O PODER DO EVANGELHO
VERDADEIRO
Introdução:
Neste início
de ano, 2018, acompanhamos pela mídia jornalística a ação da polícia federal em
duas operações: “Operação De volta para Canaã e Operação Colheita Final”, as
quais iniciaram em 2011, o alvo era apurar o aliciamento de fiéis das seitas
religiosas: que aliciavam fiéis para trabalhar em condições análogas à
escravidão em fazendas e estabelecimentos comerciais de São Paulo, Minas Gerais
e Bahia. Segundo a Polícia Federal, eles
devem responder pelos crimes de tráfico de pessoas, estelionato, organização
criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Seus líderes, agiam convencendo fiéis a doar todo o seu patrimônio a
associações controladas pela organização criminosa, sob o pretexto de viver em
comunidades, onde todos os bens seriam compartilhados. Depois de doutrinadas,
as vítimas eram levadas para zonas rurais e urbanas em Minas, São Paulo e
Bahia, onde eram submetidas a extensas jornadas de trabalho, sem nenhuma
remuneração, em lavouras e estabelecimentos comerciais como oficinas mecânicas,
postos de gasolina, pastelarias e confecções. De acordo com a Polícia Federal,
com a apropriação dos bens dos fiéis e o desempenho de atividades comerciais
sem o pagamento da mão-de-obra, a seita acumulou grande patrimônio – casas,
fazendas e veículos de luxo – e estaria ampliando a área de atuação até o
estado do Tocantins.
Vemos aqui um clássico exemplo de um
pseudo evangelho que não promove a liberdade e sim a escravidão. Infelizmente
isto tem se tornado comum no dia a dia, e centenas e até milhares de pessoas
tem se deixado conduzir pelo engodo do falso evangelho. Mas, não pense você meu
irmão e minha irmã que isto seja algo novo destas últimas décadas. Desde o
período da Igreja Primitiva, da época dos primeiros séculos da Era Cristã,
situações semelhantes já ocorriam, como por exemplo, a venda de indulgências
para alcançar o perdão dos pecados e o acesso das almas ao Paraíso, a troca das
terras/fazendas deste mundo na esperança de um pedacinho do céu ao lado dos
apóstolos e do Santo Cristo, como até mesmo o livramento do ‘purgatório’.
Os apóstolos assim como os Pais da
Igreja, enfrentaram diversos embates por causa destas e outras heresias que
foram surgindo. Lemos em suas cartas, várias passagens que são tidas como
alertas para o povo cristão, onde os apóstolos admoestam aos leitores a
permanecerem livres em Cristo, sem se deixarem levar por ventos de doutrinas,
como presas fáceis por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição
dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cristo.
O apóstolo Paulo junto com Timóteo, em
sua carta aos irmãos em Colossos, admoestam acerca do sincretismo religioso, a
combinação de ideias de outras filosofias e religiões com a verdade cristã,
chegando à negação de que Cristo é Deus e Salvador. Era notório a presença do
legalismo, do ascetismo e do misticismo no seio da Igreja.
Neste momento, quero
aterme ao capítulo 1. 3-23, para falar-lhes acerca do PODER DO EVANGELHO QUE PROMOVE LIBERDADE VERDADEIRA.
1.
VV.3-5,8. Que produz ação.
A mensagem apresentada por meio do
Evangelho gera a concepção da Esperança reservada nos céus, como fruto da Palavra
da Verdade do Evangelho. Não se trata aqui de um evangelho imediatista,
consumista e globalista, mas, sim, o Evangelho transformador. E essa mudança de
vida, chega aos ouvidos dos apóstolos como uma ação exitosa.
Nisto notamos que enquanto palavras
comovem, o testemunho verdadeiro do Cristianismo arrasta, no sentido de
arrancar para fora produzindo vida em abundância.
Este Evangelho apresentado aos irmãos em
Colosso, Ásia Menor, promovia a ação solidificada de uma fé firme e operante em
Cristo Jesus, uma atitude de amor para com toda a irmandade e em destaque o
amor em Espírito, ou seja, deixando de agir carnalmente para viverem em
espírito.
2.
VV.6. Verdade do Evangelho contínuo
Evangelho que chegou aos irmãos em Colossos
e em todo mundo antigo e foi frutificando desde o dia em que foi ouvido e
conhecido a graça de Deus em verdade.
Interessante ressaltar que uma das
razões desta mensagem salvífica e transformadora se dá, em ouvir e conhecer.
Muitos tem escutado, mas não tem ouvido,
ou escutam, ouvem, mas que tipo de graça, ou que tipo de Deus e isto realmente
em verdade?
