de Cristo (Tessalonicenses).

Quanto a Coríntios e Gálatas, elas vêm após Romanos (a líder do quarteto) por evidenciarem desvio de seu ensino especial e evocarem, respectivamente “repreensões” referindo-se à conduta incorreta; e a “correção”, à doutrina errada.

Quanto a Filipenses e Colossenses, vêm após Efésios (a primeira das três) porque, igualmente, evidenciam desvio de seu ensino especial e evocam, respectivamente, “Repreensão” e “correção” (Colossenses).

1 e 2 Tessalonicenses são os fechos destas sete “instruções” do Espírito Santo. Em Romanos, o pecador arrependido é mostrado como morto para o pecado e “ressuscitado em Cristo”. Em Efésios, ele se acha “sentado com Cristo nos lugares celestiais” num sentido espiritual. Em Tessalonicenses, é “arrebatado” para sempre na glória com o Senhor! E mesmo nas duas breves cartas aos Tessalonicenses existe a mesma ordem (1) “doutrina”, (2) “repreensão”, (3) “correção”. A primeira carta aos Tessalonicenses apresenta a verdadeira “doutrina” e estabelece o padrão para a doutrina do segundo advento. A segunda segue-se a ela com “repreensão” do comportamento errado em vista da volta esperada e “correção” de ideias erradas.

 

As epístolas às “Igrejas” dividem-se em três grupos:

1º) Romanos até Gálatas; Cristo e a Cruz - evangélica.

2º) Efésios, Filipenses, Colossenses; Cristo e a Igreja - mística.

3º) 1 e 2 Tessalonicenses; Cristo e a sua Vinda - escatológica.

 

Capítulo 1

Epístolas aos Romanos

 A epístola aos Romanos é uma resposta completa, lógica e inspirada à grande pergunta dos séculos: “Como pode o homem ser justificado para com Deus?” (Jó 9.2). No Antigo Testamento, nos Evangelho e em Atos, encontram-se em diversos lugares os ensinos concernentes a essa grande doutrina que forma a própria base da epístola aos Romanos – a justificação pela fé. Foi o apostolo Paulo quem reuniu esses ensinos, acrescentando as revelações especiais que lhe foram confiadas, dando-nos a mais completa explicação que se encontra no Novo Testamento, incorporada numa epístola que tem sido chamada “a catedral da doutrina cristã”. Resumamos o tema de Romanos da seguinte maneira: a justificação dos pecadores, a santificação dos justificados e a glorificação dos santificados, pela fé e pelo poder de Deus.

Na sua última visita a Corinto, Paulo encontrou ali uma irmã cristã, chamada Febe que ia a Roma (Rm. 16.1,2). Aproveitou o ensejo para enviar, por meio dela, uma carta a igreja naquele lugar, falando de sua futura visita e dando aos romanos uma declaração das verdades que lhe tinham sido reveladas.

 

A epístola pode ser dividida nas seguintes três divisões gerais:

1. Doutrinária, desenvolve o argumento de Paulo da justificação pela fé (1-8).

2. Dispensacional (9-11). Nos capítulos 1 a 8 e 12 a 16, Paulo trata da Igreja. Nos capítulos 9 a 11, afasta-se por certo tempo desse tema, para falar de Israel e mostrar a relação deste povo com o plano divino da salvação. Esta seção responde à pergunta: “Que lugar ocupa a nação judaica no plano divino da salvação”.

3. Prática (12-16). Contém exortação relativa à vida cristã.

 

Usaremos o seguinte esboço como base do nosso estudo:

1) Condenação (1.1-3.20).

2) Justificação (3.21-5.21).

3) Santificação (6-8).

4) Dispensação (9-11).

5) Exortação (12-16).

 

1) CONDENAÇÃO:

O versículo 16 contém, em resumo, o tema da epístola inteira: o evangelho é (1) o poder de Deus para a salvação; (2) de todo aquele que crê, (3) primeiro do judeu, e (4) também do grego.

Paulo começa agora, o seu grande argumento da justificação pela fé expondo a sua premissa maior, a saber, que o mundo inteiro é culpado perante deus e está sob condenação. Ele prova que:

Os pagãos estão sob condenação. (1.18-32). Eles receberam, no princípio, uma revelação de Deus (vv.19,20), mas rejeitaram-na (v.21). A rejeição da luz levou à ignorância espiritual ((v.22); a ignorância espiritual conduziu à idolatria (vv.23-25), e a idolatria deu lugar a corrupção moral (vv.26-32).

O judeu está sob condenação (cap.2). Em vez de humilhar-se pelo seu conhecimento da Lei, como deveria ter feito, tornou-se crítico e presunçoso, e a sua presunção cegou-o para não compreender que, aos olhos de Deus, não é melhor do que os pagãos que não têm a Lei (2.1-16). O seu conhecimento da fé, muito pelo contrário, aumenta ainda mais a sua condenação e torna-o ainda mais culpado do que os pagãos que não possuem a luz (2.17-29).

Não há diferença entre o judeu e o gentio. Ambos estão  debaixo do pecado, sem esperança alguma de serem justificados pelas obras da Lei ou por algum meio humano (3.1-20).

 

2) Justificação:

A última seção termina com um quadro do mundo inteiro culpado perante Deus, encerrado na prisão do pecado e aguardando a pena da Lei. Do lado humano, não há nenhuma possibilidade de escape; a libertação terá de vir do lado divino. A maneira de escapar é, agora, revelada – justificação pela fé. Por justificação, queremos dizer o ato judicial de Deus, por meio do qual aqueles que põem a sua fé em Cristo, são declarados justos ante os olhos dele, e livre de toda culpa e castigo. Isto pode ser ilustrado pela absolvição do prisioneiro pelo juiz, que o declara inocente.

  3) Santificação:

Nos capítulos 1 a 5 Paulo trata dos pecados, da manifestação externa do pecado em nossa natureza e da culpa que se segue a esses pecados. Nos capítulos 6 a 8 trata do pecado, isto é, da própria natureza pecaminosa. A primeira seção fala da nossa libertação da culpa e pena; a primeira trata das nossas ações, a segunda, da nossa natureza. Os capítulos 6 a 8 respondem à pergunta: uma vez justificado, qual é a relação do cristão com o pecado? A resposta a esta pergunta pode reduzir-se a uma palavra – santificação. Isto é, separação do pecado e separação para Deus.

 4). Dispensação:

Até aqui Paulo revelou o plano divino da salvação e chegou à conclusão de que a salvação é pela fé em Cristo para todos os que crêem, sejam judeus, ou gentios. Tem tratado da salvação em relação ao indivíduo, mas qual é a sua relação a Israel com nação? Se eles foram rejeitados como nação, que será das promessas de restauração nacional no Antigo Testamento? Se Israel é o povo escolhido de Deus e que recebeu a sua palavra, as alianças e a Lei, por que rejeitou, como nação, o seu Messias? Será Israel restaurado ainda? Qual será a atitude dos cristãos para com ele? O tema de 9.30-10.21 é o seguinte: a rejeição de Israel é inteiramente por sua própria culpa.

 5) Exortação:

Como a maioria das epístolas doutrinárias de Paulo, Romanos contém uma seção prática. O apóstolo poderá conduzir os seus leitores às alturas mais elevadas da doutrina cristã, mas nunca deixa de trazê-los de novo à terra, onde hão de aplicar a doutrina à vida diária. A seção prática segue ao capítulo 8. os capítulos 9 e 11 são parentéticos, isto é, são inseridos por causa da sua grande importância, mas não são necessários para completar o sentido da epístola. A epístola aos Romanos estaria completa – pelo menos na forma – sem estes capítulos. O “pois” de 12.1, é o elo que une esta seção aos primeiros 8 capítulos. Devido ao que foi exposto nestes capítulos: justificação, santificação e esperança de uma glorificação vindoura – os cristãos devem consagrar-se a Deus, servir uns aos outros em amor, andar em sabedoria e santidade diante do mundo. Resumiremos o conteúdo desta seção da seguinte maneira:

1) O dever do cristão como membro da igreja (12.1-21): consagração (vv.1,2), serviço (vv.3-8), amor para com os irmãos (vv.9-21).

2) O seu dever como membro do Estado (13.1-7): obediência às autoridades.

3) Seu dever para com os outros membros do Estado (13.8-14): amor.

4) Seu dever para com os irmãos mais fracos (14.1-15.13): paciência.

5) Conclusão (15.14-16.27). O ministério de Paulo entre os gentios (vv.14-21); seu propósito de visitá-los (vv.22-23); saudações (16.1-23); bênção (vv.24-27).

 

Capítulo 2

1ª Epístola aos Coríntios

 

A primeira epístola aos Coríntios foi escrita com o propósito de corrigir desordens que haviam surgido na igreja de Corinto e para estabelecer aos fiéis, um modelo de conduta cristã. Assim sendo, podemos determinar o seu tema da seguinte maneira: a conduta cristã na igreja, no lar e no mundo.

Paulo visitou Corinto na sua segunda viagem missionária (compare com At.18). Enquanto estava em Éfeso, ouviu falar de desordens cometidas na igreja de Corinto. Crê-se que fez então uma visita apressada a Corinto. (Deduz-se esta visita da declaração em 2 Coríntios 12.14, de que estava para visitar Corinto pela terceira vez. A primeira visita foi feita durante a sua segunda viagem missionária, e a última, depois de escrever 2 Coríntios). Depois de voltar a Éfeso, escreveu-lhes uma epístola (agora perdida), instruindo-os acerca da sua atitude para com os membros da igreja que tinham cometido pecados (1 Coríntios 5.19). Mais tarde, uma família de Corinto visitou Paulo, informando-o acerca das divisões surgidas na igreja. Uma resposta chegou da sua primeira carta (7.1), fazendo certas perguntas relativas à conduta cristã. Para corrigir as desordens surgidas, e para responder às perguntas, Paulo escreveu esta sua primeira epístola aos Coríntios. Podemos resumir desta maneira, o propósito de Paulo ao escrever esta epístola:

 

Para corrigir as seguintes desordens:

1) Divisões;

2) Imoralidade;

3) Disputas entre os crentes;

4) Desordens durante a Ceia do Senhor;

5) Desordens durante o culto.  

