Textos Bíblicos: Atos 7.59 - 60; 8.1b - 4; 11.19, 21; 13.1)
No Antigo Testamento usava-se o verbo sharah e seus correlatos para expressar a ideia de ministração profissional, enquanto que Abhadh se refere ao serviço religioso da congregação inteira ou de um indivíduo.
No Novo Testamento o termo é diakonia e muda o sentido já que não se refere mais ao privilégio exclusivo de uma casta sacerdotal.
O padrão do ministério cristão era provido pela vida de Jesus Cristo, que veio para servir, e não ser servido (Mt 20.28).
O verbo empregado nestes textos é diakonein, que sugere servir à mesa e lembra a ocasião em que Jesus lavou os pés dos discípulos (Jo 13.4 em diante). O discípulo de Cristo era convocado a assumir tal postura (Jo 13.13-15 / Mt 20.26).
Portanto, ministério cristão referia-se ao serviço geral, temporário ou permanente, quer realizado por escravos quer por livres. O ministro de Cristo, seguindo seu exemplo, prestaria um humilde e amoroso serviço às necessidades da humanidade.
Hoje, ministério cristão é uma chamada para um serviço para o qual recebemos os dons espirituais necessários, sendo que um está ligado ao outro.
A liderança da Igreja Primitiva compreendia que todos os crentes eram ministros, todos eram servos. Quando ela começou a se consolidar em 60 a 100 d. C., líderes começaram a se levantar como pastores do rebanho, devido à necessidade da igreja. Estes eram homens idôneos que governavam e exerciam o ministério da palavra. Mas a igreja se expandiu e ficou complexa, sendo necessário autorizar líderes que atuassem sob as ordens dos apóstolos, os quais eram as testemunhas oculares da ressurreição, sendo o seu número restrito. Os novos líderes então foram conhecidos por presbítero (a palavra grega traduzida por “ancião”) e bispo (literalmente “superintendente” ou “mestre”). Os diáconos (assistentes) no início foram designados para ajudar em questões práticas, mas também tinham o ministério de ensino e evangelização.
Mas foi na vida da dispersão que os cristãos espalharam a Palavra pelo mundo. Os sapateiros, lavadeiros e camponeses mais iletrados e rústicos que levaram o evangelho adiante, pois eles também eram ministros (servos).
As forças externas e internas, o secularismo, o sacerdotalismo e o profissionalismo (treinamento profissional de ministros assalariados) começaram a criar a distinção entre clero e laicato na igreja. Qual distinção? O clero eram aqueles que faziam parte de uma ordem clerical, dentro de uma estrutura organizacional; laicato era o povo em geral, que não era clérigo, e não tinha ordens sacras.
Isto levou a um colorido sacramental e sacrificial que afetou a natureza do ministério cristão e reforçou a distinção:
a) A crença de que um papel sacerdotal especial recaía sobre os separados para o ministério dentro da igreja;
b) A ceia começou a ser considerada sacrifício, uma oferta perpétua pelo pecado, representada em cada eucaristia. Com o tempo, a ceia se tornou sinal principal da presença da graça de Deus, dada quando o ministro era corretamente ordenado. Infelizmente, o ministro tornou-se um termo que sugeria cargo ou posição profissional na sociedade, o que diferia dos escritos apostólicos, onde ministério se referia trabalhar para Cristo sem considerar a posição religiosa.
Conforme 1Pe 4.10 cada membro do Corpo de Cristo recebeu um dom espiritual. Paulo menciona alguns destes dons (Ef 4.11-12; Rm 12.6-8; 1Co 12.8-10 e 27-28).
Dom espiritual: é um atributo especial, dado pelo Espírito Santo, a todo crente, de acordo com a graça de Deus, para uso dentro do contexto do Corpo de Cristo para a glória de Deus e edificação (Ef 4 e 1Co 12).
Os dons espirituais ajudam a esclarecer a questão se há ou não distinção entre clero e laicato dentro do ministério integral da igreja:
1) Todo crente tem um dom espiritual;
2) O ministério cristão opera por meio da graça de Deus;
3) Os dons espirituais orientam a igreja a usar seu sacerdócio espiritual.
Neste caso, todos os crentes são sacerdotes, mas seus ministérios sacerdotais variam de acordo com os dons que receberam. Todo crente é servo e ministro, assim como é também sacerdote. Alguns podem ser chamados para exercer ministério em tempo integral ou parcial no serviço da igreja, outros podem ter um ministério fora da igreja.
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