Quanto se tem ouvido falar da pseudo
graça, recebida pela barganha religiosa, pelo ritual espiritual do fogo e do
sal?
‘Evangelhos’ baratos assim tem inundado
os meios de comunicação, e conquistado mentes que debilitadas no quesito da fé
e do conhecimento, se deixam conduzir como cegos ao precipício eterno.
É essencial ouvir e
conhecer dia a dia acerca da graça de Deus em verdade. E ela se manifesta não
apenas por meio da palavra, a graça em verdade é Cristo Jesus manifestado aos
homens, crido por muitos, morto da cruz e ressurreto dentre os mortos e
glorificado aos céus estando junto a Deus Pai.
Esta mensagem nunca
será esquecida, ela é eterna, contínua.
3.
V.7. manifestada através da vida de Epafras
Paulo aqui destaca a pessoa de Epafras,
um discípulo que agora manifesta os frutos da salvação. Não considerado menor
por alguma razão, mas como um amado conservo. Em Cristo não há acepções de
pessoas, ou distinções entre aqueles que servem a Ele, no labor do seu reino,
no entanto, Paulo apresenta adjetivos que vale a pena considerar: amado, fiel.
No trabalho em prol do Evangelho,
quantas vezes, demonstramos desamores, divisões, pretensões por alguma pessoa
em detrimento de outra. Quantas vezes, o amor tem ficado apenas nas prédicas,
nos sermões de domingo, nas oratórias dominicais? E o que considerar em razão
da fidelidade?
Fiel ministro de Cristo – um representante
da maior autoridade que se possa ouvir e procurar conhecer, o ministro, o
sacerdote, o obreiro, o cooperador, o ancião, enfim, toda e qualquer pessoa que
está a serviço dos ofícios eclesiais, demonstra uma vida de fidelidade? Não.
Com pesar, afirmo. Em que se dá essa atribuição de Paulo a Epafras acerca da
sua fidelidade? Imagina. Fiel ministro de Cristo na vida pessoal, na vida
familiar, nos tratos com as pessoas, nos negócios da vida secular, na vida
espiritual, nos compromissos assumidos no momento da consagração, dos votos, da
ordenação e na prática eclesiástica?
Epafras
era um fiel ministro de Cristo, e nós?
4.
VV. 9-14. Que gera:
Intercessão por parte dos apóstolos, ao
ponto dos mesmos manifestarem tais ações como orar e pedir a Deus em suas súplicas
para que aqueles irmãos pudessem ser cheios, transbordantes do conhecimento da
vontade divina. Ora, uma vez tendo o conhecimento da vontade divina,
trabalhamos o nosso livre arbítrio a se dobrar, aceitar, acatar e promover não
apenas em nós, mas nas outras pessoas essa vontade. Muitas vezes, ouvimos alguém
afirmar que errou, pecou, porque não conhecia, não sabia, não tinha o
conhecimento de tal verdade, tal princípio espiritual.
Por isso Paulo ainda escreve, ser transbordante,
cheio em toda sabedoria e de inteligência espiritual.
Deus não nos quer ignorantes quanto à
graça, o arrependimento, a regeneração, a adoção, a justificação, a
santificação, a glorificação. Deus nos aceita como filhos, e como filhos de
Deus, devemos buscar tais conhecimentos com sabedoria e submissão à Sua
vontade.
Paulo não despreza aqui o conhecimento
científico humano, no entanto, ele dá ênfase para adquirir sabedoria,
inteligência espiritual, e tais virtudes são alcançadas por meio de estudos das
Sagradas Escrituras, da intimidade com Deus em oração e da vida no espírito,
lembrando de que não se trata de apenas uma das, e sim, a vivência de todas
elas em nossa vida.
De tal maneira que possamos andar, vejam
aqui outra ação gerada. Não andar como estamos, como meninos na fé,
Andar sim, de modo digno diante do
Senhor. Ou seja, tudo o que dignifica, nos torna digno diante de Deus, em todas
as esferas da nossa vida, assim devemos proceder.
Como exemplo, um Pai que ao ver o filho,
pensa consigo mesmo ou comenta com alguém próximo. “Esse meu filho, essa minha
filha me dignifica o nome, tenho orgulho de tê-los como filhos, em momento
algum eles se tornaram indignos.
O apóstolo Paulo continua, não apenas
estar digno, há também a ação de frutificar em toda a boa obra.
Cristão que anda de modo digno diante do
Senhor, procura não ficar na inércia, esperando tudo nas mãos, como filhotes de
aves em seus ninhos que aguardam o alimento no bico e ainda não voam. O cristão
que em sua vida procura agir de modo digno para com o Senhor, procura estar
sempre produzindo, e aqui o apóstolo destaca, em toda boa obra.