 

Para responder às seguintes perguntas:

1) Concernente ao matrimônio;

2) Concernente ao comer carne oferecida aos ídolos;

3) Concernente aos dons do Espírito.

 

Esta carta foi escrita nos 3 anos de Paulo em Efésios, com o seguinte conteúdo:

1) Correção de desordens morais e sociais (1-8);

2) Autoridade apostólica (9);

3) Ordem na igreja (10-14);

4) A ressurreição (15);

5) Conclusão (16).

 

 1) Correção de Desordens Morais e Sociais:

Paulo denuncia as divisões existentes entre os coríntios. O espírito de partidarismo quase destruiu o amor cristão. Os coríntios, tomados de uma admiração indevida para com a direção humana, colocavam-se sob diferentes ministros, que procuravam levantar um contra outros como líderes rivais. Alguns admiravam o zelo e o poder de Paulo; outros viam no eloquente e culto Apolo o pregador ideal. Outros, pertencendo talvez ao partido judaizante, consideravam Pedro, o apóstolo dos judeus, o líder modelo; outros ainda, evidentemente desanimados por estas divisões, chamavam-se simplesmente seguidores de Cristo (1.12).

Paulo dedica uma ampla seção à comparação da sabedoria de Deus com a sabedoria do homem e à demonstração da incapacidade deste último para revelar as coisas de Deus (1.17-2.1-16). A sua repreensão e recusa da sabedoria e filosofia meramente humana se compreenderão quando levamos em consideração que os gregos tinham uma profunda admiração pela educação e cultura, que havia o perigo de eles reduzirem o Cristianismo a um sistema meramente intelectual, e de transformarem-no numa das muitas escolas de filosofia que existiam em seu país. Foi este amor para com a sabedoria humana, que levara a uma apreciação indevida da liderança humana, a qual, por sua vez, resultou em divisões entre eles.

Nos capítulos 3 e 4, Paulo ataca a raiz da questão demonstrando claramente a relação do ministro para com Deus, para com o próximo e para com o povo. Apesar de os coríntios vangloriarem-se da sua intelectualidade, estavam divididos acerca da liderança, tolerando em seu meio a mais baixa imoralidade (5.1-2). Paulo, usando plenamente a sua autoridade apostólica, corta da comunhão da igreja o ofensor e entrega-o, por assim dizer à mão castigadora de Satanás (compare com Jó 1.12; 2Co 12.7), para que possa ser levado ao arrependimento (v.5). Sabemos pela segunda epístola aos Coríntios que este homem se arrependeu. (2Co 2.6-8). Alguns dos coríntios tinham exposto à censura a causa de Cristo, indo a juízo irmão contra irmão, perante juízes infiéis (6.1-8). Paulo diz-lhes claramente que se tivesse de reinar com Cristo, julgar o mundo e até mesmo os anjos, deveriam poder julgar as suas próprias questões.

No capítulo 7 Paulo responde a uma pergunta dos coríntios concernente ao matrimônio. Ao estudar este capítulo, devemos recordar-nos de que nem todas estas declarações são mandamentos (7.6), mas muitas são sugestões de um homem guiado pelo Espírito, que considera o matrimônio com relação às condições locais de Corinto (onde predominava a imoralidade, 7;1) e com relação às futuras perseguições da Igreja (vv.26-29). Devemos lembrar também que este capítulo não contém todas as doutrinas do Novo Testamento acerca do casamento.

 

2) Autoridade Apostólica:

Paulo defende-se contra uma pequena seção da igreja que negava a sua autoridade como apóstolo (6.18; 9.3). Uma das acusações contra ele era que não exigia sustento financeiro porque lhe faltava à autoridade para pedi-lo. Paulo menciona como prova de seu apostolado, o fato de ter visto o Senhor (v.1), e refere-se a eles, como igreja, como fruto do seu ministério (v.2). Reclama autoridade igual à dos outros apóstolos (vv.4-6). Ele prova que, como ministro do evangelho, tem direito ao sustento financeiro, por meio de uma ilustração natural (v.7), por uma citação da Lei (vv.9,10), e por uma ilustração do templo (v.13). Em seguida, explica por que não faz uso desse direito: não desejava pôr impedimento algum ao evangelho, transformando-o em um fardo para o povo; o fato de pregar o evangelho sem remuneração, é sua recompensa (v.18); pregando o evangelho considerava-se simplesmente um “servo inútil” (v.16) cumprindo apenas o seu dever. Paulo está disposto a renunciar aos seus direitos e a acomodar-se a todas as condições e classes de homens, para poder salvar algumas almas (vv.19-23). Há uma boa razão para fazer estes sacrifícios. Como os atletas gregos, durante o seu período de treino, se abstinham de muitos prazeres e conforto e se sujeitavam as tarefas árduas para ganharem uma coroa de folhas, assim ele estava disposto a fazer sacrifícios para ganhar uma coroa incorruptível (24.27).

 

3) Ordem na Igreja:

Apesar de terem participado os coríntios de grandes favores espirituais, sido recebedores da graça de Deus, Paulo adverte-os da possibilidade de caírem de sua elevada posição espiritual. Prova isto os comparando a Israel.

Paulo pronuncia uma admoestação contra o cair nos laços da idolatria. Embora os cristãos possam sentir-se livres para desfrutar alguma liberdade, devem refletir se essas indulgências servem de edificação para a coletividade dos crentes (10.24-29).

Os versículos 1 a 16 do capítulo 11, tratam da conduta das mulheres nas assembleias. O versículo 3 parece ser a chave desta seção. Na época de Paulo, as mulheres usavam véu como símbolo de sujeição ao homem. O evangelho deu à mulher uma liberdade que nunca antes tinha possuído, abolindo a distinção dos sexos, quanto à salvação e ao estado de graça (Gálatas 3.28). Parece que por causa dessa liberdade as mulheres de Corinto reclamavam igualdade de condições com os homens, em todos os sentidos e, como uma declaração clara desse direito, vieram a profetizar e orar sem o véu. Ao fazer isto, violaram a ordem divina que é a seguinte: Deus é a cabeça de Cristo; Cristo, do homem; e o homem, da mulher (v.3).

Os versículos restantes deste capítulo tratam das perturbações na Ceia do Senhor. Parece que, antes de participarem da Ceia do Senhor, os crentes participavam de uma refeição comum, geralmente conhecida como a festa do amor. Durante essa festa, muitos dos coríntios tinham cedido à glutonaria e embriaguez, com o resultado de não estarem mais em condições de participar da Ceia do Senhor. Depois de explicar o caráter sagrado e o significado da Ceia do Senhor, Paulo repreende os cristãos contra a participação indigna para que não caiam sob o castigo divino.

Os capítulos 12, 13 e 14, tratam dos dons espirituais. O capítulo 12 trata da variedade e distribuição dos dons; o capítulo 13, do espírito que deve caracterizar o seu uso; o capítulo 14 das regras que regularizam a sua manifestação no culto.

 

4) A Ressurreição:

O capítulo 15 é o grande capítulo da ressurreição na Bíblia. Paulo foi obrigado a tratar da doutrina da ressurreição de uma maneira muito profunda porque havia uma negação desta doutrina. Alguns, talvez interpretando mal as doutrinas de Paulo concernentes à ressurreição espiritual do pecador, pensavam que esta fosse à única ressurreição. Outros provavelmente os do partido dos “antinômios” (crentes professos que, indo ao outro extremo do legalismo, declaravam-se inteiramente livres da lei. Baseando-se em algumas declarações de Paulo, segundo as quais os crentes não estavam sob a Lei, e não eram justificados por nenhuma observância externa, estes hereges haviam concluído falsamente que todos os atos exteriores não tinham nenhuma importância, e que o homem podia até ser um criminoso sem afetar sua posição de crente.), não estavam interessados em ver a ressurreição de um corpo corrompido pelos pecados da impureza.

 

5) Conclusão:

Resumamos o conteúdo do capítulo 16, da seguinte maneira: concernente à coleta para os santos judeus pobres (vv.1-4); concernente à futura visita de Paulo (vv.5-9); concernente à visita de Timóteo (vv.10,11); concernente a Apolo (v.12) e exortações e saudações (vv.13-24).

 

 Capítulo 3

2ª Epístola aos Coríntios

           

De todas as epístolas de Paulo, 2ª aos Coríntios é a mais pessoal. É uma revelação de seu coração, de seus sentimentos mais íntimos e de seus motivos mais profundos. Esta exposição de seu coração não foi uma tarefa fácil para o apóstolo, mas, sim, uma tarefa bem desagradável. A presença de mestres falsos em Corinto, que punham em dúvida sua autoridade, impugnando os seus motivos e menosprezando a sua autoridade, tornou necessária uma defesa do seu ministério. Ao fazer essa tarefa, foi obrigado a relatar experiências a respeito das quais ele preferia ficar calado. Através da epístola, ele tem cuidado de informar aos seus leitores este fato. Tendo em mente que 2ª Coríntios é a defesa pessoal do ministério de Paulo, resumiremos o seu tema da seguinte maneira: o ministério de Paulo, seus motivos, sacrifícios, responsabilidades e eficiência.

Depois de escrever a primeira carta em Éfeso, Paulo foi a Trôade, onde esperou Tito que devia trazer-lhe uma resposta de Corinto (2Co 2.13);

Desapontado em sua expectativa, Paulo foi à Macedônia onde encontrou Tito que lhe deu as novas de que a igreja na sua maioria tinha aceitado as suas exortações, mas que havia uma pequena minoria, que recusara a sua autoridade.

