31 de jan. de 2013

QUANDO CALEI MEUS OSSOS SECARAM


O poder da palavra dita a seu tempo
Joenildo Fonseca Leite


“Como maçãs de Ouro em Salvas de Prata, assim é a Palavra dita a Seu Tempo”. Provérbios 25.11.
"A palavra certa na hora certa é como um desenho de ouro feito em cima de prata" (Linguagem de Hoje)
"Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo" (Sociedade Bíblica do Brasil)
"A palavra proferida no tempo certo é como frutas de ouro incrustadas numa escultura de prata" (Nova Versão Internacional)  

Agora pergunte a você mesmo:
Tenho o cuidado de escolher o melhor momento para falar algo ou a alguém?
De que maneira tenho sabido escolher as melhores palavras e os momentos oportunos?
Prefiro ser lembrado por minha sensatez ou por minha inconveniência?

Vivemos hoje numa época de grande dificuldade, a onde as pessoas não tem mais a chance em muitas das vezes de serem felizes, ou até mesmo, de terem alguém que possa confiar para poder ser o seu consolo. 
Quando falamos das dificuldades enfrentadas na vida do ser humano procuramos sempre tentar achar motivos para que tal sofrimento seja amenizado, mas, contudo quando não achado este motivo vem logo o desanimo, pois não conseguimos suportar as preocupações, os problemas, as crises que se levantam contra nós.
          É de certeza a todos que a pessoa que guarda “um espírito” alegre tem uma resistência melhor para enfrentar as lutas do dia a dia, o espírito quando está alegre reflete no rosto da pessoa a esperança na vida, mas quando a tristeza vira um estado de espírito há um abatimento no individuo, um desanimo em todas as áreas da vida, a pessoa desanimada tem a porta aberta para outros males, o perigo é eminente ao se perder o bom animo para a vida, a pessoa desanimada perde tudo que já conseguiu para si, destrói a chance de ser novamente feliz e até mesmo é cometida de doenças que em muitas vezes não são diagnosticadas, ou mergulha em vícios, prazeres momentâneos, mas sempre estará com um desanimo profundo em sua vida. 
          O que produz o desanimo? Frustrações com pessoas razão para o desanimo:
          O homem é um ser social, é impossível para o homem viver sozinho, isolado do resto do mundo, só que se relacionar com as pessoas não é uma tarefa fácil, somos seres diferenciados na forma de pensar, na cultura, na ética, em gosto e em outros fatores do viver.
       Estas diferenças provocam choques, e tais choques várias vezes se transformam em frustrações, todos nós já passamos por frustrações e já provocamos estas em vários outros. Mas, contudo, vemos que algumas frustrações pessoais provocam desanimo a nosso ser, e logo ficamos nos sentindo da pior forma possível.
A ira é um sentimento normal em situações de frustração, mas, contudo temos de ter o equilíbrio para acalmar o coração e sossegar o nosso espírito.
     Quando não conseguimos esta equidade sofremos a frustração com a pessoa, e então perdemos a capacidade de nos relacionarmos, com todos, e isto, nos deixa doentes.
     A pior guerra que o ser humano trava é consigo mesmo, acreditar em si é muito difícil, o mundo em vivemos colabora para que muitas pessoas vivam pensando que são fracassadas devido à grande concorrência e competição da vida, vivemos em épocas assombrosas aonde muitas pessoas tiveram seu sonhos roubados e desacreditadas por vários motivos, uns não tiveram a chance de estudar, outros não tiveram ninguém para apoiar; é verdadeiramente são vários os motivos.    
Já as palavras! É incrível o que elas podem fazer, palavras constroem nações e as destroem, palavras dão vida aos moribundos, mas também lhes tiram o restante de vidas que estes os têm. Não que existem poderes místicos na fala de alguém, mas o poder é o choque que estas causam na vida do ouvinte (Provérbios 15:1 'A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira'.), umas palavras brandas, tranquilas traz paz na vida daquele que a perdeu, com uma boa palavra podemos salvar vidas que estão em pleno desespero. 
Não há como calcular o valor de uma boa palavra, em Provérbios nos diz desta maneira (Provérbios 25:11 'Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo'.), palavras de valor que trazem esperança e paz, tais palavras é como um carinho na alma de quem as ouve (Provérbios 24:26 'Como beijo nos lábios, é a resposta com palavras retas'.), as palavras segundo o Livro da Lei só deveriam sair de nossos lábios para o bem, e o que é estritamente necessário (Efésios 4:29' Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem'.), edificar vidas com as palavras esta é a razão de falarmos e comunicarmos, mas nem sempre é isto que acontece, pois vemos no provérbio inicial que a palavra dura suscita a ira, e com isto em vários casos o desânimo precedido da morte psicológica.