E essas ações, de estar digno, de
frutificar, o motiva a crescer no conhecimento de Deus.
A presença destas virtudes, é razão para
os apóstolos pedirem a Deus que os fortaleça em todo o poder. Poder espiritual,
autoridade em Cristo, uma vez que tal fortaleza se dá segundo a força da glória
de Deus.
Claro que em meio a tudo isto, haverá
confrontos, lutas, embates, por essa razão, Paulo acrescenta, em toda a paciência
e longanimidade com alegria, duas grandes virtudes que fazem a diferença.
Admiro a oração e orientação do
apóstolo, pois, sempre ele procura despertar na mente dos seus leitores, a
importância da ação de graça, dando graças ao Pai.
Afinal foi por vontade Dele que fomos
tidos como idôneos para participar da herança dos santos na luz, e que herança,
vida eterna junto com Cristo. Nos tirou da potestade das trevas, ou seja,
estávamos sujeitos às inclinações da carne, do pecado, do mal, influenciados
pelas potestades, espíritos caídos que tenazmente procuram nos subverter os
pensamentos para o mal, tornando-nos escravos e filhos da ira de Deus. Mas,
Deus nos tirou, e não apenas tirou e deixou-nos a bel prazer, também nos
transportou para o Reino do Filho do seu amor, vejam bem, Ele mesmo foi o que
tirou e o mesmo que transportou, a ação não partiu do homem/criatura, mas
partiu do Criador/Deus.
Uma vez, feito isto, Sua manifestação,
interação com o ser humano também gerou a doação, a qual Ele concretizou por
meio de Jesus Cristo, nos dando a redenção pelo sangue, ou seja, o perdão dos
nossos pecados.
Cabe aqui, esclarecer que, uma vez tendo
alcançados essa redenção, isto não nos dá o direito de continuarmos em uma vida
de erros, de pecados, crendo que podemos nos debaldar na prática do mal, que
Deus tem a ‘obrigação’ de nos perdoar . As Escrituras, são bem claras, quando
afirma: “vai e não peques mais”. Ou seja, uma fez ciente de que errou,
reconheça o seu estado de miserável pecador, se arrependa, e, não volte mais a
cometer esse mesmo tipo de erro. Isso é ser cristão arrependido e não crente
com remorso.
5.
VV. 15-22. Razão de tudo - Cristo
Nesses versículos, encontramos a defesa
da fé cristã, quando a mensagem expressa é a da defesa da divindade de Cristo.
Paulo procura conscientizar os irmãos em
Colossos de que Jesus, é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a
criação, a razão de tudo (tudo foi criado por ele e para ele). A cabeça do corpo da igreja, o princípio e o primogênito dentre os mortos,
e espiritualmente supremo no universo.
Ele continua descrevendo suas
afirmativas, pois nele foram criadas todas as coisas, que há nos céus e na terra, visíveis e
invisíveis, -tronos – dominações – principados – potestades, nele foi feito a
paz, pelo sangue da sua cruz, por meio dele houve reconciliação, de todas as
coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus.
Ainda mais, nos reconciliou, no corpo da
sua carne – pela morte – para, perante ele apresentarmo-nos, como santos, irrepreensíveis
e inculpáveis.
Aqui temos uma profunda análise
teológica cristocêntrica, a qual iremos discorrer em tempo oportuno.
Agora, tudo o que foi apresentado pelo
apóstolo Paulo, tem por fim uma condicional.
6.
V.23. Admoestação condicional.
Se na verdade permanecermos
fundados e firmes na fé não nos movendo da esperança do evangelho verdadeiramente
pregado a toda a criatura, do qual Paulo foi feito ministro.
Aqui está outra
grande verdade, podemos alcançar toda esta graça e crescimento espiritual se,
de fato, estamos cientes da nossa conversão ao Poder do Evangelho Verdadeiro.
Conclusão:
Ser cristão não é apenas identificar-se para o mundo como participante de um
grupo religioso, vestir roupas estampadas com imagens e chavões bíblicos, ou
até mesmo, recusar algum tipo de diálogo com alguém à porta da sua casa. Ser
Cristão, como diz as Escrituras, é viver o Evangelho de Cristo, com Cristo, por
Cristo e para Cristo. Em liberdade não apenas de culto, mas liberdade de
Espírito para adorá-lo em todo o tempo e servindo de exemplo para outros.
Rev.
Joenildo Fonseca Leite
Igreja
Batista Independente/UMBI MINAS
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