Para consolar e animar os primeiros, e admoestar os últimos, Paulo escreveu a sua segunda carta, provavelmente em Filipos, durante a sua terceira viagem missionária.

A carta foi escrita para: 1. Consolar os membros arrependidos da igreja; 2. Admoestar a minoria rebelde. 3. Admoestar contra os falsos mestres. 4. Resistir aos ataques feitos contra o seu ministério por estes falsos mestres.

É excessivamente difícil analisar o livro. Como diz certo escritor “É quase impossível analisar esta carta, que é o menos sistemático dos escritos de Paulo. Assemelha-se a um rio africano. Às vezes corre calmamente e espera-se uma análise satisfatória, mas repentinamente aparece uma grande catarata e uma agitação terrível, quando se fendem as grandes profundezas de seu coração.” Dividiremos o livro em quatro seções, da seguinte maneira:

I. Uma visão retrospectiva (1.1-2.13).

II. A dignidade e eficiência do ministério de Paulo (2.14-7.1-16).

III. A oferta para os judeus crentes (caps. 8,9).

IV. A defesa que Paulo faz de seu apostolado (10.1-13.14).

 

I. Uma visão retrospectiva:

Deus sustenta Paulo na tribulação para que ele por sua vez possa consolar os outros (1.1-11); Os meus motivos são puros! (1.12-14). Por que retardou Paulo a sua visita(1.15-2.11). A espera ansiosa de Paulo por notícias de Corinto (2.12,13).

 

II. A dignidade e Eficiência do Ministério de Paulo:

            Os triunfos de Paulo no seu evangelho (2.14-17); Paulo defende-se contra os judaizantes e mostra que a Nova Aliança é melhor do que a Antiga (3.1-4.6). Em enfermidade, perigo e perseguição a força de Paulo vem do poder de Deus e a esperança da vida eterna (4.7-5.10). O segredo da sinceridade de Paulo é o seu sentimento de responsabilidade para com Cristo (5.11-21). Paulo defende a sua fidelidade em pregar o evangelho (6.1-13). Separai-vos! (6.14-7.1). Paulo roga aos seus convertidos que não dêem importância aos maliciosos e incertos informes acerca dele (7.2-4). Por que Paulo esperou por Tito (7.5-16).

 

III. A oferta para os judeus crentes.

Lembrai-vos do exemplo dos pobres macedônios e, sobretudo do exemplo de Jesus! (8.1-15). Paulo louva os portadores das ofertas (8.16-24). Estai prontos para dar liberalmente e assim colhei a bênção de Deus! (cap. 9).

 

IV. A Defesa que Paulo faz de seu apostolado.

Paulo faz uma comparação entre si e os falsos mestres (10.1-18). Tolerai a quem vos ama! (11.1-6). Por que Paulo não pediu sustento (11.7-15). Sinais e visões divinas, serviço fiel e sofrimentos, provam o direito de Paulo ao apostolado (11.16-12.13). Rogo-vos que não me obrigueis a usar o meu poder para disciplinar-vos! (12.14-13.10).

 

Conclusão (13.11-14).

 

Capítulo 4

Epístola aos Gálatas

 

A questão se os gentios deviam guardar a Lei de Moisés foi resolvida no concílio de Jerusalém. A decisão foi que os gentios eram justificados pela fé sem as obras da Lei. Esta decisão, no entanto, não parecia satisfazer ao partido judaizante, o qual insistia em que, apesar de serem salvos os gentios pela fé, esta seria aperfeiçoada pela observância da Lei de Moisés. Ao pregar a mensagem da mistura da Lei e da graça, faziam todo o possível para insurgir os seus convertidos contra Paulo e contra a mensagem que pregava. Conseguiram seu objetivo ao ponto de trazerem sob a observância da Lei toda a igreja dos gálatas – uma igreja gentílica. Para restaurar esta igreja ao seu estado anterior de graça, Paulo escreveu esta epístola, cujo tema é. a justificação e a santificação, não pelas obras da Lei, mas, sim, pela fé.

Passando pela Galácia na sua segunda viagem missionária, Paulo foi detido por causa de enfermidade (At 16.6; Gl 4.13). Foi bem recebido pelos gálatas, e estabeleceu uma igreja ali (Gl 1.6; 4.14). Enquanto estava na Grécia em sua terceira viagem missionária (At 20.2), recebeu as notícias de que os gálatas haviam-se sujeitado ao jugo da Lei. Isto o levou a escrever a sua epístola.

Esta carta foi escrita para opor-se à influência dos mestres judaizantes que procuravam destruir a autoridade de Paulo. Para refutar os seguintes erros, que eles ensinavam: a) que a obediência à Lei misturada com a fé é necessária à salvação; b) que o crente é aperfeiçoado guardando a Lei; Para restaurar os gálatas que haviam caído da graça.

O conteúdo desta epístola é assim apresentado:

I. O apóstolo da liberdade (caps. 1,2).

II. A doutrina da liberdade (caps. 3,4).

III. A vida de liberdade (caps. 5,6).

 

I. O apóstolo da liberdade:

Nos dois primeiros capítulos, Paulo defende-se contra as seguintes acusações dos judaizantes: negavam que ele fosse um verdadeiro apóstolo de Cristo, porque não tinha recebido, como os Doze, a sua missão pessoalmente do Senhor. 2. diziam que era apenas um mestre enviado pelos apóstolos, de maneira que as suas doutrinas só deveriam ser aceitas quando estivessem de acordo com as dos outros. 3. acusavam-no de espalhar doutrinas não aprovadas pelo concílio de Jerusalém.

Note como Paulo respondeu a essas acusações: no primeiro versículo da epístola, Paulo revela enfaticamente a sua missão divina como apóstolo. Em seguida, cumprimenta os crentes (v.2-5). Note que há uma ausência de ações de graças que caracterizam as suas outras epístolas, porque está escrevendo a uma igreja que caiu da graça. Está admirado por eles terem-se afastado do verdadeiro evangelho para aderirem ao que ele chama um evangelho diferente (vv.6,7). Sobre aqueles que pregavam um evangelho diferente ele pronuncia uma maldição (vv.8,9). Nos versículos 10 a 24 do capítulo 1, Paulo desmente a acusação de ter recebido dos apóstolos o seu ensino e a sua missão, dizendo que os recebeu do próprio Senhor. Nos versículos 1 a 10 do capítulo 2, Paulo mostra que o seu ministério e mensagem receberam a aprovação dos líderes do concílio da igreja em Jerusalém.

Quatorze anos depois da sua conversão, Paulo foi a Jerusalém para assistir ao concílio e aí defendeu a sua pregação da justificação dos gentios somente pela fé (2.1; Atos 15.1,2). Em vez de ter sido censurado pelos Doze, como se alegava, Paulo afirma ter censurado um deles (2.11-21). Depois da sua visão e sua experiência na casa de Cornélio, Pedro livrou-se dos preconceitos judaicos, e entrou em livre intercâmbio social com os gentios. Mas quando alguns dos judeus cristãos ortodoxos vieram de Jerusalém e evidentemente com olhar de crítica, viram a sua conduta (e a dos judeus que estavam com ele), ele separou-se dos gentios (vv.11-13). Esta forma de agir Paulo condenou como contemporização covarde.

 

II. A doutrina da Liberdade:

Paulo repreende os gálatas por terem-se afastado da verdade da justificação pela fé e diz-lhes que a experiência espiritual deles não tinha nenhuma conexão com a sua observação da Lei (3.1-5). Ele apresenta então o argumento de que a justificação é pela fé, sem as obras da Lei. (3.6-4.7).

 

III. A vida de Liberdade:

Podemos resumir esta seção com as seguintes exortações: permanecei firmes na liberdade da graça, porque a Lei não vos pode salvar (5.1-6); afastai-vos dos falsos mestres que perverteram o evangelho e vos fizeram escravos do legalismo (5.7-12); embora estejais livres da Lei de Moisés, não estais livres para pecar. Andai no amor e assim, cumprireis a Lei (5.13,14); sereis tentados, contudo, pela natureza carnal, mas obedecei aos impulsos do Espírito e sereis vitoriosos (5.16-26). Levai as cargas uns dos outros e sede pacientes com os que cometem faltas (6.1-5); ajudai aos vossos pastores e assim recebereis a bênção divina. (6.6-10).

Conclusão (6.11-18). Cuidado com os judaizantes. Sei muito bem que desejam ganhar-vos simplesmente para obter uma reputação de zelo. Gloriai-vos somente na cruz, na qual unicamente há salvação.

 

Capítulo 5

Epístola aos Efésios

Quanto à profundidade e sublimidade da doutrina, Efésios supera todas as demais epístolas de Paulo. Tem sido chamada a “epístola do terceiro céu” de Paulo, porque ele se eleva das profundezas da ruína até as alturas da redenção – e os “Alpes do Novo Testamento”, porque aqui nos ordena Deus que subamos passo a passo até alcançarmos o ponto mais elevado possível para o homem alcançar, a própria presença de Deus. A epístola aos Efésios é uma grande exposição de uma doutrina fundamental da pregação de Paulo, a saber, a unidade de todo o universo em Cristo, a unidade do judeu e gentio em seu corpo, a Igreja, e o propósito de Deus nesse corpo para o tempo presente e para a eternidade. A epístola é dividida em duas seções: doutrinária (caps.1-3) e prática (caps. 4-6). Na primeira seção Paulo expõe a grandeza e glória da vocação cristã. Então ensina que uma vocação santa exige uma conduta santa. Ele apela para os seus leitores a fim de que se elevem à mais alta dignidade da sua missão. Fazendo assim, apresenta o quadro da Igreja como um só corpo, predestinado desde a eternidade a unir o judeu e o gentio. Esta Igreja pelos séculos vindouros irá exibir ante o universo a plenitude da vida divina, vivendo a vida de Deus, imitando o caráter de Deus, usando a armadura de Deus, lutando nas batalhas de Deus, perdoando como Deus perdoa, educando como Deus educa, e tudo isto, para que se cumpra a obra mais ampla pela qual Cristo há de ser o centro do universo.