A palavra dita em momentos importunos podem trazer tristeza, desânimo a uma pessoa, o texto canônico da Epístola de Tiago 3:6 “Ora, a língua é fogo; é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno”, o fogo tem poder de destruir tudo que toca, quando há incêndio em uma mata vemos que destruição, não se resume a apenas na mata, mas também a tudo que vive na mata, assim é a palavra errada, ela pode contaminar pessoas inteiras por toda vida, traumas são inevitáveis na vida de pessoas que foram feridas por palavras torpes.
Somos frágeis, e vimos que podemos ter diversas situações que nos proporciona o desanimo, mas, contudo vemos que temos a chance de vencer este quadro desde que venhamos a estar em harmonia com o templo interior e venhamos alcançar o equilíbrio em nossas ações, e acima de tudo acreditar que tem um poder inigualável em nossas vidas que nos trará sempre a alegria, ânimo que perdemos no meio do caminho (Salmos 59:16 - 'Eu, porém, cantarei a tua força; pela manhã, louvarei com alegria a tua misericórdia, porquanto tu foste o meu alto refúgio e proteção no dia da minha angústia'.), Deus  é a força dos que não tem mais força para viver, Ele é o que nos guarda a cada momento da vida, É claro que problemas existem e não há mágica para se livrar deles, mas, no dia da angustia, do desanimo, encontramos sabedoria, força e beleza, acreditando na ação do Supremo Arquiteto Criador dos céus e da terra - Deus.
Existem palavras e atitudes capazes de atingir o coração das outras pessoas.  O que tornou Salomão um homem notável? Se imaginarmos que ele tinha a grande tarefa de substituir Davi, um homem segundo o coração de Deus, conseguiremos entender o tamanho da tarefa que estava diante dele. O que o tornou notável foi fazer a oração certa, soube usar das palavras no tempo certo e buscou auxilio no Ser perfeito.
Uma pessoa notável é alguém que é notado quando entra em um ambiente, que realmente faz a diferença onde está. Isso não diz respeito à busca de conceitos aprimorados, mas sim de agradar o Criador, a fim de ter da parte dEle a Graça.
O Soberano em sua sabedoria inspira o sábio Rei Salomão em dizer nesse versículo que a palavra dita em tempo certo é como maçãs de ouro, entregues em bandejas de prata, ou, em melhores traduções, “como maçãs de ouro desenhadas em bandejas de prata, como Ele mesmo diz em Eclesiastes, que há tempo para tudo.
A tempo de falar e tempo de se calar precisamos estar atentos a voz do Senhor, pois, no seu tempo ele nos orienta.
Muitas das vezes achamos que devemos falar, mas a pessoa não está preparada para ouvir, então serão palavras lançadas ao vento, pois ela não surtirá o efeito desejado naquele momento, o Glorioso prepara o coração do homem para recebê-las e para que elas dêem seu fruto no momento certo, por isso não podemos ser afoitos em querer falar, em querer abrir o cérebro da pessoa e jogar a palavra que ela não absorverá.
Em Isaías 50.4 diz: “O Senhor Jeová me deu um língua erudita, para que eu saiba dizer, a seu tempo, uma boa palavra ao que está cansado.”
Palavras são veículos que carregam pensamentos. A palavra apropriada precisa ser escolhida para que o pensamento seja levado com exatidão, e a maneira pela qual a palavra é dita ajuda o veículo a transportar sua carga sem perda.
Eis a importância de fazer uso das palavras apropriadas. Assim sendo, dê um tempo para considerar os seguintes pontos relativos às palavras ditas a seu tempo.
Como conselho oportuno. Sugestões e recomendações são, às vezes, excelentes; mas se o momento não é oportuno, o conselho não atinge o alvo. Há uma arte de se dizer a coisa certa na hora certa. Uma palavra de conselho que é oportuna é dita adequadamente.
O conselho de Provérbios 25.11  "Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo." tem importância estratégica quando o assunto for avaliar ou criticar. Impossível negar ou negligenciar a utilidade e a importância da crítica como instrumento de avaliação, indispensável para o progresso de todos os segmentos da vida e da sociedade.
Aquele que vai criticar ou emitir juízo, no entanto, precisa refletir sobre duas condições de grande relevância, antes de fazê-lo, quais sejam o quando e o como.
A ideia do texto de Provérbios é a de um desenho bem feito em uma salva, ou bandeja, de prata.