Resumiremos o tema da seguinte maneira: a Igreja é escolhida, redimida e unida em Cristo; de sorte que a Igreja deve andar em unidade, em novidade de vida, na força do Senhor e com a armadura de Deus.

Dois perigos ameaçavam a Igreja em Éfeso: a tentação de descer ao nível pagão; e a falta de unidade entre o judeu e o gentio. Para enfrentar o primeiro perigo, Paulo contrasta a santidade da vocação cristã deles com a sua condição anterior pecaminosa e pagã. Para guardar-se contra o segundo perigo, Paulo apresenta o Senhor Jesus fazendo a paz entre o judeu e o gentio pelo sangue da cruz, e dos dois criando um novo corpo.

Esta epístola foi escrita durante a primeira prisão de Paulo em Roma, e foi enviada por Tíquico que também levou cartas aos colossenses e a Filemon.

Seguindo a sugestão do Dr. Riley em seu livro, “Efésios, a Tríplice Epístola”, veja as divisões principais:

 

Seção Doutrinária: A Vocação da Igreja (caps. 1-3). A tríplice fonte da nossa salvação (1.1-18). A tríplice manifestação do poder de Deus (1.19-2.22). Uma declaração tríplice referente a Paulo (cap.3).

 

Seção Prática: A Conduta da Igreja (caps.4-6). Uma exortação tríplice à Igreja (4.1-5.21). Uma exortação tríplice à família (5.22-6.9). Uma expressão tríplice da vida espiritual (6.10-24).

 

Seção Doutrinária – A vocação da Igreja:

I. A tríplice fonte da nossa Salvação: A nossa salvação, que é a soma de todas as bênçãos, encontra a sua fonte, na predestinação do Pai, que nos escolheu antes da fundação do mundo para sermos seus filhos, sem mancha nem defeitos (1.4-6); na redenção do Filho, por meio do qual nos é dado o conhecimento do plano eterno de Deus para o universo, e uma herança eterna (1.7-12); no selo do Espírito, que é o penhor, o primeiro sinal, da redenção completa que será nossa no futuro (1.13,14). Paulo ora para que os efésios tenham um conhecimento ainda mais profundo e geral do privilégio e do poder de sua salvação (1.15-18).

II. A tríplice manifestação do poder de Deus:

O poder de Deus foi manifestado com relação a Cristo (1.19-23) de três maneiras: Pela ressurreição; pela ascensão; pela exaltação.

O seu poder foi manifestado com relação ao indivíduo das três seguintes maneiras: Ressurreição espiritual (2.1-5); ascensão espiritual (v.6); poder para fazer boas obras e demonstrar a graça de Deus durante a eternidade (vv.7-10).

O seu poder foi manifestado com relação à humanidade inteira (2.11-22), envolvendo três classes de pessoas: Os gentios (vv.11-13), os judeus (vv.14-17), a Igreja de Deus (vv.19-22).

 

III. Uma declaração tríplice referente a Paulo: O ministério de Paulo (vv. 5,6,9); a oração de Paulo, (vv.13-19); o louvor de Paulo (vv.20,21).

 

Seção Prática – A Conduta da Igreja:

 

I. Uma exortação tríplice à Igreja: Uma exortação à união (4.1-16); Exortação a uma vida nova (4.17-32); Exortação a comportamento novo (5.1-20). O Dr. Riley aponte três características da conduta do crente, sugeridas pela tríplice menção da palavra “andar”: a) andar em amor (vv.1-7); b) andar na luz (vv.8-14); andar com prudência (vv.15-20).

 

II. Uma exortação tríplice a família: Esposas e esposos (5.21-33); Filhos e pais (6.1-7); Escravos e senhores (6.5-9).

 

III. Uma expressão tríplice da vida espiritual: Poder (6.10-17); Oração (6.18,19); Paz (6.20-24).

 

 

Capítulo 6

Epístola aos Filipenses

 

A epístola aos Filipenses foi chamada “o mais doce dos escritos de Paulo” e a “mais formosa de todas as cartas de Paulo em que expõe o seu próprio coração e onde em cada sentença brilha um amor mais tenro do que o de uma mulher”. Por toda a epístola respira-se o espírito do amor de Paulo para com os filipenses; e a atitude deles para com ele prova que este amor era mútuo. Não se discutem questões nem se apresentam controvérsias. Não há, da parte de Paulo, severas repreensões nem um coração magoado devido a desordens sérias. Havia algumas divisões, é verdade, mas não parece que fossem sérias. Ao tratar delas, o apóstolo usa de muito tato e juízo. Em lugar de pronunciar severas denúncias contra os partidos implicados, cria uma atmosfera de união e amor pelo uso freqüente de palavras que sugerem comunhão e cooperação, tais como, “colaboradores”, “companheiros nos combates”, e palavras semelhantes, sugerindo a idéia de união e camaradagem. Cria uma atmosfera de fé e adoração pela repetição do nome do Senhor, e faz que se esqueçam das suas diferenças insignificantes ao apresentar-lhes um quadro admirável daquele que, embora subsistisse em forma de Deus, esvaziou-se e humilhou-se para a salvação de outros. Ao explorar o tema, seremos guiados pelo uso freqüente de certas palavras. Um grande erudito disse que o resumo de Filipenses é: “Regozijo-me – regozijai-vos”. A carta é cheia de alegria. Em cada capítulo, como o som de campainhas de prata, soam as palavras “gozo”, “regozijo”, “alegria”. Apesar da prisão e apesar do fato de se encontrar à sombra da cada falso, o apóstolo sente alegria. Resumiremos o tema da seguinte maneira: a alegria da vida e do serviço cristão, manifestada em todas as circunstâncias.

Epafrodito, o mensageiro da igreja dos filipenses, ao qual foi confiada uma oferta para o apóstolo, ficou doente, quando chegou a Roma. Restabelecido, voltou a Filipos e Paulo aproveitou a sua volta para enviar uma carta de agradecimento e exortação à igreja acerca de cujas condições Epafrodito tinha notificado a Paulo, isto mais ou menos em 64 a.D, durante a primeira prisão de Paulo em Roma.

 

Conteúdo da Epístola:

I. A situação e o trabalho de Paulo em Roma (cap. 1).

II. Três exemplos de abnegação (cap.2).

III. Admoestações contra o erro (cap. 3).

IV. Exortações finais (cap.4).

 

I. A situação e o trabalho de Paulo em Roma:

A sua prisão causou o progresso do evangelho. (vv.12-30). As novas da sua prisão foram espalhadas por todas as instalações militares e daí a outras partes da cidade. Os cristãos em Roma foram inspirados a um esforço evangelístico por sua coragem.

Pouco importa ao apóstolo viver ou morrer, porque em todo o caso, o seu desejo é glorificar a Cristo. Seria melhor para ele morrer e estar com Cristo; contudo, ele prefere viver para terminar a sua obra e ajudar a fé dos filipenses. Tem a esperança de ser posto em liberdade e poder visitá-los. Mas seja qual for o seu destino, ele deseja que andem de maneira digna do evangelho, proclamando a sua mensagem apesar da perseguição.

 

II. Três exemplos de Abnegação:

Paulo começa com uma exortação à união, que estava em perigo de ser destruída por algumas diferenças insignificantes entre os crentes (vv.1,2). Esta união devia ser levada a cabo por eles, mediante o espírito de humildade e abnegação. O apóstolo em seguida menciona três exemplos daqueles cujo princípio de vida era o sacrifício para outros. O exemplo de Cristo, (2.5-16); de Timóteo (2.17-24); de Epafrodito.

 

III. Admoestações contra o erro:

Uma admoestação contra o legalismo (3.1-14). Uma exortação à união na doutrina (vv.15,16); Uma admoestação contra o antinomianismo (ilegalidade) (vv.17-19). Uma exortação à santidade (vv.20,21).

 

IV. Exortações Finais:

Exortações: à firmeza (v.1); à unanimidade (v.2); à cooperação com os obreiros cristãos (v.3); ao regozijo (v.4); à tolerância e mansidão (v.5); à liberdade da ansiedade (vv. 6,7); à manutenção de uma mente santa (v.8); à prática do Cristianismo (v.9) e agradecimentos aos crentes pelas suas dádivas (vv.10-20). Saudações e bênçãos (vv.21-23).

 

Capítulo 7

Epístola aos Colossenses

A razão pela qual foi escrita a epístola ao Colossenses foi a introdução de doutrinas errôneas na igreja. Parece que apareceu no seu meio um mestre que propagou um sistema doutrinário que era uma mistura do legalismo judaico com a filosofia pagã. Era o elemento pagão no sistema – conhecido depois do tempo de Paulo como gnosticismo – que constituía o maior perigo para a fé da Igreja. Os gnósticos vangloriavam-se de possuírem uma sabedoria muito mais profunda do que aquela revelada nas Sagradas Escrituras, uma sabedoria que era propriedade de alguns favorecidos. (“Gnósticos” vem de uma palavra grega que significa “conhecimento”). Os gnósticos pensavam que a matéria em si fosse essencialmente má, razão por que um Deus santo não a poderia ter criado. Os anjos, diziam eles, eram os criadores da matéria. Um Deus puro não tinha comunicação direta com o homem pecador, mas comunicava-se com ele por meio de uma cadeia de anjos intermediários, que formavam quase uma escada da terra ao céu.

O Dr. Jowett descreve da seguinte maneira uma forma da sua crença: “A carne é essencialmente má, Deus é essencialmente santo e entre o essencialmente mau e o essencialmente santo não pode haver comunhão. É impossível, diz a heresia, que o essencialmente santo tenha contato com o essencialmente mau. Há um abismo infinito entre os dois e um não pode ter intimidade nem contato com o outro. A heresia então deve de inventar meios pelos quais este abismo fosse atravessado e o Deus essencialmente santo pudesse entrar numa comunhão com o estado essencialmente mau do homem. O que se podia fazer? A heresia diz que do Deus essencialmente santo emanou um ser um pouco menos santo, e que deste segundo ser santo emanou um terceiro ainda menos santo, e deste terceiro um quarto e assim por diante, com um enfraquecimento cada vez maior, até que apareceu um (Jesus) que estava tão despojado de divindade e tão semelhante ao homem, que podia entrar em contato com ele”.

É claro que esta heresia destruía a soberania, a divindade e o estado de mediador de Jesus, colocando-o na classe de anjos mediadores. Paulo corrige este erro, demonstrando que Jesus, em vez de ser apenas um anjo intermediário, é o Criador do universo, e o Criador dos próprios anjos. Eleva o Senhor Jesus ao lugar designado por Deus como cabeça do universo e o único mediador, reconciliador da criação inteira com Deus.

Resumiremos o tema da seguinte maneira: a preeminência de Cristo. Ele é o primeiro na natureza, na Igreja, na ressurreição, na ascensão e na glorificação. Ele é o único Mediador, Salvador e Fonte da Vida.

Os colossenses, tendo ouvido falar da prisão de Paulo, enviaram Epafras, o seu ministro, para informar ao apóstolo sobre a situação (1.7,8). Por meio de Epafras, Paulo ficou sabendo que falsos mestres procuravam acrescentar à fé cristã, uma doutrina que era mistura de Judaísmo e filosofia pagã. Para combater este erro, Paulo escreveu a epístola. A epístola, enviada pelo mesmo mensageiro que levou as epístolas aos Efésios e a Filemon – Tíquico – foi escrita mais ou menos no mesmo tempo.

Note: Colosso era uma cidade da Frigia, província da Ásia Menor.

 

O Conteúdo da epístola será assim classificado:

I. Prefácio e saudação (1.1-12).

II. Explicação: a verdadeira doutrina declarada (1.13-2.3).

III. Refutação: desmascarada a falsa doutrina (2.4-23).

IV. Exortação: conduta santa requerida (3.1-4.6).

V. Conclusão e saudações (4.7-18).

 

I. Prefácio e saudação:

A saudação de Paulo, a sua gratidão. Agradece a Deus o amor e a união da igreja colossenses, sobre que foi informado por Epafras, ministro e provavelmente, fundador da igreja; sua oração.

 

II. Explicação: a verdadeira doutrina declarada:

A pessoa e a posição de Cristo, Ele: (1.14-19). Nos redime por seu sangue redentor (vv.13,14). É a cabeça da criação natural – o universo – sendo o seu Criador (vv.15-17)

é a cabeça da criação espiritual – a Igreja – porque, sendo o ressuscitado, ele a criou (v.18). É o preeminente, pois nele habita a plenitude dos poderes e atributos divinos (v.19). A obra de Cristo – uma obra de reconciliação (1.2-2.3). O âmbito total da reconciliação – o universo inteiro, tanto material, como espiritual (v.20). Os sujeitos da reconciliação - aqueles que uma vez eram inimigos de Deus (v.21). O propósito da reconciliação – apresentar os homens santos, puros e irrepreensíveis na presença de Deus (v.22). A condição da plena consumação da reconciliação – a constância na fé (v.23). O ministro da mensagem de reconciliação – Paulo (1.24-2.3). Pelos seus sofrimentos está enchendo a medida dos sofrimentos de Cristo (em certo sentido, Cristo sofre ainda através dos membros perseguidos da sua Igreja, At 9.4). O seu ministério é revelar o grande mistério dos séculos, isto é, que Cristo está neles, a esperança da glória. Isto explica o seu interesse pelos colossenses apesar de não os ter visto (2.1-3).

 

III. Refutação: desmascarada a falsa doutrina:

Paulo admoesta aos colossenses a que não sejam enganados pelos raciocínios falsos dos filósofos (2.4-7), porque em Cristo têm a plenitude da revelação divina (2.3). Previne-os contra os seguintes erros:

 

Gnosticismo (vv.8-10): Os crentes devem ter cautela com os argumentos da filosofia humana, que não passam do “A-B-C” (os rudimentos) dos conhecimentos humanos. Eles não precisam de uma perfeição maior pelos chamados conhecimentos dos gnósticos, porque, como cristãos, desfrutam da plenitude daquele em quem habita toda a plenitude da Divindade em forma corpórea e que é a cabeça de todos os poderes angelicais.

 

Legalismo (vv.11-17): Paulo demonstra: a) A relação do crente com o rito da circuncisão (vv.11,12); ele passou por uma circuncisão espiritual que representa a morte aos pecados do corpo, morte essa que se exprime externamente pela ordenança cristã do batismo; b) A sua relação com a lei moral (vv.12-15). Mortos em delitos e pecados, estavam condenados pela Lei, mas Cristo, por sua morte, pagou a pena da Lei e anulou a dívida deles (Gal.3.13,14); c) A sua relação com a lei cerimonial (vv.15,16). As festas, os dias santos e outras observâncias cerimoniais judaicas não passam de símbolos e figuras que representam a Cristo. Agora, desde que Cristo veio e cumpriu os símbolos, eles tornam-se desnecessários. Assim, o cristão não é obrigado a observar festas ou dias santos dos judeus.

 

Um falso misticismo (vv.18,19): O misticismo é a doutrina segundo a qual por comunhão direta com Deus, pode-se adquirir um conhecimento mais profundo das verdades divinas do que pelas Escrituras. Os colossenses não devem deixar-se enganar por aqueles que ensinam que os anjos devem ser adorados, e que baseiam a sua doutrina em revelações imaginárias do outro mundo.

 

Ascetismo (vv. 20-23): O ascetismo é a doutrina que ensina que a mortificação do corpo e a renúncia aos confortos físicos são necessárias para a santidade. As proibições contra certos alimentos e confortos físicos, são simplesmente regras feitas por homens, para alcançar a santidade (vv.21,22). Estas restrições, embora dando aparência de humildade e piedade àqueles que as praticam, não podem, em si mesmas, mortificar os atos da carne (v.23). O cristão não precisa destas proibições, porque morreu para o pecado e vive uma nova vida com Cristo (v.20)

 

IV. Exortação: conduta santa requerida.

A união do crente com Cristo e a sua conduta em vista deste fato (3.1-4). morte do “homem velho” – destruição das concupiscências da natureza inferior (vv.5-9). vestir-se do “homem novo” – a cultura das graças e virtudes da vida nova em Cristo (vv.10-17). Admoestações à família (3.18-4.1). Exortações finais (4.2-6).

 

Capítulo 8

1ª Epístola aos Tessalonicenses

A primeira leitura desta epístola revelará a existência de um tema que supera todos os demais: a segunda vinda do Senhor. Verificar-se-á que cada capítulo termina com uma referência a esse acontecimento. Paulo trata desta verdade mais no aspecto prático do que doutrinário, aplicando-se diretamente à atitude e à vida do crente. Assim, podemos resumir o tema desta epístola da seguinte maneira: a vinda do Senhor com relação ao ânimo, consolo, vigilância e santificação do crente.

 

A epístola foi escrita com os seguintes propósitos: para consolar os crentes durante a perseguição (3.1-5); para consolá-los acerca de alguns dos seus queridos que morreram na fé (4.13). Os tessalonicenses temiam que aqueles que morriam, perderiam o prazer de serem testemunhas da vinda do Senhor. Parece que alguns, na expectativa da próxima vinda do Senhor, haviam caído no erro de supor que não fosse necessário trabalhar (4.11,12).

Esta epístola foi escrita em Corinto pouco depois de Paulo partir de Tessalônica, e seu conteúdo segundo Roberto Lee, de Londres, sobre a vinda do Senhor é:

I.                    Uma esperança inspiradora para o recém-convertido (cap.1).

II.                 Uma esperança animadora para o servo fiel (cap. 2).

III.                Uma esperança purificadora para o crente (3.1-4.12).

IV.               Uma esperança consoladora para os enlutados (4.13-18).

V.                  Uma esperança despertadora para o cristão que dorme (cap. 5).

Com verdadeira humildade e cortesia cristã, Paulo menciona os seus colaboradores, colocando-os no mesmo nível que ele. Por que três coisas Paulo recomenda os crentes? (V.3 compare com 1Co 13.13 em contraste com as primeiras palavras de Ap 2.2). Como pregou Paulo o evangelho a estes crentes? (v.5). De quem se tornaram seguidores? (v.6; compare com 1Co 11.1). Como receberam o evangelho? (compare com At 13.50-52). Qual era a sua relação com as outras igrejas? (v.7). Qual era a sua relação com a evangelização das regiões vizinhas? (v.8).

Que atitude de sua parte, com relação a Deus e ao pecado, assegurou a sua salvação? (v.9). Qual era a sua atitude presente? (v.10).

A que acontecimento se refere Paulo em 2.2? (At 16.19-40). O que se diz a respeito dos seus motivos de pregar o evangelho? (vv.3-6). O que se diz concernente à sua atitude para com estes crentes? (vv.7-12). Era lícito a Paulo, como apóstolo, pedir ajuda financeira? (1Co 9.6,14). Por que não a exigiu dos tessalonicenses? (2.6,9). Que testemunho deve ter todo verdadeiro ministro do evangelho? (v.10). Como recebeu os tessalonicenses o evangelho? (v.13). Com quem  são comparados por Paulo? (v.14). Qual era o pecado máximo da nação judaica, segundo Paulo? (v.16); compare com Mt 23.13). Quais eram os desejos de Paulo quando estava em Atenas? (v.18; compare com At 17.15). O que será uma fonte de regozijo para o ministro do evangelho no céu? (v.19).