A analogia ensina que uma obra de arte, para ser valorizada e bem apreciada, não pode descuidar ou desconsiderar o recipiente  que servirá de base ou plataforma para recebê-lá. Da mesma forma a crítica ou a avaliação, para serem  bem recebidas e lograrem o êxito de seu propósito, precisam ser pronunciadas na hora e da maneira corretas.
Assim entendemos que não é suficiente que a crítica ou o pronunciamento de juízo de valor sejam procedentes, é fundamental que sejam emitidos de forma tempestiva e agradável, como um lindo desenho numa bandeja de prata. Da mesma forma devemos agir com a autocrítica; pois precisamos considerar o nosso momento de vida, sermos gentis conosco, ao autocriticarmo-nos.
A palavra pensada cuidadosamente. No uso das palavras, a qualidade é mais importante do que a quantidade. As palavras que saem da boca do conversador superficial são raramente ditas adequadamente. Pensa muito pouco aquele que fala demais. A pessoa que deseja que suas observações sejam adequadas e dignas de serem ouvidas precisa aprender a pensar com cuidado antes de falar.
A palavra apreciada. Uma palavra dita apropriadamente é estimada ou valorizada pelo ouvinte. Para ser apreciada, uma palavra precisa ser compreendida. Alguns oradores erram o alvo ao usar palavras que seus ouvintes não entendem. Palavras difíceis obscurecem; linguagem simples derrama luz.
Palavras adaptadas à ocasião. Há momentos em que a palavra mais adequada está na forma de elogio ou encorajamento. Assim como a gasolina bem aditivada, o encorajamento ajuda a eliminar as trepidações. A palavra apropriada em outra ocasião pode ser uma expressão de simpatia. 
O indivíduo que é desanimado ou desencorajado pode ser auxiliado por uma observação que mostre compreensão e compaixão. Ou, numa oportunidade diferente, a palavra apropriada pode ter a forma de censura. Feliz é a pessoa que gradua suas palavras para que elas se adaptem às circunstâncias.
Habilmente expostas. A verdadeira arte da conversação não é só dizer a coisa certa no lugar certo, mas evitar ou esclarecer as coisas mal-entendidas. Algumas pessoas usam muito pouca discrição em suas observações.
Como é dita uma coisa pode determinar seus resultados tão bem como o conteúdo em si da mensagem. Paulo escreveu sobre falar “a verdade em amor” (Efésios 4:15); isso se relaciona tanto com a maneira de dizer como com o que é dito. Se a pessoa deseja que suas palavras sejam ditas a seu tempo, aprenda a ter tato na conversação.
A palavra dita apropriadamente é como “maçãs de ouro em salvas de prata”. “Maçãs de ouro” provavelmente significa fruta dourada, como laranja ou damasco (Kufeldt). Não temos certeza que o fruto que chamamos “maçã” crescesse na Palestina nos tempos bíblicos.
Há quem pense que maçãs nas Escrituras fossem cidras ou marmelos, ou talvez o damasco. Delitzsch interpreta maçãs de ouro como o nome poético para as laranjas. Qualquer que seja o fruto específico, a comparação é bastante fácil de entender e o ponto do provérbio é claro.
Em relação a salva de prata, há quem pense que seja referência a uma pitoresca cesta de prata trabalhada, cheia de frutos amarelos dourados. “O contraste do fruto de ouro na finamente trabalhada cesta de prata, que pode, em conjunto, ser chamada obra de pintura, tem um delicado e agradável efeito sobre a vista, assim como o fruto contido tem sobre o paladar numa recepção, num dia de mormaço. 
Assim, a palavra dita judiciosa e oportunamente está tanto em seu lugar como as maçãs de ouro nas cestas de prata”(A. Clarke).
Dois pontos ressaltam na comparação. Uma palavra dita apropriadamente é como fruto dourado servido em bandejas de prata porque tal coisa é bela, e é refrescante.
“Palavras apropriadas, bem vindas, são tão belas como um fruto dourado sobre um fundo de prata. Tais palavras, como uma pintura bem executada, são tão encantadoras como uma elegante moldura feita para a pintura” (Delitzsche).
E como é refrescante a aparência do fruto dourado numa cesta de prata! Muitas vezes uma fruteira contendo frutas frescas é colocada sobre uma mesa para acrescentar uma atmosfera sadia à área do jantar. Palavras sadias, apropriadas, são como refrescos. Freqüentemente as palavras que ouvimos são inadequadas, mal escolhidas, e soam muito mal. Uma palavra que se ajusta às circunstâncias e conduz um pensamento apropriado é revigorante.