Quem se uniu a Paulo em Atenas? (3.1,2; compare com At 17.15). Por que Paulo enviou Timóteo dali aos tessalonicenses? (3.2,3). O que disse Paulo que tinham de esperar? (v.4; compare com At 14.22). O que temia ele? (v.5). Que novas trouxe Timóteo ao regressar? (v.6). O que era a própria vida para os apóstolos? (v.8). Qual era o seu desejo sincero? (v.10) A sua oração? (vv.11,12). A oração no versículo 12 era importante? (Jo 13.34,35; Rm 13.9; 1Co 13.13; Gl 5.6). O que seria a consumação do amor deles? (v.13).

Contra qual pecado comum entre os gentios são advertidos por Paulo? (4.1-7). O que diz Paulo acerca da sua autoridade? (v.8; compare com At 15.28) Qual verdade evidente todo crente deve conhecer como filho de Deus? (v.9; compare com 1Jo 3.18). A que mandamento se refere Paulo no versículo 11? (2Ts 3.10). Quais são as duas razões deste mandamento? (v.12). Onde aprendeu Paulo, as verdades expostas nos versículos 13-18? (v.15).

Como virá o dia do Senhor para o incrédulo? 95.1-3). Virá para o crente como um ladrão de noite? (v.4). Apesar de não sabermos o tempo exato da vinda do Senhor, saberemos quando estiver próxima? (Mt 24.32). Com que compara Paulo e estado pecaminoso do mundo (v.7) Qual é a relação entre o versículo 9 e a doutrina de que a Igreja passará pela tribulação? Qual deve ser a atitude do crente para com os seus chefes? (vv.12,13). Que advertência é dada àqueles que talvez sejam inclinados a suprimir as manifestações genuínas do Espírito? (v.19). Que advertência é feita aos que exaltam as manifestações acima da pregação da Palavra? (v.20) Qual deve ser a nossa atitude para com as mensagens em línguas e profecias? (v.21) Qual é o plano perfeito de Deus para todos os crentes? (v.23) Quando será terminada esta obra? (v.23; compare com Fl 3.21; 1Jo 3.2). O que torna possível o cumprimento da oração pronunciada no versículo 23? (v.24).

 

Capítulo 9

1ª Epístola aos Tessalonicenses

 

A segunda epístola aos Tessalonicenses expõe a segunda vinda do Senhor com relação aos crentes perseguidos, aos pecadores que não se arrependeram e a uma igreja apóstata.

 

A epístola foi escrita com os seguintes propósitos: Para consolar os crentes durante um novo surto de perseguições (1.4). Para corrigir uma falsa doutrina de que o dia do Senhor já tinha vindo (2.1). As severas perseguições ocasionaram em alguns a idéia de já ter começado a grande tribulação. Para censurar aqueles que se comportavam desordenadamente (3.6).

A epístola foi escrita pouco depois da primeira epístola de Paulo para a mesma igreja, e seu conteúdo centraliza-se em redor da segunda vinda do Senhor com relação a: os crentes perseguidos (1.1-7). Os que não se arrependeram (1.8-12). A apostasia (2.1-12). O serviço (2.13-3.18).

Paulo começa esta epístola com a saudação usual (1.1,2). Agradece a Deus o fato de estarem os crentes crescendo na graça e no amor (v. 3) e louva-os pela paciência nas perseguições (v.4). A sua paciência nas perseguições prova que crêem na justiça de Deus que finalmente prevalecerá (v.5), quando os ímpios sofrerão (v.6) e o descanso será dado aos justos (v.7). Isso sucederá depois de Cristo ter levado o seu povo (v.10).

O capítulo 2 é o coração da epístola. As palavras “dia do Senhor” se referem ao período em que Deus julgará Israel e as demais nações, período esse que será de grande tribulação (compare com Jl 1.15; 2.1; 3.14; Is 2.10-22). Parece que alguns falsos mestres tinham espalhado a crença de que o dia do Senhor já havia chegado (2.2). Sustinham esta doutrina por meio de pretensas revelações espirituais e uma carta falsificada, como se fosse de Paulo (v.2). Esta doutrina causou grande confusão entre os crentes, porque temiam ter perdido o arrebatamento de que Paulo fala na sua primeira epístola. Para corrigir a falsa crença, Paulo mencionou os seguintes acontecimentos que precederão a vinda do dia do Senhor:

 

1. Apostasia da Igreja professante (v.3)

 

2. O povo de Deus será arrebatado (v.7). Isto não é declarado abertamente, mas compreende-se perfeitamente. “Aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém”. Aqui se faz referência a um poder que impede que o mistério da iniqüidade venha a consumar-se. A referência direta é ao Espírito Santo; a referência indireta é à Igreja na qual habita o Espírito. Nosso Senhor chamou os fiéis de sal da terra, quer dizer, o elemento que preserva e que impede a corrupção (Mt 5.13). Uma vez removido o elemento conservador, a iniquidade e a anarquia inundarão o mundo.

 

3. A revelação do anticristo (vv.3,4). Qual é o ensino geral das Escrituras concernente a este homem? (Dn 7.8, 11, 21, 25; 8.23; 9.27; Jo 5.43; Ap 13.4-8; 19.19). O capítulo 3 contém várias exortações que não requerem nenhuma explicação especial.

 

Capítulo 10

1ª Epístola a Timóteo

 

A primeira epístola a Timóteo é a primeira das “Epístolas Pastorais” (as outras são segunda a Timóteo e Tito), assim chamadas por serem dirigidas a ministros com o propósito de instruí-los no governo da igreja. A epístola que agora estamos estudando foi escrita a Timóteo, companheiro e discípulo fiel de Paulo. Foi escrita depois do apóstolo ter sido posto em liberdade, após a sua primeira prisão. Os seus movimentos depois deste acontecimento não podem ser traçados com certeza.

Acredita-se que visitou a Espanha (Rm. 15.24). Em seguida, foi a Mileto e veio a Colossos (Fl 2.2). Dali foi a Éfeso, onde deixou Timóteo encarregado da igreja que estava em perigo por causa de falsos ensinos (1Tm 1.3). Indo ao norte, chegou a Trôade onde embarcou rumo a Macedônia (1Tm 1.3). Da Macedônia escreveu a epístola para instruir a Timóteo concernente aos seus deveres e também para animá-lo, porque o jovem era de caráter sensível e retraído e, portanto, inclinado a deixar de afirmar a sua autoridade. Resumiremos o tema da seguinte maneira: as qualidades e deveres do ministro cristão, e a sua relação com a igreja, o lar e o mundo.

Esta epístola foi escrita para instruir Timóteo nos deveres do seu cargo, para animá-lo e para admoestá-lo contra os falsos mestres, escrita provavelmente na Macedônia, durante o intervalo entre as duas prisões de Paulo, tendo o seu conteúdo:

I. A sã doutrina (cap.1).

II. Oração pública (cap.2).

III. Qualidades ministeriais (3.1-13).

IV. Doutrina falsa (3.14-4.11).

V. Instruções pastorais (4.12-6.2).

VI. Exortações finais (6.3-21).

 

I. A sã doutrina:

1. Saudação (1.1,2)

2. A obra especial de Timóteo em Éfeso (vv.3-11). Ele deve lutar pela sã doutrina. A Igreja está ameaçada pelos seguintes erros: a) Gnosticismo (v.4); b)Legalismo (vv.5-11).

3. O testemunho de Paulo (vv.12-17). O chefe dos pecadores tornou-se chefe dos santos; o blasfemo chegou a ser o pregador; o destruidor da Igreja chegou a ser o seu construtor. A ele, o maior dos pecadores, foi mostrado misericórdia, para que pudesse ser um exemplo vivo da misericórdia de Deus.

4. O mandamento a Timóteo (vv.18-20). Repete-se a exortação do versículo 5, reforçada por dois fatos: a) a menção das profecias pronunciadas na ocasião de sua ordenação (v.18; compare com Atos 13.1,2). b) a admoestação tirada do “naufrágio” doutrinário de dois mestres que Paulo excomungou (vv.19,20).

 

II. Oração pública:

Por que devemos orar? Os cristãos devem orar por todos os homens, especialmente pelas pessoas que se encontram em posição de autoridade (vv.1-7).

A atitude dos homens e mulheres na oração pública (vv.8-15).

Os homens devem orar, levantando mãos santas e tendo o coração livre de ira e animosidade (v.8).

As mulheres devem vestir-se modestamente, adornando-se mais por obras do que por vestidos custosos (vv.9,10). As mulheres devem observar a ordem instituída por Deus para os sexos; o homem é a cabeça da mulher, e ele exerce a autoridade no lar e na igreja (vv.11-14). Falando em sentido geral, a esfera de atividade da mulher é mais no lar do que no ministério (v.15). Note que, para interpretar bem o versículo 12, é necessário ter em mente os seguintes fatos: (1) A ênfase do versículo 12 parece visar a mulher que usurpa autoridade sobre o homem, quer dizer, que arroga a si uma autoridade que Deus não lhe deu. (2) Paulo está falando em termos gerais e particularmente às mulheres casadas. Outros versículos da Escritura demonstram claramente que Deus, em casos especiais, concede um ministério à mulher (Ex 15.20, 21; Jz 4.4; 2Rs 22.14; Jl 2.28; At 21.8,9; Rm 16.1; 1Co 11.5; Fl 4.3).

 

III. Qualidades Ministeriais:

As qualidades necessárias aos bispos (vv.1,2). As igrejas locais do tempo de Paulo eram administradas por um grupo de presbíteros ou bispos em vez de um pastor (At 20.28; Tt 1.5,6,7; 1Pd 5.1-3; Fl 1.1). Esta forma de administração, evidentemente, era a melhor para aqueles dias. Mais tarde, um dos presbíteros foi nomeado para governador sobre os demais, e finalmente, cada igreja local era governada por um pastor, em cooperação com os diáconos e presbíteros.