Salomão foi um homem notável, mas isso foi fruto do cumprimento de alguns princípios. Vejamos alguns princípios que fizerem dele um homem notável:
Prudência nas palavras – Ele pesava as palavras e, quando falava, era capaz de atingir as pessoas, um exemplo disso é o livro de Provérbios. 
É preciso buscar falar as palavras certas na hora certa. É melhor que as pessoas queiram nos ouvir do que desejarem que nos calemos. 'Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo' (Provérbios 25.11). 'Portanto, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar' (Tito 1.19).
Existem pessoas que têm muito conhecimento, mas, porque não sabem como e quando se colocar, acabam sofrendo duras conseqüências. É preciso aprender a vigiar as palavras, tomar cuidado com aquilo que falamos e fazer uso do bom senso e da prudência. Falar demais sempre é prejuízo. 
As boas palavras atrairão favor em todos os lugares. O que ama a pureza de coração, e é amável de lábios, será amigo do rei (Provérbios 22.11).
Ser rápido e implacável em atender as ordens de Deus - Será que somos rápidos e prontos em obedecer ao Senhor, ou procrastinamos a obediência o quanto podemos? Somos prontos a reclamar quando achamos que a resposta do Senhor está tardando, mas e a nossa prontidão em obedecer?
Na medida da rapidez em que obedecermos a voz de Deus, a ouviremos cada vez mais e com mais clareza. A História conta que, durante quatrocentos anos, houve silêncio do Senhor para com o povo de Israel, pois eles não estavam dispostos a obedecer. Será que quando ouvimos ao Senhor Lhe obedecemos prontamente e nos mínimos detalhes? Joy Dawson diz que “a obediência tardia é desobediência.” O comando é para aquele momento.
Ter disposição para o sacrifícioE foi o rei a Gibeom para lá sacrificar, porque aquele era o alto maior; mil holocaustos sacrificou Salomão naquele altar (I Reis 3.4). Não havia retenção ou avareza no coração de Salomão. Ele procurou o melhor lugar e as melhores coisas para dar ao Senhor e para a construção do templo. 
Fazer o bem a quem nos faz o bem é fácil. Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens (Romanos 12.18). Será que há disposição em nosso coração de sacrificar por amor ao Senhor? A verdade é que sempre tentamos prevalecer, mas onde fica o sacrifício?  O Apóstolo Paulo viveu a realidade do sacrifício por Cristo: Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas (II Coríntios 11.24-27).
Quanto sacrifício estamos dispostos a fazer por Deus?
Era grato E disse Salomão: De grande beneficência usaste tu com teu servo Davi, meu pai (II Reis 3.6). 
Salomão reconheceu que a grandeza, misericórdia e poder que estavam sobre seu pai e também sobre ele vinham do Senhor. Muitas vezes achamos que todos são obrigados a fazer algo por nós. Será que somos realmente gratos? Será que já agradecemos nossos pais pelos pequenos detalhes diários? Somos tendentes a desprezar a necessidade de gratidão no cotidiano para com aqueles que nos atendem, nos servem e até convivem intimamente conosco.
É preciso entender que, quando reconhecemos o benefício, abrimos um precedente no reino espiritual para o retorno. Não é o valor, mas o carinho, a motivação, o favor é que contam. Será que nos lembramos de agradecer a quem nos faz o bem, até mesmo aqueles que trabalham para nós e nos servem?
Salomão entendeu que a gratidão abria portas. Alguns acham que não precisam agradecer, já que tudo vem de Deus. Ao contrário: é preciso agradecer as pessoas e ao Senhor, afinal, somos cativados pelo amor.
          Todas estas coisas estão ao nosso alcance desde que queiramos. Realmente não é fácil, mas, se for feito de maneira integral e disposta, os frutos serão visíveis e inevitáveis. Não basta saber falar. É preciso saber falar no tempo certo. No momento oportuno. E é justamente aí que muitas pessoas falham. 
        É necessário termos o bom senso de escolher a melhor hora para expressarmos nossas opiniões ou tecermos comentários a respeito de algo. Quem sabe falar no tempo certo, na hora adequada, só verá bons resultados para a sua fala.
Se nos preocupamos em cultivar relações saudáveis e positivas com as pessoas que nos cercam é importante que possamos considerar a sabedoria que precisamos ter no uso de nossas palavras. 
Existe uma relação estreita entre a comunicação e as relações interpessoais. As relações interpessoais são elementos-chave em nosso desenvolvimento pessoal, na percepção do que somos e no tipo de interação que estabelecemos com as pessoas à nossa volta. Manter trocas positivas é essencial para alimentarmos relações construtivas e animadoras.
As palavras têm poder de encorajar, aproximar, viabilizar vínculos de confiança e consideração, do mesmo modo como podem ter como resultado a apreensão, a desconfiança, o desânimo, o afastamento e o conflito.