As qualidades necessárias aos diáconos (vv.8-13). Os diáconos eram aqueles aos quais eram confiados os assuntos temporais da igreja, como, por exemplo, a administração de finanças, etc.

 

IV. Doutrina falsa:

O propósito das instruções de Paulo é mencionado nos versículos que formam a chave da epístola (vv.14,15): Timóteo precisa saber como agir em todas as questões referentes à casa de Deus que é a Igreja do Deus vivo, coluna e firmeza da verdade.

O ministério da piedade (v.16). O fundamento desta verdade, que é mantida pela Igreja, é o ministério da piedade, que inclui os seguintes fundamentos do evangelho:

a encarnação de Cristo: “que foi manifestado na carne”.

A ressurreição de Cristo: “justificado em Espírito” (compare com Rm 1.4). O mundo, crucificando a Cristo, declarou-o injusto; Deus, levantando-o dos mortos, declara-o justo.

A manifestação de Cristo: “contemplado por anjos” (1 Co 15.5-8).

A proclamação de Cristo: “pregado entre os gentios”.

A aceitação de Cristo: “crido no mundo”

A exaltação de Cristo: “recebido na glória”.

Em contraste com o ministério da piedade, Paulo menciona o ministério da impiedade (4.1-5). Nos últimos dias, haverá a apostasia da fé (v.1). Nos dias de Paulo esta apostasia era representada pela heresia gnóstica. “O erro especial aqui combatido é a heresia gnóstica. Sete características desta falsa doutrina são aparentes nas epístolas pastorais: a pretensão de possuir conhecimentos, esclarecimentos e elucidações superiores; uma religião falsa com especulações inúteis e vãs; um estado de anarquia; cauterização da consciência com um ferro aquecido; uma interpretação alegórica das Escrituras, fazendo desvanecer por explicações, a ressurreição, etc.; uma forma vã de piedade na qual as palavras ocupavam o lugar das obras; procuravam combinar o culto a Deus com o dinheiro, reduzindo a piedade a uma questão de interesse mundano; uma pretensão de santidade superior que permite até pecados flagrantes professando um motivo puro.”

A atitude de Timóteo para com as doutrinas errôneas (vv.6-11). Ele deve evitar teorias religiosas e especulativas que ensinam um ascetismo estéril. Exercícios físicos (no sentido religioso), como jejum e abstinência de certos alimentos, têm apenas valor temporário e limitado; mas a piedade é proveitosa para tudo, tanto nesta vida como na eternidade (vv.7-11).

 

V. Instruções Pastorais:

Instruções relativas ao próprio Timóteo (4.12-16).

Instruções referentes às diversas classes na igreja.

Homens e mulheres, velhos e jovens (5.1,2).

Viúvas (vv.3-16). Era costume a igreja primitiva sustentar as viúvas pobres (At 6.1). Timóteo foi instruído a providenciar o sustento das viúvas necessitadas e de caráter irrepreensível (vv.3-8). Muitos comentaristas acreditam que outra classe de viúvas é mencionada nos versículos 9 e 10, a saber, aquelas que serviam na igreja como diaconisas e que se comprometiam a dedicar-se a diferentes formas de serviços caritativos. As viúvas mais moças não deviam ser admitidas, por não manterem, em muitos casos, o seu compromisso com a igreja, casando-se (vv.11-16).

Presbíteros (vv.17-25). Os presbíteros que governavam bem e que ensinavam deviam receber uma remuneração generosa (vv.17,18). Qualquer acusação contra eles que não fosse provada por duas ou mais testemunhas, devia ser ignorada (v.19). quando fosse provado que um presbítero cometeu um grande pecado, deveria ser repreendido publicamente (v.20). Timóteo não deve se precipitar quanto à ordenação de presbíteros (v.22). Impor as mãos sobre um homem significa identificar com os seu pecados. Timóteo deve usar prudência em ordenar presbíteros: os pecados e faltas são aparentes em alguns homens, e em outros manifestam-se apenas mais tarde (vv.24,25).

Servos (6.1,2). Os servos devem fazer os seus serviços conscientemente, sejam os seus amos crentes ou não.

 

VI. Exortações finais:

Timóteo é advertido a: Separar-se dos falsos mestres que ensinam contra a doutrina de Paulo e que supõem que a finalidade da religião seja o lucro material (vv.3-10); Fugir do amor ao dinheiro e seguir as verdadeiras riquezas das virtudes cristãs (v.11);  Lutar no combate glorioso pela fé e levar o prêmio da vida eterna (v.12); Guardar a missão que Paulo lhe deixou, pura e irrepreensível (vv.13-16); Ordenar aos ricos que não confiem nas suas riquezas, mas em Deus, que é o proprietário de todas as coisas, e que usem o seu dinheiro de tal maneira que dê juros para toda a eternidade (vv.17-19). Guardar a santa missão, evitando as teorias filosóficas do gnosticismo (vv.20,21).

 

Capítulo 11

2ª Epístola a Timóteo

 

Depois de ter deixado Tito em Creta, Paulo navegou rumo ao norte com a intenção de ir a Nicópolis passando por Trôade e Macedônia (Tt 3.12). Trófimo, seu companheiro, adoeceu durante a viagem e ficou em Mileto (2Tm 4.20). Navegando para Trôade, o apóstolo permaneceu na casa de um homem chamado Carpo. Naquele tempo se levantou a perseguição contra os cristãos, instigada pelo imperador Nero, que os acusou de terem incendiado Roma. Paulo, o chefe reconhecido dos cristãos, foi preso, provavelmente em Trôade e a sua prisão deve ter sido tão repentina, que algumas coisas que lhe pertenciam, ficaram em casa de Carpo (2Tm 4.13). Ao chegar a Roma, o apóstolo foi encarcerado. Sabendo que o seu martírio se aproximava, escreveu esta última carta a Timóteo, rogando a este que o visitasse. Paulo necessitava muito do seu filho na fé, porque os da Ásia, que deviam apoiá-lo, abandonaram-no. Por causa da sua recente perseguição, a maioria dos cristãos temia mostrar-se amigo seu. Sabendo que a timidez de Timóteo poderia fazer com que evitasse o risco da perseguição causada por uma visita a Roma, Paulo aconselha-o a que não tema a perseguição, nem se envergonhe dele, o apóstolo, mas que seja valente em seu testemunho, e que sofra as dificuldades como fiel soldado de Jesus Cristo. Admoesta-o também a respeito da sua atitude para com os falsos mestres e as suas doutrinas. O seguinte tema foi sugerido para a epístola: lealdade ao Senhor e à verdade em vista da perseguição e apostasia.

A epístola foi escrita pouco antes do martírio de Paulo em Roma e pelas seguintes razões: para pedir a presença de Timóteo em Roma; para admoestá-lo contra os falsos mestres; para animá-lo em seus deveres; para fortalecê-lo contra as perseguições vindouras. Seu conteúdo é formado por:

I.                    Introdução (1.1-5).

II.                 Exortações em vista dos sofrimentos e perseguições futuras (1.6-2.13).

III.                 Exortações em vista da apostasia atual (2.14-26).

IV.                 Exortações em vista da apostasia futura (3.1-4.8).

V.                   Conclusão (4.9-22).

 

I. Introdução:

A vocação de Paulo. Um apóstolo chamado pela vontade de Deus para proclamar a promessa da vida centralizada em Cristo (v.1); a saudação de Paulo a Timóteo (v.2); as orações incessantes de Paulo por ele (v.3); o desejo de Paulo de ver novamente a Timóteo, lembrando-se das suas lágrimas por ocasião da sua última despedida (v.4); as memórias de Paulo. A verdadeira fé de Timóteo, fé que primeiramente habitava no coração de sua mãe e de sua avó (v.5).

 

II. Exortações em vista dos sofrimentos e perseguições futuras:

Paulo aconselha a Timóteo que, a) desperte, acenda a chama viva do dom de Deus que lhe foi dado na sua ordenação, e deixe o espírito de covardia uma vez que é incoerente com o espírito desse dom (vv.6,7); b) seja valente em face da perseguição (vv.9-11); c) guarde o que foi confiado, pelo poder do Espírito que habita nele (vv.13-14); d) reconheça a atitude que os crentes estavam tomando para com o apóstolo: alguns, como os da Ásia, o estavam abandonando (v.15); outros, como Onesífero, o estavam apoiando (vv.16-18); e) seja forte no poder da graça de Deus (2.1); f) esteja pronto para enfrentar dificuldades: como um soldado que faz o seu serviço voluntariamente (vv.3,4); como atleta, que observa as regras dos jogos (v.5); como um lavrador, que recebe a recompensa do labor executado pacientemente (vv.6,7); g) recorde dois fatos: 1) o evangelho de Cristo ressuscitado que torna possível a Paulo sofrer por amor aos escolhidos (vv.8-10); 2) a palavra fiel – sofrer com Cristo é reinar com ele; negá-lo, é ser negado por ele (vv.11-13).

 

III. Exortações em vista da apostasia atual:

Timóteo é exortado a: ordenar aos cristãos que evitem discussões (2.14); a ser um verdadeiro mestre da Palavra de Deus, evitando os falatórios profanos dos falsos mestres (vv.15-21); a fugir não só da doutrina errônea, mas também da vida má; e seguir não só a verdadeira doutrina, mas também a verdadeira vida (v.22); a evitar as especulações vãs e superficiais que causam contendas e que impedem a obra do pregador (vv.24-26).