Para que possamos fazer bom uso das palavras, precisamos fazer algumas aprendizagens essenciais:
A primeira delas é o domínio próprio. Em um diálogo precisamos aprender a ouvir e isso implica não apenas escutar o que o outro diz, enquanto elocubramos internamente justificativas, desculpas e argumentos de contraposição, mas ouvir procurando entender de fato o que outro nos diz, que sentimentos estão presentes em sua fala, que percepções são manifestas naquilo que é dito. 
Não basta ouvir as palavras, é preciso sentir o coração. Estar disponível para acolher a perspectiva do outro, o sentimento do outro, o modo como o outro percebe e expressa suas próprias emoções e leituras do assunto que estamos tratando.
É preciso saber checar cuidadosamente nossa própria percepção e a sintonia que tivemos na compreensão do que o outro nos diz. Os significados que damos àquilo que é dito são constituídos a partir de nossa própria história. Sempre ouvimos o outro a partir de nossas possibilidades e limitações.  
Pode ser que, ao ouvir, não entendemos devidamente o que foi exposto porque a escuta estava contaminada por nossas próprias experiências e aprendizagens sobre o que foi dito. Então, é importante perguntar se a compreensão que tivemos é de fato aquilo que o outro gostaria de transmitir.
O respeito à diversidade de opiniões é algo de grande importância. Somos seres únicos, singulares. Temos trajetórias diversas na constituição daquilo que somos.  Portanto, é natural que haja divergências. 
Mas se considerarmos a singularidade de cada um e agirmos com respeito com relação às pessoas com as quais convivemos, saberemos lidar melhor com tais divergências procurando a partir delas fazer ricas aprendizagens que ampliem a nossa própria compreensão dos fatos e situações.
Quanto mais sentimentos estiverem envolvidos em um diálogo, mais fortes serão as expressões dos pensamentos. É diverso que alguém fale de "modo agressivo", "acusador", e que nos sintamos agredidos e acusados. 
A força da fala do outro está diretamente relacionada à mobilização que sente ao expressar suas opiniões. Nos sentirmos agredidos e acusados está diretamente relacionado à nossa escuta e capacidade de entendermos a expressão do outro, como uma expressão pessoal, que não tem necessariamente de ser uma afirmação de verdade sobre o que nós mesmos somos. Ou seja, só nos sentimos agredidos e acusados se assim o decidirmos.
Até então, comentei apenas sobre a escuta e algumas coisas que estão envolvidas no processo de comunicação. Vale lembrar da recomendação bíblica: "Sejam prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se" (Tiago 1:19). O processo de ouvir é delicado e envolve sabedoria e domínio próprio.
É possível afirmar que sendo bons ouvintes seremos mais sábios em nossa comunicação e no uso de nossas palavras. Saberemos que a expressão de nossas palavras deve implicar um melhor entendimento de nós mesmos e do outro com o qual nos relacionamos. 
Nossas palavras devem servir para construir pontes e não para edificar muros. Devem ser expressões de nossa autenticidade e não uma teia de aprisionamentos, mágoas, acusações. Se nossas palavras são amargas, é nosso próprio coração que temos que checar. 
Se nossas palavras são dúbias, desleais e usadas como manobras de poder e convencimento, é a nossa própria vida que devemos rever, são as nossas próprias escolhas que devemos ter a coragem de examinar.
Quanto mais nos amamos e nos compreendemos, mais autênticos somos, melhor conseguimos amar, compreender e respeitar a autenticidade do outro.
Se falamos demais e atropelamos o outro com nossas próprias percepções, se nossas palavras são impensadas e impulsivas, isso pode significar que temos dificuldade de ouvir a nós mesmos, de estabelecer um diálogo dentro de nós com aquilo que temos sido. 
Falar pode ser uma maneira de fazer calar. Fazer calar o outro, que não queremos ouvir, é fazer calar a nossa própria voz interior que temos medo de contatar.
O crescimento pessoal e uma melhor saúde de nossos relacionamentos estão diretamente relacionados. É importante que possamos nos rever, nos ouvir e estar atentos às intenções dos nossos próprios discursos e seus resultados. Aprendendo mais sobre nós mesmos, aprendemos também como construir relações mais saudáveis e realizadoras.
Enfim, "como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo". Nossas palavras nos revelam, revelam os espaços profundos de nossas almas. Serão preciosas à medida que também o forem os valores e tesouros de nosso próprio coração.

Referências

Biblia Sagrada – João Ferreira de Almeida
Mircea - Introdução a Filosofia

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