 

IV. Exortações em vista da apostasia futura:

Timóteo é exortado a: 1) evitar os falsos mestres, porque: no futuro, surgirá uma vã profissão de religião, combinando a completa falta de poder com um nível baixo de moralidade (3.1-5); os ministros desta religião caracterizar-se-ão por sua falta de princípios e oposição à verdade (vv.6-9); 2) permanecer fiel às suas convicções, recordando-se: da lição de que o sofrimento faz parte da vida do cristão neste mundo, como é ilustrado pelo exemplo de Paulo (vv.11-13); das lições aprendidas da vida santa de Paulo (vv.10,14); das lições que ele aprendeu das Santas Escrituras (vv.16,17). 3) cumprir inteiramente o seu dever como evangelista, pregando a Palavra com infatigável paciência, adaptando o seu ensino a qualquer capacidade, pregando, exortando e reprovando, pareçam as oportunidades favoráveis ou não (4.1,2). Deve fazer isto por dois motivos: a) no futuro o povo tornar-se-á impaciente a respeito da doutrina sã e rejeitá-la-á (vv.3,4); b) o ministério de Paulo está perto do fim e ele confia em que Timóteo continue a sua obra tanto quanto possível (vv.5,6).

 

V. Conclusão:

Um pedido urgente (4.9,10). Como uma mensagem de um velho pai moribundo a seu único filho, vem o rogo de Paulo a Timóteo. O apóstolo está sozinho. Demas abandonou-o; os outros estão ausentes em diferentes missões, e só Lucas está com ele.

Paulo passa algumas instruções especiais a Timóteo: a) Timóteo devia trazer Marcos, que se havia mostrado digno da confiança do apóstolo (v.11); b) Timóteo devia trazer a capa, os livros e os pergaminhos de Paulo (v.13). Ele adverte Timóteo contra Alexandre, talvez alguém que tinha testificado contra Paulo em juízo.

 

Capítulo 12

Epístola a Tito

 

Na ordem de composição, a epístola a Tito segue a primeira a Timóteo. Depois de ter escrito esta última, Paulo navegou com Tito para Creta, onde o deixou a fim de por em ordem as igrejas não organizadas. Tito, um gentio (Gl 2.3), provavelmente era um dos convertidos de Paulo (Tt 1.4). Esteve presente com o apóstolo no concílio de Jerusalém (At.15), onde, apesar da insistência dos judaizantes, Paulo recusou a circuncisão de Tito (Gl 2.4). O apóstolo tinha grande confiança nele e confiava-lhe missões importantes (2Co 7.6,7,13-16; 8.16-24). Sabendo que o caráter indigno e imoral dos cretenses e a presença de mestres falsos tornariam difícil a sua tarefa, Paulo escreveu a Tito uma carta para o instruir e animar em seus deveres. A epístola é curta, contendo apenas três capítulos, mas reúne num espaço limitado grande quantidade de instruções, abrangendo doutrina, moral e disciplina. Martinho Lutero disse dessa epístola: “Esta é uma epístola curta, mas é um resumo da doutrina cristã, e, composta de tal maneira que contém todo o necessário para o conhecimento e a vida cristã.” Resumiremos o tema da seguinte maneira: a organização de uma verdadeira igreja de Cristo, e um apelo à Igreja para ser fiel a Cristo.

A epístola foi escrita pouco depois da primeira carta a Timóteo, provavelmente em algum ponto da Ásia Menor, para instruir Tito acerca da organização da igreja cretense e para dirigi-lo no método de tratar com o povo. Seu conteúdo é composto por:

I.                    A ordem e doutrina da igreja (cap.1).

II.                 A conduta da igreja (caps. 2,3).

 

 I. A ordem e doutrina da igreja:

A missão especial de Tito em Creta era pôr em ordem a igreja desorganizada (v.5); as qualificações dos presbíteros (vv.6-9); a razão para empregar grande cuidado na escolha de presbíteros e a presença de mestres falsos (vv.10-16). Referente a estes mestres, note: a) o seu caráter: insubordinados, enganadores e faladores (v.10); b) o seu motivo: ganância material V.12); c) o seu ensino: tradições judaicas e lendas (v.14); por exemplo, mandamentos concernentes à abstinência de certos alimentos (v.15; compare com Mc 7.1-23; Rm 14.14).; d) as suas pretensões: professam serem verdadeiros mestres do evangelho, mas a sua vida pecaminosa desmente a sua profissão (c.16). notemos que Paulo ao desmascarar o caráter dos cretenses (vv.12,13), cita um poeta cretense, Epimênides (600 a.C.). Os escritores antigos falam do amor, ganância, ferocidade, fraude, falsidade e corrupção geral dos cretenses. “Cretanizar” era proverbial, usado para significar “mentir”, como “corintianizar” para “ser dissoluto”.

 

II. A conduta da Igreja:

A conduta do crente nas relações mútuas (2.1-15).

A conduta do crente com relação ao mundo exterior (3.1-8).

Assuntos que devem ser evitados -  discussões concernentes às genealogias celestiais e minúcias da Lei de Moisés (v.9).

Pessoas que devem ser evitadas – os hereges (vv.10,11).

Um herege é a pessoa que causa divisões na igreja ensinando doutrinas não escriturísticas. Nos dias de Paulo, a moral corrompida era muitas vezes a companheira da doutrina corrompida. Instruções finas (vv.12-15).

 

Capítulo 13

Epístola a Filemon

 

A epístola a Filemon é a única amostra da correspondência particular de Paulo que nos foi preservada. Pela impressão de cortesia, prudência e técnica de estilo que Paulo nos apresenta, ela tornou-se conhecida como a “epístola da cortesia”. Não contém instrução alguma direta referente à doutrina ou conduta cristã. O seu valor principal encontra-se no quadro que nos oferece do funcionamento prático da doutrina cristã na vida diária e da relação do Cristianismo com os problemas sociais.

Tiraremos o tema da história contada pela epístola, que trata de um escravo fugitivo, chamado Onésimo. Mais afortunado do que alguns de seus companheiros, tem por amo um cristão, Filemon, convertido de Paulo. Por causas não mencionadas, Onésimo fugiu de seu amo. Foi a Roma, onde se converteu sob a pregação de Paulo. O apóstolo encontrou nele um convertido sincero e amigo devotado.

Onésimo chegou a ser tão querido por Paulo, que este quis retê-lo para lhe ministrar na prisão. Mas o apóstolo teve de abrir mão desse privilégio. Embora Onésimo tenha-se arrependido de seu pecado, havia necessidade de restituição, o que somente podia ser cumprido pelo regresso do escravo e a sua submissão ao amo. Este dever implicava em sacrifício não somente de Paulo, mas em outro ainda maior de Onésimo que, voltando ao seu amo, estaria exposto a severo castigo -  a crucificação, punição geralmente aplicada aos escravos fugitivos.

O senso de justiça requeria de Paulo que devolvesse o escravo, mas a força do amor fê-lo intervir por ele e salvar-lhe a vida. Escreveu uma carta gentil e delicada de súplica afetuosa, identificando-se com Onésimo.

Depois de saudar Filemon e sua família (vv.1-3), Paulo elogia-o por seu amor, fé e hospitalidade (vv.4-7). O apóstolo tem uma súplica a fazer. Como Paulo, o apóstolo, ele poderia ordenar, mas como Paulo o velho, o prisioneiro do Senhor, prefere rogar a Filemon (vv.8,9). A sua súplica é que ele recebe de novo Onésimo, que antes lhe era inútil, mas agora se tornou útil; Onésimo, o próprio filho na fé de Paulo (vv.10-12). Estimava tanto o escravo que o teria retido como seu servo, mas sem o consentimento de Filemon não o faria (vv.13,14). Talvez fosse da providência de Deus que Onésimo partisse por pouco tempo, para voltar e ficar com o seu amo para sempre, não como escravo, mas como irmão (vv.15,16). Paulo identifica-se com Onésimo; se este devesse alguma coisa, o apóstolo pagá-la-ia. Mas Filemon deve recordar-se de que deve a Paulo, em certo sentido, a sua salvação (v.19). era a confiança de Paulo que Filemon obedeceria e faria ainda mais do que ele lhe pedia (v.21). A epístola termina com as saudações usuais (vv.22-25).

Dos versículos 16 a 21, podemos concluir seguramente que foi concedida a liberdade a Onésimo. Assim, foi resolvido o problema da escravidão, pelo menos, numa família, pela regeneração do indivíduo e a união em Cristo do amo com o servo. Resumiremos o tema da epístola da seguinte maneira: o poder do Evangelho na solução dos problemas sociais.

Esta epístola foi enviada por Tíquico com as cartas aos Colossenses e Efésios. Seu conteúdo é assim descrito:

I.                    Introdução: saudações (vv;1-3).

II.                 Elogio de Filemon (vv.4-7).

III.                Intercessão por Onésimo (vv.8-21).

IV.               Conclusão: saudações (vv.22-25).

 

O valor da Epístola: 1. o seu valor pessoal encontra-se no fato de proporcionar conhecimento do caráter de Paulo, revelando seu amor, humildade, cortesia, altruísmo e tato. 2. Seu valor providencial. Aprendemos aqui que Deus pode estar presente nas circunstâncias mais adversas (v.15). 3. Seu valor prático. Somos animados a buscar e redimir o mais baixo e degradado.Onésimo não tinha nada que o recomendasse, porque era escravo fugitivo, e pior ainda, um escravo da Frigia, uma região notória pelo vício e estupidez de seus habitantes. Mas Paulo ganhou-o para Cristo. 4. Seu valor social. A epístola demonstra a relação entre o Cristianismo e a escravidão. Pode-se perguntar por que o Cristianismo não procurou destruir este sistema?. Embora Paulo não tenha ordenado diretamente a Filemon a libertação de Onésimo, as palavras dos versículos 16 e 21 implicam em tal desejo do apóstolo. 5. Seu valor espiritual. Proporciona-nos alguns símbolos notáveis da nossa salvação.

 


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